Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
Sérgio Moro cruzou o Rubicão com sua carta enfezada para a Folha respondendo ao colunista Rogério Cézar de Cerqueira Leite.
O brilhante artigo de Cerqueira Leite compara Moro ao frei dominicano Girolamo (Jerônimo) Savonarola, moralista que tentou transformar a Florença do final do século 15 num estado cristão.
Foi enforcado e depois incinerado numa fogueira.
“Imaginem só como Moro seria terrivelmente infeliz se não existisse corrupção para ser combatida”, escreveu o professor. “Só vai vosmecê sobreviver enquanto Lula e o PT estiverem vivos e atuantes”.
Moro se revelou em vários sentidos. O primeiro deles é que Cerqueira Leite acertou na veia e seu personagem vestiu a carapuça.
O segundo é que Moro expôs uma faceta terrivelmente antidemocrática. “A publicação de opiniões panfletárias-partidárias e que veiculam somente preconceito e rancor, sem qualquer base factual, deveriam ser evitadas”, apontou.
Ora, deveriam por quê? Quem decide o que se enquadra nessa definição? Ele? O jornal - o Brasil - ganhou um super editor?
Um limite foi ultrapassado e isso ficou patente na maneira como a Folha lidou com o caso. Um pacto ganhou uma rachadura.
No sábado à noite, a coluna de Cerqueira Leite foi novamente publicada por causa de um erro: Savonarola foi queimado em Florença, não em Roma. Para fazer essa correção, não era necessário reproduzir tudo de novo, mas foi o que ocorreu.
Mais: no dia seguinte, o autor publicou uma tréplica.
Respondo aqui ao juiz Sergio Moro, embora ele não tenha se rebaixado a responder a um simples plebeu, preferindo incitar a Folha a censurar meus artigos (Painel do Leitor, 12/10). Acusa-me o juiz de promover atos de violência. O fogo a que me refiro é o fogo da história. Intelectos condicionados por princípios de intolerância não percebem a diferença entre metáforas e ações concretas. O juiz ainda se esquiva de responder à principal acusação que lhe faço, a de que é absolutamente parcial e está a serviço das classes dominantes.
É tão contundente quanto o trabalho que deu origem à série, talvez mais. O trecho sobre os “intelectos condicionados” é uma cacetada no fígado.
Em situações normais, não teria saído. A Folha poderia ter dado o assunto como encerrado com a manifestação do “ofendido”. Mas ele exagerou na dose.
Moro presta um serviço fundamental à mídia. Os vazamentos da Lava Jato são ouro. No pacote, foi transformado no Batman. De mentirinha, claro.
O problema é que ele acreditou. A ponto de sugerir a um jornal o que ele deve ou não dar. Abusou. Achou que estava acima do bem e do mal e se queimou. O cristal se quebrou. E nada indica que ele vá parar por aí.
Ah, sim. Antes que alguém me entenda mal: “se queimou” é figura de linguagem.
O brilhante artigo de Cerqueira Leite compara Moro ao frei dominicano Girolamo (Jerônimo) Savonarola, moralista que tentou transformar a Florença do final do século 15 num estado cristão.
Foi enforcado e depois incinerado numa fogueira.
“Imaginem só como Moro seria terrivelmente infeliz se não existisse corrupção para ser combatida”, escreveu o professor. “Só vai vosmecê sobreviver enquanto Lula e o PT estiverem vivos e atuantes”.
Moro se revelou em vários sentidos. O primeiro deles é que Cerqueira Leite acertou na veia e seu personagem vestiu a carapuça.
O segundo é que Moro expôs uma faceta terrivelmente antidemocrática. “A publicação de opiniões panfletárias-partidárias e que veiculam somente preconceito e rancor, sem qualquer base factual, deveriam ser evitadas”, apontou.
Ora, deveriam por quê? Quem decide o que se enquadra nessa definição? Ele? O jornal - o Brasil - ganhou um super editor?
Um limite foi ultrapassado e isso ficou patente na maneira como a Folha lidou com o caso. Um pacto ganhou uma rachadura.
No sábado à noite, a coluna de Cerqueira Leite foi novamente publicada por causa de um erro: Savonarola foi queimado em Florença, não em Roma. Para fazer essa correção, não era necessário reproduzir tudo de novo, mas foi o que ocorreu.
Mais: no dia seguinte, o autor publicou uma tréplica.
Respondo aqui ao juiz Sergio Moro, embora ele não tenha se rebaixado a responder a um simples plebeu, preferindo incitar a Folha a censurar meus artigos (Painel do Leitor, 12/10). Acusa-me o juiz de promover atos de violência. O fogo a que me refiro é o fogo da história. Intelectos condicionados por princípios de intolerância não percebem a diferença entre metáforas e ações concretas. O juiz ainda se esquiva de responder à principal acusação que lhe faço, a de que é absolutamente parcial e está a serviço das classes dominantes.
É tão contundente quanto o trabalho que deu origem à série, talvez mais. O trecho sobre os “intelectos condicionados” é uma cacetada no fígado.
Em situações normais, não teria saído. A Folha poderia ter dado o assunto como encerrado com a manifestação do “ofendido”. Mas ele exagerou na dose.
Moro presta um serviço fundamental à mídia. Os vazamentos da Lava Jato são ouro. No pacote, foi transformado no Batman. De mentirinha, claro.
O problema é que ele acreditou. A ponto de sugerir a um jornal o que ele deve ou não dar. Abusou. Achou que estava acima do bem e do mal e se queimou. O cristal se quebrou. E nada indica que ele vá parar por aí.
Ah, sim. Antes que alguém me entenda mal: “se queimou” é figura de linguagem.
1 comentários:
Esse juiz já passou da medida. Alguém tem que dar basta nele.
É um tremendo pilantra que só faz denuncias encomendadas.
Cai fora demônio.
Quem o anda financiando? Quem está por trás dele?
Esse sujeito vai levar o país ao caos.
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