quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Inimigo do MST no comando de Aécio


Por Altamiro Borges

O senador Aécio Neves convidou nesta semana o direitista Xico Graziano para integrar o comando da sua campanha. Ele será o responsável pela estratégia para a internet do cambaleante presidenciável do PSDB. O anúncio confirma que a batalha eleitoral de 2014 será uma das mais violentas e sujas da história recente. Ex-assessor de FHC, Xico Graziano já foi até capa da revista Veja em novembro de 1995, que o rotulou de “O Corvo”. Ele foi acusado de operar a espionagem ilegal contra membros do próprio governo FHC. Entre outras marcas, o “Corvo” é um inimigo feroz do MST e um fiel aliado dos ruralistas. Reproduzo abaixo trechos de um artigo hidrófobo publicado por ele em agosto passado no jornal Estadão:

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O país sem o MST

XICO GRAZIANO

Noutro dia, em seminário do PT na Bahia, Lula alisava seu ego político quando lançou um enigma: "Eu fico pensando o que seria o Brasil se não fosse o MST". A resposta me brotou fácil: haveria mais prosperidade e paz no campo. Explico o porquê.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) originou-se em 1979, motivado pela luta agrária dos colonos gaúchos nos municípios de Ronda Alta e Sarandi. O regime militar, que comandava o País na época, tentou desmantelar, pelas mãos do famigerado coronel Curió, aquela inquietação camponesa. Ao contrário, porém, sustentado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) e apoiado por líderes da oposição democrática, o episódio prosperou, agigantando-se o acampamento de sem-terra.

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Assim, no estrebuchar da ditadura, renascia no País a tese da reforma agrária. Agora, porém, a causa vinha despida de sua lógica econômica, conforme fora idealizada nos anos 1960, para se carregar de conteúdo social. Com a bênção da Teologia da Libertação, um pedaço de terra redimiria os excluídos do campo. Nascia uma utopia agrária.

Ruíra em 1989 o Muro de Berlim. Por aqui, findos os anos de chumbo, avançava a redemocratização. Simultaneamente, avançava a modernização capitalista da agricultura, modificando a dinâmica do agro; antigos latifúndios viravam empresas rurais. Mais à frente, o Plano Real retirou da terra ociosa seu ganho especulativo, empurrando-a para a produção. Começava o império da tecnologia na agropecuária brasileira.

Nesse caminhar da História, a bandeira revolucionária do MST começou a perder seu brilho. Foi então que a organização decidiu, em 1995, mudar sua estratégia, partindo para o confronto direto com os fazendeiros do País: invadiu a Fazenda Aliança, situada em Pedra Preta (MT). Pertencente a um conceituado líder ruralista, a propriedade mantinha excelente rebanho, elevado rendimento, 29 casas de alvenaria, 160 quilômetros de cercas, 21 empregados registrados, reserva florestal intacta. Um brinco produtivo.

Acabou nesse momento o MST "do bem". Inaugurando a fase ulterior da crise agrária, as invasões de propriedades tomaram conta do Brasil, avançando especialmente contra as pastagens de gado. Incontáveis "movimentos" surgiram alhures, arrebentando cercas, roubando gado, fazendo "justiça" com as próprias mãos. Verdadeiras quadrilhas disfarçaram-se de pobres coitados e saquearam regiões, como no sul do Pará. Banditismo rural.

O MST militarizou-se. Seus quadros passaram a fazer treinamento centralizado, o comando definiu regras de comportamento e seleção. Centros passaram a oferecer cursos de capacitação, baseados na cartilha básica intitulada Como Organizar a Massa. Doutrinação pura. Nascido como "movimento social", o MST transformou-se em rígida organização, adentrando a cidade. Recrutando miseráveis urbanos, montou uma "fábrica de sem-terra" no País. Nunca mais a reforma agrária encontrou seu eixo.

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O que seria do Brasil se não fosse o MST? Respondo ao Lula, tranquilamente: mais produtivo e fraterno no campo.



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Em outros textos, Xico Graziano afirma que o MST representa o “banditismo rural” e defende os velhos latifundiários e os “modernos” barões do agronegócio. Para ele, não há terra ociosa no país, nem especulação fundiária, nem trabalho escravo, nem milícias de jagunços dos fazendeiros. O campo brasileiro é “produtivo e fraterno”. Este “Corvo” coordenará a campanha de Aécio Neves pela internet. Nas eleições de 2010, ele ocupou o mesmo papel na campanha de José Serra. Diante da fragorosa derrota, o serrista saiu atirando: “Perdemos feio em Minas. Por que será?”, tuitou Graziano. Agora, o mineiro deixa de lado as mágoas do passado para acioná-lo novamente para o serviço sujo!

Andrea Neves reforça o time

Xico Graziano terá agora que conviver com uma figura diretamente vinculada ao cambaleante presidenciável mineiro. Após vários desmentidos, o colunista Felipe Patury, da revista Época, confirmou na semana passada que “Andrea Neves assumiu a coordenação da campanha de Aécio, seu irmão”. A sua primeira função é montar a equipe de marketing do candidato do PSDB. Famosa em Minas Gerais pelos métodos nada republicanos nas relações com a mídia – seja através da distribuição da publicidade oficial ou dos pedidos de demissões de jornalistas mais críticos –, Andrea Neves “sempre foi uma presença constante nas campanhas do irmão”. A dupla é da pesada!

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Leia também:

- O panorama de 2014 visto do Planalto

- As lutas sociais num ano de eleição

- A oposição e suas mentiras econômicas

- Internet, o segundo meio de informação

2 comentários:

Anônimo disse...

QUE TAL CARNAVAL FORA DE ÉPOCA NA COPA?

Qual nosso maior know how? FESTA/CARNAVAL! Vamos fazer um CARNAVAL FORA DE ÉPOCA EM CADA SEDE DA COPA! Investimos muito! Agora vamos ganhar dinheiro no curto, médio e longo prazo! Conquistando turistas e os fazer voltar! E, ainda, trazendo amigos!!! A Hora de começar a organizar é agora!

Anônimo disse...

Lembra o comentário do arqui-arqui-conservador Adolpho Lindenberg a respeito do quanto melhor era o mundo e a vida antes de 1789(!!!).