Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:
Em abril de 2002, eu estava em Valencia, no Estado Carabobo, na Venezuela. De lá, acompanhei, passo a passo, os preparativos para a tentativa de golpe que teve como saldo dezenas de mortos e centenas de feridos.
2013. O candidato oposicionista Henrique Capriles está convocando manifestações de seus partidários contra o resultado eleitoral que lhe foi adverso. Os partidários do presidente Nicolás Maduro também se preparam para ir às ruas.
Em 2002, duas manifestações antagônicas (chavistas e antichavistas) se encontraram na Ponte Llaguno, em Caracas. O saldo do encontro das duas marchas: 18 mortos e centenas de feridos.
Enquanto os manifestantes de lado a lado caminhavam para a Ponte Llaguno, as televisões RCTV, Globovisión, Venevisión e outros veículos oposicionistas instigavam os antichavistas a continuarem marchando até o Palácio presidencial de Miraflores.
Pouco antes do golpe, eu estava na Venezuela havia duas semanas, a trabalho. Um cliente antichavista filiado ao partido Acción Democrática me convidara a ir com ele a uma reunião de seu partido com o partido Copei e com sindicatos.
Durante a reunião, foi abordado do golpe até o assassinato de Hugo Chávez.
Parti da Venezuela antes das 47 horas da tentativa de golpe e da retomada do poder pelos chavistas, mas vi clima de confrontação entre governistas e oposicionsitas que precedeu a tentativa de golpe e que em tudo se assemelha ao que se está vendo hoje.
Por conta disso que no post de segunda-feira já previ o agravamento da situação política, pois estou vendo tudo ocorrer de novo como se fosse um filme.
Chefes das forças armadas venezuelanas leais a Chávez, tal como hoje, também garantiram apoio ao governo, mas as articulações oposicionistas cooptaram parte daquelas forças militares e o golpe ocorreu – Chávez foi sequestrado por militares.
Ontem (segunda-feira), o governo dos Estados Unidos recusou-se a reconhecer a vitória de Maduro, em perfeita consonância com a retórica incendiária de Capriles, tal como em 2002, quando a potência hegemônica também ajudou a inflar a guerra retórica de parte a parte que se está vendo.
Quem conhece a Venezuela como este que escreve, está experimentando um legítimo déjà vu. A escalada retórica de parte a parte (governo e oposição), as declarações do Departamento de Estado norte-americano… Tudo igual.
A Unasul foi criada justamente pensando em situações como a que se está assistindo. Só que está demorando demais a se manifestar. Confiar cem por cento no espírito legalista das forças armadas venezuelanas será um erro igual ao de 2002.
Capriles, na noite de domingo, reuniu-se com militares. As manifestações de rua oposicionistas estão sendo armadas de novo. Os EUA estão tomando partido abertamente de novo. A Espanha, idem. É preciso dizer mais?
Os países aliados da Venezuela parecem ter se esquecido da velocidade do golpismo naquele país. Após o golpe, não adiantará nada se reunirem e darem declarações. Nesse ritmo, acontecerá exatamente o mesmo que em Honduras, quando a Unasul não serviu para nada.
O tempo urge. O golpe está em processo. Maduro até já disse isso.
Informações oficiais transmitidas pela rede estatal de televisão venezuelana Telesur aludem a choques violentos, tiroteios, incêndios de carros, casas e até a mortes. A imprensa brasileira não diz um A, está deliberadamente ocultando os fatos.
Na noite de domingo, eu disse no Twitter que temia o surto de violência que acabou ocorrendo. Os choques de oposicionistas com a polícia, os incêndios dos quais as imagens já se espalham, os tiroteios…
Nada disso é aceitável. Uma vitória por pequena margem não é motivo para a oposição venezuelana agir assim. Que vá batalhar nos tribunais, não nas ruas.
A Unasul deve agir de acordo à sua carta constitutiva. Os países filiados devem sustentar o regime venezuelano POR TODOS OS MEIOS PREVISTOS. O sangue que pode voltar a ser derramado será responsabilidade dos omissos.
Depois da Venezuela, quem será? Argentina? Bolívia? Equador? Brasil?
Em abril de 2002, eu estava em Valencia, no Estado Carabobo, na Venezuela. De lá, acompanhei, passo a passo, os preparativos para a tentativa de golpe que teve como saldo dezenas de mortos e centenas de feridos.
2013. O candidato oposicionista Henrique Capriles está convocando manifestações de seus partidários contra o resultado eleitoral que lhe foi adverso. Os partidários do presidente Nicolás Maduro também se preparam para ir às ruas.
Em 2002, duas manifestações antagônicas (chavistas e antichavistas) se encontraram na Ponte Llaguno, em Caracas. O saldo do encontro das duas marchas: 18 mortos e centenas de feridos.
Enquanto os manifestantes de lado a lado caminhavam para a Ponte Llaguno, as televisões RCTV, Globovisión, Venevisión e outros veículos oposicionistas instigavam os antichavistas a continuarem marchando até o Palácio presidencial de Miraflores.
Pouco antes do golpe, eu estava na Venezuela havia duas semanas, a trabalho. Um cliente antichavista filiado ao partido Acción Democrática me convidara a ir com ele a uma reunião de seu partido com o partido Copei e com sindicatos.
Durante a reunião, foi abordado do golpe até o assassinato de Hugo Chávez.
Parti da Venezuela antes das 47 horas da tentativa de golpe e da retomada do poder pelos chavistas, mas vi clima de confrontação entre governistas e oposicionsitas que precedeu a tentativa de golpe e que em tudo se assemelha ao que se está vendo hoje.
Por conta disso que no post de segunda-feira já previ o agravamento da situação política, pois estou vendo tudo ocorrer de novo como se fosse um filme.
Chefes das forças armadas venezuelanas leais a Chávez, tal como hoje, também garantiram apoio ao governo, mas as articulações oposicionistas cooptaram parte daquelas forças militares e o golpe ocorreu – Chávez foi sequestrado por militares.
Ontem (segunda-feira), o governo dos Estados Unidos recusou-se a reconhecer a vitória de Maduro, em perfeita consonância com a retórica incendiária de Capriles, tal como em 2002, quando a potência hegemônica também ajudou a inflar a guerra retórica de parte a parte que se está vendo.
Quem conhece a Venezuela como este que escreve, está experimentando um legítimo déjà vu. A escalada retórica de parte a parte (governo e oposição), as declarações do Departamento de Estado norte-americano… Tudo igual.
A Unasul foi criada justamente pensando em situações como a que se está assistindo. Só que está demorando demais a se manifestar. Confiar cem por cento no espírito legalista das forças armadas venezuelanas será um erro igual ao de 2002.
Capriles, na noite de domingo, reuniu-se com militares. As manifestações de rua oposicionistas estão sendo armadas de novo. Os EUA estão tomando partido abertamente de novo. A Espanha, idem. É preciso dizer mais?
Os países aliados da Venezuela parecem ter se esquecido da velocidade do golpismo naquele país. Após o golpe, não adiantará nada se reunirem e darem declarações. Nesse ritmo, acontecerá exatamente o mesmo que em Honduras, quando a Unasul não serviu para nada.
O tempo urge. O golpe está em processo. Maduro até já disse isso.
Informações oficiais transmitidas pela rede estatal de televisão venezuelana Telesur aludem a choques violentos, tiroteios, incêndios de carros, casas e até a mortes. A imprensa brasileira não diz um A, está deliberadamente ocultando os fatos.
Na noite de domingo, eu disse no Twitter que temia o surto de violência que acabou ocorrendo. Os choques de oposicionistas com a polícia, os incêndios dos quais as imagens já se espalham, os tiroteios…
Nada disso é aceitável. Uma vitória por pequena margem não é motivo para a oposição venezuelana agir assim. Que vá batalhar nos tribunais, não nas ruas.
A Unasul deve agir de acordo à sua carta constitutiva. Os países filiados devem sustentar o regime venezuelano POR TODOS OS MEIOS PREVISTOS. O sangue que pode voltar a ser derramado será responsabilidade dos omissos.
Depois da Venezuela, quem será? Argentina? Bolívia? Equador? Brasil?
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