Por Laurindo Lalo Leal Filho, na Revista do Brasil:
A condução da política moderna está nas mãos do Príncipe Eletrônico, a televisão, na feliz definição do professor Octavio Ianni. É ela que conduz a ação política nos nossos dias, como antes o fizeram o príncipe de Nicolau Maquiavel ou o príncipe moderno, na forma de partido político, como concebido por Antonio Gramsci. O crescimento do acesso à internet e às redes sociais por meio dos mais diferentes dispositivos, dos computadores de mesa aos telefones celulares, ainda não é suficiente para abalar o poder da televisão. Ela segue na frente fazendo a cabeça das pessoas, como mostram as pesquisas sobre consumo de mídia e as evidências de sua importância nas campanhas eleitorais. Não cabe aqui o argumento dos que – principalmente na academia – acreditam na possibilidade do livre arbítrio do telespectador que seria, segundo eles, capaz de exercer um olhar crítico sobre as mensagens recebidas e refutá-las.
Isso pode até acontecer, mas em proporções residuais, se levarmos em conta o total da população. O que se vê no Brasil é um verdadeiro massacre eletrônico, com as emissoras de televisão e de rádio alinhadas na defesa de um único conjunto de ideias. A possibilidade do contraditório inexiste.
A exposição no horário eleitoral obrigatório combina-se com a criminalização cotidiana da política realizada especialmente nos noticiários de maior audiência. A mídia brasileira, incluindo aí além da TV as emissoras de rádio, jornais e revistas, conseguiu impregnar na sociedade a ideia de que política é algo repulsivo que precisa ser execrado.
Claro que muitos políticos dão motivos para isso, mas não são todos – e nem a atividade política é nefasta em si. Ao contrário, trata-se de elemento vital para a vida em sociedade. Aos que diziam não gostar de política, Platão na República lembrava que não existia nada de errado com essas pessoas, mas elas seriam simplesmente “governadas por aqueles que gostam”. Cabe lembrar que quase 2 milhões de eleitores paulistanos se abstiveram de votar nas eleições municipais. Exatos 21,84% dos que tinham direito ao voto deixaram de ir às urnas. Sem falar nos que votaram nulo ou em branco, 11,35% e 5,29%, respectivamente. Ao fazer com que as pessoas rejeitem a política, a televisão entrega essa atividade para aqueles que gostam e, em grande maioria, a usam em proveito próprio, muito distante dos interesses dos que os elegeram.
O candidato que venceu as eleições paulistanas afinou o seu discurso com o das emissoras de TV, apresentando-se ao público como um não-político, um empresário incapaz de participar dessa atividade tão malvista. Cansou de repetir durante a campanha o bordão “não sou político, sou empresário”, como se isso fosse uma grande virtude. Dessa forma, fechou-se o cerco.
A TV – e a mídia em geral – criminalizando a política e, ao mesmo tempo, um partido oferecendo ao eleitor um candidato que diz não ser político, que é imune aos vícios da política. Tabelinha perfeita realizada diante das urnas. Não há livre arbítrio que resista a isso, como provam os resultados eleitorais paulistanos. O candidato explorou com sucesso essa combinação de fatores. Sua vitória é a derrota da política como criação humana, indispensável para a vida em sociedade.
Sem experiência eleitoral anterior, o candidato tucano à prefeitura de São Paulo consegue em poucas semanas de exposição na mídia tornar-se amplamente conhecido e vencer no primeiro turno as eleições municipais. Tal sucesso tem uma explicação: o poder da televisão em nosso país. Daí a disputa acirrada de partidos e candidatos pelos espaços nos horários reservados à propaganda política. O vencedor em São Paulo teve 30% do tempo fixo total, o maior entre todos os concorrentes. Além de contar com experiência anterior diante das câmeras e de uma certa visibilidade por apresentar programas de entrevistas e entretenimento.
A condução da política moderna está nas mãos do Príncipe Eletrônico, a televisão, na feliz definição do professor Octavio Ianni. É ela que conduz a ação política nos nossos dias, como antes o fizeram o príncipe de Nicolau Maquiavel ou o príncipe moderno, na forma de partido político, como concebido por Antonio Gramsci. O crescimento do acesso à internet e às redes sociais por meio dos mais diferentes dispositivos, dos computadores de mesa aos telefones celulares, ainda não é suficiente para abalar o poder da televisão. Ela segue na frente fazendo a cabeça das pessoas, como mostram as pesquisas sobre consumo de mídia e as evidências de sua importância nas campanhas eleitorais. Não cabe aqui o argumento dos que – principalmente na academia – acreditam na possibilidade do livre arbítrio do telespectador que seria, segundo eles, capaz de exercer um olhar crítico sobre as mensagens recebidas e refutá-las.
Isso pode até acontecer, mas em proporções residuais, se levarmos em conta o total da população. O que se vê no Brasil é um verdadeiro massacre eletrônico, com as emissoras de televisão e de rádio alinhadas na defesa de um único conjunto de ideias. A possibilidade do contraditório inexiste.
A exposição no horário eleitoral obrigatório combina-se com a criminalização cotidiana da política realizada especialmente nos noticiários de maior audiência. A mídia brasileira, incluindo aí além da TV as emissoras de rádio, jornais e revistas, conseguiu impregnar na sociedade a ideia de que política é algo repulsivo que precisa ser execrado.
Claro que muitos políticos dão motivos para isso, mas não são todos – e nem a atividade política é nefasta em si. Ao contrário, trata-se de elemento vital para a vida em sociedade. Aos que diziam não gostar de política, Platão na República lembrava que não existia nada de errado com essas pessoas, mas elas seriam simplesmente “governadas por aqueles que gostam”. Cabe lembrar que quase 2 milhões de eleitores paulistanos se abstiveram de votar nas eleições municipais. Exatos 21,84% dos que tinham direito ao voto deixaram de ir às urnas. Sem falar nos que votaram nulo ou em branco, 11,35% e 5,29%, respectivamente. Ao fazer com que as pessoas rejeitem a política, a televisão entrega essa atividade para aqueles que gostam e, em grande maioria, a usam em proveito próprio, muito distante dos interesses dos que os elegeram.
O candidato que venceu as eleições paulistanas afinou o seu discurso com o das emissoras de TV, apresentando-se ao público como um não-político, um empresário incapaz de participar dessa atividade tão malvista. Cansou de repetir durante a campanha o bordão “não sou político, sou empresário”, como se isso fosse uma grande virtude. Dessa forma, fechou-se o cerco.
A TV – e a mídia em geral – criminalizando a política e, ao mesmo tempo, um partido oferecendo ao eleitor um candidato que diz não ser político, que é imune aos vícios da política. Tabelinha perfeita realizada diante das urnas. Não há livre arbítrio que resista a isso, como provam os resultados eleitorais paulistanos. O candidato explorou com sucesso essa combinação de fatores. Sua vitória é a derrota da política como criação humana, indispensável para a vida em sociedade.
1 comentários:
além de ser uma grande derrota, coroa o EMBURRECIMENTO desse povo. se não cortamos isso logo,será um desastre de proporções gigantescas,como aliás,já estamos sentindo isso. mas acham isso"moderno",paciência. não é a toa que quem vai atrás da imprensa,se ferra. vai acontecer mais claramente em São Paulo. o orgulho de ser DESPOLITIZADO custará caríssimo aos paulistas.
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