Por Altamiro Borges
O sonho presidencial de Geraldo Alckmin pode ir para o ralo. Até a Sabesp trabalha com a hipótese de um “rodízio drástico”, com cinco dias sem água e dois dias com este líquido cada vez mais escasso em São Paulo. A gritaria contra a falta de planejamento e de investimentos neste setor já contagia até os eleitores arrependidos do governador tucano. Diante do aumento das críticas, a Sabesp divulgou nesta terça-feira (27) um site na internet que mostra os bairros da capital e as cidades da região metropolitana penalizados pela falta de água. Ironicamente, a página foi batizada de “calculadora de sonhos” e virou motivo de piada nas redes sociais – sendo logo retirada do ar. Talvez ela tentasse calcular os sonhos presidenciais de Geraldo Alckmin.
A própria mídia chapa-branca, que fez de tudo para esconder o colapso no setor no período das eleições, agora é forçada a tratar do assunto. Ela até tenta jogar na confusão – comparando as poucas horas de blecaute na energia elétrica com a crônica falta de água em várias regiões de São Paulo. A presidenta Dilma é responsabilizada pelo “apagão”, que não houve; já o governador Alckmin desaparece do noticiário sobre a chamada “crise hídrica”. A mídia “tucanou” o racionamento. Apesar destas manobras, não dá mais para ocultar a gravidade do racionamento no Estado.
Nesta quarta-feira (28) até a Folha tucana, tão amiga do governador, deu manchete para o assunto. “Rodízio de SP pode chegar a cinco dias sem água por semana”. A matéria principal não faz qualquer crítica ao governador do PSDB, apenas registra a desgraça. Num dos trechos, ela ainda tenta limpar a imagem do “picolé de chuchu”, culpando o pobre São Pedro pela longa estiagem. “Se as chuvas insistirem em não cair no sistema Cantareira”, lamenta o engenheiro Paulo Massato, diretor da Sabesp, o mesmo que na campanha eleitoral do ano passado negou a existência do racionamento e ainda criticou os alertas da oposição. Agora, ele e a Folha confessam que pode haver um “rodízio muito pesado, muito drástico”.
Nesta semana, os reservatórios do sistema Cantareira, que atendem 6,2 milhões de pessoas na região metropolitana, operaram com somente 5,1% de sua capacidade. A crise da água vinha produzindo situações inusitadas. Na região central da capital paulista, moradores e comerciantes já usam água da sarjeta. “Enquanto um prédio em construção desperdiça água de seu lençol freático sarjeta abaixo na Rua Augusta, faxineiros que trabalham na região chegam a encher dez baldes por dia na ‘água da guia’ para garantir a limpeza e a descarga dos banheiros”, relata a Folha.
A reportagem mostra a criatividade das vítimas do “choque de indigestão” tucano:
Maria Helena conta que há 15 dias não há água em seu trabalho. A única torneira que há no local tem ‘apenas um fiozinho de água meio marrom’, conta. ‘Não chega na caixa e não há água só da rua’. Ela chega a tirar mais de dez baldes de água da sarjeta. ‘É muita gente para ir ao banheiro. Tem que dar descarga toda hora’. Também o faxineiro Damião Pereira, 59, que trabalha em um prédio residencial na Augusta, está aproveitando essa água. Ele afirma que o abastecimento no prédio para às 13h e só volta no dia seguinte, às 9h. Pereira, então, recorre à água da sarjeta para lavar a calçada e passar pano no prédio... Outra a utilizá-la é Carol Siqueira, 29, zeladora e moradora da rua Augusta. ‘Eu uso duas vezes por dia para dar descarga no banheiro e limpar os corredores’, conta. ‘Quando a portaria está fedendo pelo lixo, também lavo com essa água’.
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O sonho presidencial de Geraldo Alckmin pode ir para o ralo. Até a Sabesp trabalha com a hipótese de um “rodízio drástico”, com cinco dias sem água e dois dias com este líquido cada vez mais escasso em São Paulo. A gritaria contra a falta de planejamento e de investimentos neste setor já contagia até os eleitores arrependidos do governador tucano. Diante do aumento das críticas, a Sabesp divulgou nesta terça-feira (27) um site na internet que mostra os bairros da capital e as cidades da região metropolitana penalizados pela falta de água. Ironicamente, a página foi batizada de “calculadora de sonhos” e virou motivo de piada nas redes sociais – sendo logo retirada do ar. Talvez ela tentasse calcular os sonhos presidenciais de Geraldo Alckmin.
A própria mídia chapa-branca, que fez de tudo para esconder o colapso no setor no período das eleições, agora é forçada a tratar do assunto. Ela até tenta jogar na confusão – comparando as poucas horas de blecaute na energia elétrica com a crônica falta de água em várias regiões de São Paulo. A presidenta Dilma é responsabilizada pelo “apagão”, que não houve; já o governador Alckmin desaparece do noticiário sobre a chamada “crise hídrica”. A mídia “tucanou” o racionamento. Apesar destas manobras, não dá mais para ocultar a gravidade do racionamento no Estado.
Nesta quarta-feira (28) até a Folha tucana, tão amiga do governador, deu manchete para o assunto. “Rodízio de SP pode chegar a cinco dias sem água por semana”. A matéria principal não faz qualquer crítica ao governador do PSDB, apenas registra a desgraça. Num dos trechos, ela ainda tenta limpar a imagem do “picolé de chuchu”, culpando o pobre São Pedro pela longa estiagem. “Se as chuvas insistirem em não cair no sistema Cantareira”, lamenta o engenheiro Paulo Massato, diretor da Sabesp, o mesmo que na campanha eleitoral do ano passado negou a existência do racionamento e ainda criticou os alertas da oposição. Agora, ele e a Folha confessam que pode haver um “rodízio muito pesado, muito drástico”.
Nesta semana, os reservatórios do sistema Cantareira, que atendem 6,2 milhões de pessoas na região metropolitana, operaram com somente 5,1% de sua capacidade. A crise da água vinha produzindo situações inusitadas. Na região central da capital paulista, moradores e comerciantes já usam água da sarjeta. “Enquanto um prédio em construção desperdiça água de seu lençol freático sarjeta abaixo na Rua Augusta, faxineiros que trabalham na região chegam a encher dez baldes por dia na ‘água da guia’ para garantir a limpeza e a descarga dos banheiros”, relata a Folha.
A reportagem mostra a criatividade das vítimas do “choque de indigestão” tucano:
Maria Helena conta que há 15 dias não há água em seu trabalho. A única torneira que há no local tem ‘apenas um fiozinho de água meio marrom’, conta. ‘Não chega na caixa e não há água só da rua’. Ela chega a tirar mais de dez baldes de água da sarjeta. ‘É muita gente para ir ao banheiro. Tem que dar descarga toda hora’. Também o faxineiro Damião Pereira, 59, que trabalha em um prédio residencial na Augusta, está aproveitando essa água. Ele afirma que o abastecimento no prédio para às 13h e só volta no dia seguinte, às 9h. Pereira, então, recorre à água da sarjeta para lavar a calçada e passar pano no prédio... Outra a utilizá-la é Carol Siqueira, 29, zeladora e moradora da rua Augusta. ‘Eu uso duas vezes por dia para dar descarga no banheiro e limpar os corredores’, conta. ‘Quando a portaria está fedendo pelo lixo, também lavo com essa água’.
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3 comentários:
... enquanto isso no resto do Pais que tem agua a agua esta infectada.
Então, Dilma resolveu ser Thatcher na vida exatamente quando o espírito da dama de ferro está prestes a tirar férias. Por não ter aproveitado a passagem pela esquerda para aprender a decifrar a dinâmica da economia mundial, está engolindo desnecessariamente esse sapo descomunal chamado Joaquim Levy.
Dúvidas intempestivas sobre a crise hídrica no Brasil
Especialistas em recursos hídricos, desde o final do verão de 2014 alertavam para os baixos níveis dos reservatórios do sudeste, para a necessidade de conscientização que enfatizasse a redução do consumo e melhorias dos sistemas de distribuição.
Porque o controle, a conscientização e a melhoria nos sistemas hídricos não foram feitos já no ano de 2014, quando em São Paulo começaram a usar o Volume Morto?
Se em meio ao período “chuvoso” há necessidade de controle dos recurso hídricos, como será a partir das águas de março?
O consumo residencial corresponde, em média, a quantos por cento do consumo de água no Brasil, em regiões como São Paulo, sobretudo?
Haverá interrupção do projeto dos minerodutos que ligam MG a RJ/ES e que drenam uma quantidade imensa de água para transportar minérios?
A todo momento se faz apelos para que os usuários residenciais controlem seus gastos de água, contudo há alguma política das secretárias estaduais de recursos hidricos e da ANA, para que os grandes usuários industriais e mineradoras façam a sua parte?
Qual tem sido o impacto da crise hídrica na produção industrial e no desemprego, sobretudo em São Paulo, em franco processo de desindustrialização?
O choque de gestão empreendido em São Paulo e em Minas Gerais, com a semi-privatização da Sabesp e da Copasa, interfere de que forma na gestão dos recursos hídricos, quando a preocupação maior passa a ser gerar lucros para acionistas e para os Estados e não atender aos interesses dos cidadãos?
O governador Alckmin virá a público pedir desculpas por seu erro, ao dizer que não havia risco de racionamento, pouco antes das eleições de 3 meses atrás?
Veja algumas outras questões intempestivas em https://www.facebook.com/vander.resende.9
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