Por Felipe Bianchi e Leonardo Severo, no site do Centro de Estudos Barão de Itararé:
Em Valparaiso, terceira cidade mais populosa do Chile e sede do Congresso Nacional, aposentados deram seus relatos de como é viver sob o modelo de Previdência desejado, para o Brasil, por Jair Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes. A reportagem do ComunicaSul esteve na cidade e, de passagem pelo Clube da Terceira Idade, colheu depoimentos sobre o tema em meio a animados jogos de bingo, dama e dominó. Apesar do clima agradável, a realidade descrita pelos chilenos parece mais filme de terror, já que a maioria precisa seguir trabalhando e o que ganham de pensão, em grande parte dos casos, garante apenas a subsistência.
Implementado em 1981, pela ditadura de Augusto Pinochet, o sistema chileno é considerado por especialistas um tremendo fracasso: apesar da promessa de que, capitalizando a poupança, as Administradoras de Fundos de Pensão (AFP) pagariam aos cidadãos cerca de 70% do valor de seus últimos salários, a taxa de retorno é de 33% para homens e 25% para mulheres. Em termos de valores, a coisa fica ainda pior: 80% dos aposentados recebem menos que um salário mínimo no Chile, que é considerado o suficiente para sobreviver, enquanto 44% recebem valores abaixo da linha da pobreza.
É o caso de Pascual Sanchez Espinosa, 72, que trabalhou a vida toda como pedreiro. "As AFP são como piranhas", dispara. "São como vampiros, que te chupam e chupam". O sistema imposto por Pinochet tornou-se obrigatório desde o primeiro dia de sua imposição, mas como Pascual começou a contribuir antes, ele recebe a sua pensão através do sistema antigo de Seguridade Social. "Vivo com 150 mil pesos ao mês", conta - o salário mínimo, atualmente, é de 300 mil pesos. "Se eu recebesse pelo modelo das AFP, o valor seria de 80 mil pesos", o que daria, segundo ele, "para tomar chá".
Victoria del Carmen Sanchez, 67, é outro caso que reflete a realidade de oito em dez idosos do país. A aposentadoria dela, somada a do marido, garante apenas o pagamento do aluguel. Por isso, eles têm de seguir trabalhando. "Temos uma filha que estuda arquitetura, então, trabalhamos por ela", explica. Victoria e Joel são ambulantes, vendendo artigos de brechó em uma praça de Valparaiso. "Estamos aqui das seis da manhã até às sete da tarde, de segunda a sábado".
Fotógrafo profissional durante toda a sua vida, Fernando Rios Palma, 69, foi sucinto quando questionado o que opina sobre a possibilidade de o Brasil adotar o modelo chileno: "Péssimo". Fernando, que vive com cerca de 200 mil pesos por mês, valor que ele diz ser suficiente para assegurar a cesta básica, também não perdoa os "algozes" do aposentado chileno. "O que as AFP fazem é um roubo. Estão roubando as pessoas, é pura sacanagem das pessoas que manejam este sistema".
* O Coletivo de Comunicação Colaborativa ComunicaSul está no Chile com os seguintes apoios: Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Diálogos do Sul, Federação Única dos Petroleiros (FUP), Jornal Hora do Povo, Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Sindicato dos Metroviários de São Paulo, CUT Chile e Sindicato Nacional dos Carteiros do Chile (Sinacar). A reprodução é livre, desde que citados os autores e apoios.
Em Valparaiso, terceira cidade mais populosa do Chile e sede do Congresso Nacional, aposentados deram seus relatos de como é viver sob o modelo de Previdência desejado, para o Brasil, por Jair Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes. A reportagem do ComunicaSul esteve na cidade e, de passagem pelo Clube da Terceira Idade, colheu depoimentos sobre o tema em meio a animados jogos de bingo, dama e dominó. Apesar do clima agradável, a realidade descrita pelos chilenos parece mais filme de terror, já que a maioria precisa seguir trabalhando e o que ganham de pensão, em grande parte dos casos, garante apenas a subsistência.
Implementado em 1981, pela ditadura de Augusto Pinochet, o sistema chileno é considerado por especialistas um tremendo fracasso: apesar da promessa de que, capitalizando a poupança, as Administradoras de Fundos de Pensão (AFP) pagariam aos cidadãos cerca de 70% do valor de seus últimos salários, a taxa de retorno é de 33% para homens e 25% para mulheres. Em termos de valores, a coisa fica ainda pior: 80% dos aposentados recebem menos que um salário mínimo no Chile, que é considerado o suficiente para sobreviver, enquanto 44% recebem valores abaixo da linha da pobreza.
É o caso de Pascual Sanchez Espinosa, 72, que trabalhou a vida toda como pedreiro. "As AFP são como piranhas", dispara. "São como vampiros, que te chupam e chupam". O sistema imposto por Pinochet tornou-se obrigatório desde o primeiro dia de sua imposição, mas como Pascual começou a contribuir antes, ele recebe a sua pensão através do sistema antigo de Seguridade Social. "Vivo com 150 mil pesos ao mês", conta - o salário mínimo, atualmente, é de 300 mil pesos. "Se eu recebesse pelo modelo das AFP, o valor seria de 80 mil pesos", o que daria, segundo ele, "para tomar chá".
Victoria del Carmen Sanchez, 67, é outro caso que reflete a realidade de oito em dez idosos do país. A aposentadoria dela, somada a do marido, garante apenas o pagamento do aluguel. Por isso, eles têm de seguir trabalhando. "Temos uma filha que estuda arquitetura, então, trabalhamos por ela", explica. Victoria e Joel são ambulantes, vendendo artigos de brechó em uma praça de Valparaiso. "Estamos aqui das seis da manhã até às sete da tarde, de segunda a sábado".
Fotógrafo profissional durante toda a sua vida, Fernando Rios Palma, 69, foi sucinto quando questionado o que opina sobre a possibilidade de o Brasil adotar o modelo chileno: "Péssimo". Fernando, que vive com cerca de 200 mil pesos por mês, valor que ele diz ser suficiente para assegurar a cesta básica, também não perdoa os "algozes" do aposentado chileno. "O que as AFP fazem é um roubo. Estão roubando as pessoas, é pura sacanagem das pessoas que manejam este sistema".
* O Coletivo de Comunicação Colaborativa ComunicaSul está no Chile com os seguintes apoios: Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Diálogos do Sul, Federação Única dos Petroleiros (FUP), Jornal Hora do Povo, Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Sindicato dos Metroviários de São Paulo, CUT Chile e Sindicato Nacional dos Carteiros do Chile (Sinacar). A reprodução é livre, desde que citados os autores e apoios.
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