Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:
Agora é praticamente todo dia que aparece um novo escândalo de corrupção. Não que antes não os houvesse, desde que Cabral por aqui aportou, mas a bandalheira público-privada virou uma assustadora rotina e os números envolvidos são cada vez mais impressionantes.
Ficamos sabendo agora, segundo denúncia da Procuradoria-Geral da República, que o BTG, do banqueiro preso André Esteves, pagou R$ 45 milhões ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, do PMDB, para incluir uma emenda na medida provisória nº 608, em 2013, destinada a liberar os créditos fiscais da massa falida do banco Bamerindus.
"Esse valor também possuía como destinatários outros parlamentares do PMDB", diz o texto da PGR, no pedido para manter André Esteves na prisão, que foi acatado pelo Supremo Tribunal Federal neste domingo.
A nova denúncia vem se somar a várias outras por corrupção e quebra de decoro e ajuda a entender como Cunha conseguiu montar uma fiel bancada suprapartidária, com pelo menos 100 parlamentares, que agora o ajudam a enfrentar o processo para cassação do seu mandato pelo Conselho de Ética.
As prisões de André Esteves e do ex-líder do governo no Senado, Delcídio Amaral, na semana passada, entre outros políticos e empresários apanhados na Operação Lava Jato, mostram que os esquemas de corrupção são as únicas PPPs (Parcerias Público-Privadas), que realmente funcionam no país e se alastram por toda parte.
Mais do que isso, desnudam a completa falência do sistema político-partidário eleitoral implantado pela Constituição de 1988, que levou ao chamado "presidencialismo de coalizão", sustentado pelo financiamento empresarial de campanhas, recentemente proibido pelo STF.
E o Datafolha divulgado no final de semana, mostrando que, pela primeira vez, a corrupção é apontada como o maior problema do país, ainda insiste em fazer pesquisas sobre a sucessão presidencial em 2018, quando não sabemos nem se o atual sistema político sobrevive até o final do ano.
A nova pesquisa revela também que partidos e instituições foram igualmente abalados pela crise sem fim que se arrasta de um ano para outro. Os índices de intenção de votos nos dois principais pré-candidatos tucanos, Aécio (menos 4%, agora com 31%) e Alckmin (menos 2%, ficando com 18%), caíram em relação ao levantamento anterior, divulgado em junho, juntamente com o ex-presidente petista Lula (menos 3%, caindo para 22%), que também apresenta o maior índice de rejeição (47%).
Não por acaso o único nome que cresceu foi o da reclusa Marina Silva (mais 3%), exatamente por ter se retirado da disputa política desde a eleição de 2014, quando ficou em terceiro lugar. Marina chega a liderar a pesquisa atual, com 28%, no cenário em que o candidato tucano é o governador paulista Geraldo Alckmin.
A imagem do Congresso Nacional é a pior desde 1993, na época do escândalo dos "anões do Orçamento". Tem agora a desaprovação de 53% do eleitorado. A rejeição da presidente Dilma caiu de 71 para 67% e a aprovação subiu de 8 para 10%, uma pequena variação positiva, mas não o suficiente para impedir que 65% dos eleitores aprovem um processo de impeachment e 62% defendam a sua renúncia. E 81% são a favor da cassação de Eduardo Cunha.
Todos os números da pesquisa comprovam que os fatos políticos das últimas semanas levaram ao atual estado de anomia social e pessimismo: para a grande maioria, a inflação (77%) e o desemprego (76%) vão aumentar no próximo ano. Na virada do ano, chegamos ao impasse, a um nó que precisa ser desatado.
Nestas horas, me lembro da frase sempre repetida por um amigo filósofo de bar: é melhor um final horroroso do que um horror sem fim.
Até quando?
Agora é praticamente todo dia que aparece um novo escândalo de corrupção. Não que antes não os houvesse, desde que Cabral por aqui aportou, mas a bandalheira público-privada virou uma assustadora rotina e os números envolvidos são cada vez mais impressionantes.
Ficamos sabendo agora, segundo denúncia da Procuradoria-Geral da República, que o BTG, do banqueiro preso André Esteves, pagou R$ 45 milhões ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, do PMDB, para incluir uma emenda na medida provisória nº 608, em 2013, destinada a liberar os créditos fiscais da massa falida do banco Bamerindus.
"Esse valor também possuía como destinatários outros parlamentares do PMDB", diz o texto da PGR, no pedido para manter André Esteves na prisão, que foi acatado pelo Supremo Tribunal Federal neste domingo.
A nova denúncia vem se somar a várias outras por corrupção e quebra de decoro e ajuda a entender como Cunha conseguiu montar uma fiel bancada suprapartidária, com pelo menos 100 parlamentares, que agora o ajudam a enfrentar o processo para cassação do seu mandato pelo Conselho de Ética.
As prisões de André Esteves e do ex-líder do governo no Senado, Delcídio Amaral, na semana passada, entre outros políticos e empresários apanhados na Operação Lava Jato, mostram que os esquemas de corrupção são as únicas PPPs (Parcerias Público-Privadas), que realmente funcionam no país e se alastram por toda parte.
Mais do que isso, desnudam a completa falência do sistema político-partidário eleitoral implantado pela Constituição de 1988, que levou ao chamado "presidencialismo de coalizão", sustentado pelo financiamento empresarial de campanhas, recentemente proibido pelo STF.
E o Datafolha divulgado no final de semana, mostrando que, pela primeira vez, a corrupção é apontada como o maior problema do país, ainda insiste em fazer pesquisas sobre a sucessão presidencial em 2018, quando não sabemos nem se o atual sistema político sobrevive até o final do ano.
A nova pesquisa revela também que partidos e instituições foram igualmente abalados pela crise sem fim que se arrasta de um ano para outro. Os índices de intenção de votos nos dois principais pré-candidatos tucanos, Aécio (menos 4%, agora com 31%) e Alckmin (menos 2%, ficando com 18%), caíram em relação ao levantamento anterior, divulgado em junho, juntamente com o ex-presidente petista Lula (menos 3%, caindo para 22%), que também apresenta o maior índice de rejeição (47%).
Não por acaso o único nome que cresceu foi o da reclusa Marina Silva (mais 3%), exatamente por ter se retirado da disputa política desde a eleição de 2014, quando ficou em terceiro lugar. Marina chega a liderar a pesquisa atual, com 28%, no cenário em que o candidato tucano é o governador paulista Geraldo Alckmin.
A imagem do Congresso Nacional é a pior desde 1993, na época do escândalo dos "anões do Orçamento". Tem agora a desaprovação de 53% do eleitorado. A rejeição da presidente Dilma caiu de 71 para 67% e a aprovação subiu de 8 para 10%, uma pequena variação positiva, mas não o suficiente para impedir que 65% dos eleitores aprovem um processo de impeachment e 62% defendam a sua renúncia. E 81% são a favor da cassação de Eduardo Cunha.
Todos os números da pesquisa comprovam que os fatos políticos das últimas semanas levaram ao atual estado de anomia social e pessimismo: para a grande maioria, a inflação (77%) e o desemprego (76%) vão aumentar no próximo ano. Na virada do ano, chegamos ao impasse, a um nó que precisa ser desatado.
Nestas horas, me lembro da frase sempre repetida por um amigo filósofo de bar: é melhor um final horroroso do que um horror sem fim.
Até quando?
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