Ao acompanhar a mídia corporativa brasileira tem-se a impressão de que o jornalismo acabou, transformado em simples propaganda política. As reportagens aprofundadas, produzidas por equipes formadas por jornalistas tarimbados, foram substituídas por frases às vezes desconexas de entrevistados escolhidos a dedo ou pela simples transcrição de escutas fornecidas por autoridades policiais ou judiciárias.
Esse é o cenário nacional formado por um número reduzido de empresas jornalísticas, todas alinhadas ideologicamente com os interesses das camadas dominantes da sociedade brasileira e internacional. O que não quer dizer que o espírito jornalístico da busca da verdade e da luta por transformações sociais tenha desaparecido.
Dois filmes recentes mostram um pouco das tensões entre esse espírito e a realidade empresarial da mídia. Spotlight – Segredos Revelados, vencedor do Oscar deste ano, retrata a luta de um grupo de jornalistas para revelar os crimes de pedofilia cometidos por membros da igreja de Boston, nos Estados Unidos, que estavam sendo acobertados por seus dirigentes. A reportagem só pôde ser produzida e publicada graças ao apoio firme do editor do jornal, o Boston Globe, dando aos jornalistas a retaguarda necessária para seguir em frente, mesmo diante de ameaças e ataques.
Já em Conspiração e Poder, uma outra investigação realizada por jornalistas da rede de televisão CBS, dos Estados Unidos, para um dos programas de maior audiência do país, o 60 Minutes, o desfecho é diferente. O trabalho revela a proteção dada aos filhos de famílias ricas para livrá-los da guerra do Vietnã, entre os quais estaria o futuro presidente George W. Bush. Em plena campanha eleitoral, a emissora sofre fortes pressões políticas e retira o apoio dado aos jornalistas, que acabam deixando a empresa.
Revela-se, em ambos os casos, o espírito jornalístico no enfrentamento de interesses poderosos, tomando partido sem deixar de lado a objetividade. Por aqui, na mídia corporativa, isso acabou. Nem experiências abortadas, como a ocorrida na CBS, existem mais.
Os jornalistas brasileiros hoje, diante do reduzido e concentrado mercado de trabalho, estão divididos em três “tipos ideais”, segundo a formulação weberiana: os sabujos, verbalizadores da ideologia dos seus patrões, recompensados geralmente com bons salários e com o sonho de pertencer à mesma casta de quem os paga.
Os trabalhadores, um amplo contingente de profissionais necessitados dos seus empregos para sobreviver ainda que submetidos à duras condições de trabalho e sob forte controle ideológico. Merecem respeito, ainda mais quando se sabe que, muitos deles, de forma anônima, municiam com informações de suas redações a mídia independente. Fornecem, além disso, pautas importantes, de cunho político ou social, censuradas nos seus locais de trabalho.
No terceiro tipo encontram-se os que romperam com o sistema empresarial e foram buscar formas alternativas de exercer um jornalismo honesto, comprometido com os interesses mais amplos da sociedade. Tendo muitas vezes que viver de outras fontes de renda, esses jornalistas montam sites e blogues, fundam revistas e formam coletivos capazes de ampliar, com muita competência, o restrito círculo de informações existente no país.
Há muitos jovens entre eles, recém saídos das faculdades, renovando a certeza de que o jornalismo não acabou. São herdeiros da imprensa alternativa existente durante a última ditadura, com a vantagem de poder operar novas tecnologias, mais ágeis e mais baratas do que aquelas dos seus antecessores.
Desses cabe lembrar a “turma do Ex-“, tema de recente tese de doutorado defendida por Dalva Silveira, na PUC de São Paulo. É a história de um jornalismo ágil, dinâmico, atraente, comprometido com a luta por uma sociedade solidária e livre de tabus. Um espírito que está presente hoje na Mídia Ninja, nos Jornalistas Livres, na agência Pública, em vários sites e blogues e também nesta Revista do Brasil.
Esse é o cenário nacional formado por um número reduzido de empresas jornalísticas, todas alinhadas ideologicamente com os interesses das camadas dominantes da sociedade brasileira e internacional. O que não quer dizer que o espírito jornalístico da busca da verdade e da luta por transformações sociais tenha desaparecido.
Dois filmes recentes mostram um pouco das tensões entre esse espírito e a realidade empresarial da mídia. Spotlight – Segredos Revelados, vencedor do Oscar deste ano, retrata a luta de um grupo de jornalistas para revelar os crimes de pedofilia cometidos por membros da igreja de Boston, nos Estados Unidos, que estavam sendo acobertados por seus dirigentes. A reportagem só pôde ser produzida e publicada graças ao apoio firme do editor do jornal, o Boston Globe, dando aos jornalistas a retaguarda necessária para seguir em frente, mesmo diante de ameaças e ataques.
Já em Conspiração e Poder, uma outra investigação realizada por jornalistas da rede de televisão CBS, dos Estados Unidos, para um dos programas de maior audiência do país, o 60 Minutes, o desfecho é diferente. O trabalho revela a proteção dada aos filhos de famílias ricas para livrá-los da guerra do Vietnã, entre os quais estaria o futuro presidente George W. Bush. Em plena campanha eleitoral, a emissora sofre fortes pressões políticas e retira o apoio dado aos jornalistas, que acabam deixando a empresa.
Revela-se, em ambos os casos, o espírito jornalístico no enfrentamento de interesses poderosos, tomando partido sem deixar de lado a objetividade. Por aqui, na mídia corporativa, isso acabou. Nem experiências abortadas, como a ocorrida na CBS, existem mais.
Os jornalistas brasileiros hoje, diante do reduzido e concentrado mercado de trabalho, estão divididos em três “tipos ideais”, segundo a formulação weberiana: os sabujos, verbalizadores da ideologia dos seus patrões, recompensados geralmente com bons salários e com o sonho de pertencer à mesma casta de quem os paga.
Os trabalhadores, um amplo contingente de profissionais necessitados dos seus empregos para sobreviver ainda que submetidos à duras condições de trabalho e sob forte controle ideológico. Merecem respeito, ainda mais quando se sabe que, muitos deles, de forma anônima, municiam com informações de suas redações a mídia independente. Fornecem, além disso, pautas importantes, de cunho político ou social, censuradas nos seus locais de trabalho.
No terceiro tipo encontram-se os que romperam com o sistema empresarial e foram buscar formas alternativas de exercer um jornalismo honesto, comprometido com os interesses mais amplos da sociedade. Tendo muitas vezes que viver de outras fontes de renda, esses jornalistas montam sites e blogues, fundam revistas e formam coletivos capazes de ampliar, com muita competência, o restrito círculo de informações existente no país.
Há muitos jovens entre eles, recém saídos das faculdades, renovando a certeza de que o jornalismo não acabou. São herdeiros da imprensa alternativa existente durante a última ditadura, com a vantagem de poder operar novas tecnologias, mais ágeis e mais baratas do que aquelas dos seus antecessores.
Desses cabe lembrar a “turma do Ex-“, tema de recente tese de doutorado defendida por Dalva Silveira, na PUC de São Paulo. É a história de um jornalismo ágil, dinâmico, atraente, comprometido com a luta por uma sociedade solidária e livre de tabus. Um espírito que está presente hoje na Mídia Ninja, nos Jornalistas Livres, na agência Pública, em vários sites e blogues e também nesta Revista do Brasil.
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