Apesar de ter aparentado uma “trégua” nos ataques sistemáticos à imprensa e a jornalistas nos últimos meses, o presidente Jair Bolsonaro chegou ao número de 299 declarações ofensivas ao jornalismo, de janeiro a setembro deste ano. O monitoramento é feito pela Fenaj e inclui todas as falas do presidente que vêm a público, incluindo postagens em redes sociais, lives, entrevistas e declarações oficiais.
O total de ataques no ano corresponde a 33 casos por mês, em média. A maioria, 259, é classificada como descredibilização da imprensa, quando o presidente investe contra o jornalismo em geral, ou contra um veículo específico. Trinta e oito casos foram registrados como “ataque a jornalista”, que acontece quando Bolsonaro se dirige diretamente a algum profissional da mídia. Outros dois casos são classificados como ataque a organização sindical, momentos em que Bolsonaro investiu contra a própria Fenaj.
* Veja a linha do tempo com os ataques de Bolsonaro à imprensa no ano.
O total de ataques no ano corresponde a 33 casos por mês, em média. A maioria, 259, é classificada como descredibilização da imprensa, quando o presidente investe contra o jornalismo em geral, ou contra um veículo específico. Trinta e oito casos foram registrados como “ataque a jornalista”, que acontece quando Bolsonaro se dirige diretamente a algum profissional da mídia. Outros dois casos são classificados como ataque a organização sindical, momentos em que Bolsonaro investiu contra a própria Fenaj.
Ameaça de agressão física e desinformação
Nos últimos meses, um dos mais graves ataques foi registrado em 23 de agosto, quando questionado por um jornalista, Bolsonaro disse “Vontade de encher sua boca na porrada… seu safado”. O repórter havia perguntado ao presidente sobre um depósito de R$ 89 mil na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, feito por Fabrício Queiroz, suspeito de operar o esquema de “rachadinha” do senador Flávio Bolsonaro, filho de Jair. O episódio provocou uma reação em massa de pessoas repetindo a pergunta do jornalista nas redes sociais. Passados quase dois meses, o presidente ainda não veio a público esclarecer o depósito suspeito.
Não bastasse a gravidade da resposta de Bolsonaro, o caso foi complicado pela reação que desencadeou. Nas redes sociais, muitos apoiadores de Jair Bolsonaro exaltaram a fala do presidente, dizendo que jornalista merece sofrer agressões físicas. Muitos outros afirmaram que o repórter, na verdade, havia feito uma menção ofensiva à filha do presidente, dizendo “Vamos visitar sua filha na cadeia” antes da resposta de Bolsonaro. Na verdade, a fala foi feita por um ambulante, que disse “Vamos visitar nossa feirinha da Catedral”. O próprio presidente alimentou a informação mentirosa, postando em seu canal no youtube o vídeo em que se ouve a fala do ambulante, com o título: “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. A postagem contribuiu para a confusão, potencializando ainda mais os comentários agressivos à imprensa, com os apoiadores do presidente dizendo que a mídia havia mentido.
“Bolsonaro ataca jornalistas e a imprensa e incentiva seus apoiadores a fazerem o mesmo como tática de desinformação. Cada vez que há uma notícia apontando problemas do governo ou trazendo à tona irregularidades cometidas por seus familiares, ele lança mão da máquina da mentira e do ódio. Como o governo Bolsonaro trabalha contra o país e o povo, são quase 300 ataques à imprensa neste ano”, diz a presidenta da FENAJ, Maria José Braga.
Nos últimos meses, um dos mais graves ataques foi registrado em 23 de agosto, quando questionado por um jornalista, Bolsonaro disse “Vontade de encher sua boca na porrada… seu safado”. O repórter havia perguntado ao presidente sobre um depósito de R$ 89 mil na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, feito por Fabrício Queiroz, suspeito de operar o esquema de “rachadinha” do senador Flávio Bolsonaro, filho de Jair. O episódio provocou uma reação em massa de pessoas repetindo a pergunta do jornalista nas redes sociais. Passados quase dois meses, o presidente ainda não veio a público esclarecer o depósito suspeito.
Não bastasse a gravidade da resposta de Bolsonaro, o caso foi complicado pela reação que desencadeou. Nas redes sociais, muitos apoiadores de Jair Bolsonaro exaltaram a fala do presidente, dizendo que jornalista merece sofrer agressões físicas. Muitos outros afirmaram que o repórter, na verdade, havia feito uma menção ofensiva à filha do presidente, dizendo “Vamos visitar sua filha na cadeia” antes da resposta de Bolsonaro. Na verdade, a fala foi feita por um ambulante, que disse “Vamos visitar nossa feirinha da Catedral”. O próprio presidente alimentou a informação mentirosa, postando em seu canal no youtube o vídeo em que se ouve a fala do ambulante, com o título: “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. A postagem contribuiu para a confusão, potencializando ainda mais os comentários agressivos à imprensa, com os apoiadores do presidente dizendo que a mídia havia mentido.
“Bolsonaro ataca jornalistas e a imprensa e incentiva seus apoiadores a fazerem o mesmo como tática de desinformação. Cada vez que há uma notícia apontando problemas do governo ou trazendo à tona irregularidades cometidas por seus familiares, ele lança mão da máquina da mentira e do ódio. Como o governo Bolsonaro trabalha contra o país e o povo, são quase 300 ataques à imprensa neste ano”, diz a presidenta da FENAJ, Maria José Braga.
Discurso na ONU
O presidente também fez uso de tribuna internacional para atacar o jornalismo com mentiras. Em 22 de setembro, abrindo a 75ª Assembleia Geral da ONU, responsabilizou os jornalistas do Brasil e de todo o planeta pelas consequências da pandemia da covid-19. “Como aconteceu em grande parte do mundo, parcela da imprensa brasileira também politizou o vírus, disseminando o pânico entre a população. Sob o lema ‘fique em casa’ e ‘a economia a gente vê depois’, quase trouxeram o caos social ao país.”, disse Bolsonaro, quando o país já ultrapassava 100 mil mortos pela covid-19.
Por várias vezes, Jair Bolsonaro responsabilizou a imprensa por problemas de seu próprio governo, como as dificuldades para combater as queimadas que se espalharam pela Amazônia, Cerrado e Pantanal.
“O trabalho que realizamos com o monitoramento denota que o presidente Bolsonaro se utiliza dessa narrativa deliberada de ataques ao jornalismo como característica de seu governo. As formas de hostilização apenas mudam de local e de intensidade conforme os meses passam. Os profissionais jornalistas continuam expostos e sendo, em 2020, absurdamente acusados de serem responsáveis pela dimensão da pandemia no país, como se as consequências dela pudessem ser minimizadas ou não fossem assunto de interesse público”, finaliza Paula Zarth Padilha, diretora da Fenaj, que participa do monitoramento.
O presidente também fez uso de tribuna internacional para atacar o jornalismo com mentiras. Em 22 de setembro, abrindo a 75ª Assembleia Geral da ONU, responsabilizou os jornalistas do Brasil e de todo o planeta pelas consequências da pandemia da covid-19. “Como aconteceu em grande parte do mundo, parcela da imprensa brasileira também politizou o vírus, disseminando o pânico entre a população. Sob o lema ‘fique em casa’ e ‘a economia a gente vê depois’, quase trouxeram o caos social ao país.”, disse Bolsonaro, quando o país já ultrapassava 100 mil mortos pela covid-19.
Por várias vezes, Jair Bolsonaro responsabilizou a imprensa por problemas de seu próprio governo, como as dificuldades para combater as queimadas que se espalharam pela Amazônia, Cerrado e Pantanal.
“O trabalho que realizamos com o monitoramento denota que o presidente Bolsonaro se utiliza dessa narrativa deliberada de ataques ao jornalismo como característica de seu governo. As formas de hostilização apenas mudam de local e de intensidade conforme os meses passam. Os profissionais jornalistas continuam expostos e sendo, em 2020, absurdamente acusados de serem responsáveis pela dimensão da pandemia no país, como se as consequências dela pudessem ser minimizadas ou não fossem assunto de interesse público”, finaliza Paula Zarth Padilha, diretora da Fenaj, que participa do monitoramento.
23 ataques em lives
Enquanto evitou entrevistas coletivas, Bolsonaro usou as lives semanais para proferir ataques ao jornalismo. Foram 23 registros de julho a setembro. Em 16 de julho, sobre as queimadas ao meio ambiente, disse que a imprensa nacional e internacional “publicou mentiras, fraudou números”, sem apresentar qualquer evidência disso. Em agosto, ao questionar cobertura da TV Globo, atacou a jornalista Maju Coutinho, o que desencadeou milhares de ofensas à apresentadora nas redes sociais, com a hashtag #MajuMentirosa. Apoiadores de Maju reagiram em defesa da jornalista, com a hashtag #MajuMaravilhosa.
O presidente também usou o twitter para atacar o jornalismo profissional. Em 14 de agosto, novamente se fazendo de vítima, afirmou que “não há dúvidas de que parte da grande imprensa tradicional virou partido político de oposição ao atual governo”.
Enquanto evitou entrevistas coletivas, Bolsonaro usou as lives semanais para proferir ataques ao jornalismo. Foram 23 registros de julho a setembro. Em 16 de julho, sobre as queimadas ao meio ambiente, disse que a imprensa nacional e internacional “publicou mentiras, fraudou números”, sem apresentar qualquer evidência disso. Em agosto, ao questionar cobertura da TV Globo, atacou a jornalista Maju Coutinho, o que desencadeou milhares de ofensas à apresentadora nas redes sociais, com a hashtag #MajuMentirosa. Apoiadores de Maju reagiram em defesa da jornalista, com a hashtag #MajuMaravilhosa.
O presidente também usou o twitter para atacar o jornalismo profissional. Em 14 de agosto, novamente se fazendo de vítima, afirmou que “não há dúvidas de que parte da grande imprensa tradicional virou partido político de oposição ao atual governo”.
* Veja a linha do tempo com os ataques de Bolsonaro à imprensa no ano.
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