domingo, 28 de junho de 2020

Ana Paula Henkel, a fascistinha do vôlei

Por Altamiro Borges

A bolsonarista aloprada Ana Paula Henkel, ex-jogadora de vôlei, continua destilando ódio e preconceitos nas redes sociais – e colecionando boletins de ocorrência na polícia. Na semana passada, o assessor de imprensa Alexandre Alvim registrou um B.O. acusando a fascistinha, que hoje mora nos Estados Unidos, de homofobia.

Após ser criticada por seus comentários racistas diante da revolta com o assassinato de George Floyd, ela enviou mensagem direta pelo Instagram atacando o jornalista de forma sórdida: “A bicha se acha linda. Você é muito brega. Puta que pariu! Hahahahaha se olha no espelho. Você é muito brega bicha".

Segundo a coluna de “celebridades” da Folha, o print da postagem de Ana Paula foi encaminhado à polícia. “Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que o caso foi registrado como injúria na Delegacia Eletrônica... ‘A vítima foi orientada quanto ao prazo para representação do crime’, disse a SSP”.

Homofóbica, racista e patética

A ex-jogadora de vôlei da seleção brasileira poderá ser acusada pelos crimes de homofobia e também de racismo. Ao comentar em seu Twitter sobre a explosão de revolta nos EUA, ela associou os negros ao número de crimes no país. “12% negros, 62% dos roubos, 56% dos assassinatos. Faça as contas”, disparou a escrota.

O assessor criticou seu preconceito em mensagem direta e, por isso, foi vítima de outro preconceito. “Citei a ironia que era a geração dela sempre perder para uma seleção preta [de Cuba], e que na posição dela, tínhamos as duas maiores centrais da história, pretas e icônicas do vôlei: Regla Torres e Magaly Carvajal”.

"Muita gente me criticou por expor a situação por ela ser conservadora, dizendo que estou dando espaço para ela, mas acho que a comunidade LGBTQ+ já ficou calada muito tempo, chegou a hora de expor quando a gente é ofendido, por isso decidi fazer o B.O. e também por questão de proteção", afirma Alexandre Alvim.

#QueirozTáPreso irrita a bolsonarista

Após sua decisão, outras vítimas da bolsonarista do vôlei também decidiram registrar boletins de ocorrência. Na quarta-feira (24), o produtor Ian Sena e a empresária Andrêssa Faiad informaram que, por causa de discordâncias políticas, a ex-atleta fez ofensas contra eles por meio de mensagens privadas no Instagram.

“Assim como Alvim, Faiad registrou boletim de ocorrência sobre o caso e diz que pretende entrar com ação por danos morais contra a ex-jogadora. ‘Ela [Ana Paula] acredita que é imune à Justiça brasileira por viver nos EUA e possuir dupla cidadania’, afirma Ana Paula Moreira, advogada de Faiad”, relata a coluna F5.

Diante da crítica de Ana Paula Henkel ao STF em função da detenção da terrorista Sara Winter, a empresária postou mensagem com a hashtag #QueirozTáPreso. Bastou isso para destampar o ódio da ex-atleta. “Minha filha tem espelho na sua casa? Você parece um travesti. Olha seu cabelo, sua roupa, seu corpo! Olha você! É feia demais".

Golpista e apoiadora de Trump e do “capetão”

Já no caso do produtor executivo Ian Sena, a confusão também decorreu dos ataques da bolsonarista ao STF. Ele mandou mensagem direta para ela: “Queiroz tá preso, gado que chama né”. Como resposta, a hidrófoba Ana Paula disparou: "Viado que chama né. Hahahahaha. Bicho, tu é brega demais! Hahahahaha Socorro!".

“Ele afirma que, na hora, ficou sem reação. ‘Achei tão imaturo e tão infantil, ela me atacar desta forma por conta da minha orientação sexual ou da minha aparência física, que eu nem tive reação’, diz. Ian Sena afirma que vai fazer boletim de ocorrência do caso e estuda também entrar com uma ação contra Ana Paula”.

A ex-atleta é uma reacionária assumida – e colérica. Ela participou ativamente da cavalgada golpista pelo impeachment de Dilma Rousseff, apoiou o quadrilha de Michel Temer, fez campanha para Jair Bolsonaro e baba para o genocida Donald Trump nos EUA. Ela vive causando polêmicas nas redes sociais.

A resposta certeira da ex-jogadora Isabel

No início de junho, diante das novas agressões racistas da patética bolsonarista, a também ex-jogadora de vôlei Isabel Salgado postou uma carta didática e esclarecedora nas redes sociais. Vale conferir na íntegra:

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‘Sorrisos doces em corações azedos’. #esportepelademocracia

Ana Paula, depois de ver algumas de suas postagens, tive vontade de te responder. Como nunca tive paciência para redes sociais, fui deixando passar. De mais a mais, não há como esquecermos o fato de que as redes estão aí para dar voz a todos: muitas pessoas fantásticas e muitos.... Esse é o preço da chamada democracia digital – que sempre deve ser debatida, é claro –, mas vamos ao que interessa no momento.

Antes, preciso admitir também que sempre me senti constrangida quando lia as suas postagens. É que o seu nome está ligado ao vôlei, esporte que pratiquei durante muitos anos e, infelizmente, muitas pessoas generalizam esse tipo de fala e me perguntam se as jogadoras de vôlei são, na sua maioria, de extrema direita. Nesses momentos, eu sempre tento explicar que você está longe de representar um perfil do vôlei feminino brasileiro. E que, na verdade, o vôlei, assim como a maioria dos campos profissionais e atividades, não pode ser enquadrado em algum perfil ideológico.

Explico, também, para essas pessoas, que talvez pelo fato de você ter se casado com um americano branco, você tenha sentido a necessidade de se alinhar a uma branquitude, que tem como uma de suas características principais a incapacidade de perceber o seu lugar de privilégio, uma branquitude que naturaliza o lugar de poder branco e torna a supremacia branca uma norma. Afinal, sabemos que ser imigrante por essas bandas daí não é muito fácil, ainda mais com um biotipo latino.

Durante o período colonial, o psiquiatra Frantz Fanon explicou bem o surgimento e a formação desse desejo de identificação com o opressor entre muitos colonizados. Trata-se de uma neurose que o leva a um comportamento adoecido e alienado, por não conseguir lidar com a realidade que o cerca. A história nos ensina que o colonialismo acabou, mas ela também nos mostra que ele permanece com roupas neocoloniais. O vídeo que postou da jovem negra é exemplar de como permanece essa alienação. Temos aqui no Brasil um exemplo caricatural desse comportamento desequilibrado: o diretor da fundação Palmares.

Por isso, te sugiro prestar atenção ao que está acontecendo a sua volta. Existem muitas pessoas que permanecem nesse estágio, tentando apenas apagar suas origens não brancas.

Você posta constantemente frases e ideias que destilam muito preconceito. Mas o seu último post foi a gota d’água e me chocou e revoltou pela profunda ignorância e irresponsabilidade. Sua falta de conhecimento a respeito do racismo e do que ele significa são atrozes.

Infelizmente, o racismo existe no Brasil, nos EUA e no mundo, e muitas pessoas ainda são incapazes de enxergar uma realidade que grita com todos os pulmões. Se você quer usar dados estatísticos como argumentos, procure fontes sérias e não tendenciosas. Aí você vai entender que o racismo é um dado estrutural, que atua na política, na economia e na subjetividade, como explica tão bem o filósofo Sílvio Almeida.

Sua apologia ao governo Trump reflete muito mais o seu mal estar e quiçá o desejo de pertencimento a uma sociedade que você imagina respaldar apenas valores WASP, uma sociedade que precisou mostrar ao mundo as mais assustadoras formas de violência racial, até surgirem as primeiras grandes mudanças com Martin Luther King.

Felizmente, o racismo não só empobrece o ser humano, mas também produz cada vez mais força e resistência. E é isso que está acontecendo nesse momento nos EUA, quando milhões de pessoas de todos os grupos étnicos se unem para demonstrar o seu repúdio ao racismo que ainda atinge sobretudo os negros.

Observe atentamente a sua volta e verá que, no momento atual, a sociedade americana parece estar no caminho de mais uma mudança e mais uma conquista no rumo da igualdade.

Peço que considere a responsabilidade de ser uma pessoa com milhares de seguidores também no Brasil. Preste mais atenção ao que diz, antes de postar sobre um tema tão sério. Leia os historiadores, sociólogos, antropólogos, cientistas de várias áreas que discutem as formas e as consequências do racismo ou, pelo menos, demonstre um pouco de consciência diante do negacionismo e das barbaridades que estão acontecendo no Brasil. São tantas que se torna difícil destacar apenas uma. Se não consegue ter empatia diante da dor alheia, melhor ficar em silêncio.

Usando as redes como tem usado, você presta um desserviço no processo de combate ao racismo.

Vidas negras importam!

1 comentários:

ARM_Coder disse...

Muito texto pra uma ex-boleira que casou com um supremacista branco em troca do green card.

É gastar vela boa com defunto ruim!