Não é nada trivial, para não dizer raríssimo, acontecer a súbita demissão de 6 ministros e, em pouco mais de 2 horas, todas as substituições serem velozmente processadas.
Igualmente raro é o clima geral de normalidade na imprensa e nos meios políticos com os novos titulares acomodados nas vagas abertas, sem maiores celeumas.
É custoso acreditar que haja improviso neste vertiginoso e, aparentemente, metódico processo. O contexto leva a crer que possa ter sido uma operação planejada previamente.
Afinal, só se tinha como certa e inevitável a demissão de um único ministro, o lunático Ernesto Araújo, e não se tinha a menor ideia de que o substituto seria o inerte diplomata Carlos França, que fará de boca fechada o mesmo que o bufão antecessor fazia com histrionismo.
A hipótese de a demissão coletiva ter sido mais uma encenação não deve, portanto, ser descartada, sobretudo porque são os militares que comandam o “teatro das operações”. Eles atuam permanentemente, de modo simultâneo e paralelo, ao mesmo tempo como incendiários e como bombeiros.
A partir de análises e pesquisas próprias e da leitura de estudos de especialistas na questão militar, parto do pressuposto de que Bolsonaro é um fantoche de um governo militar – que é bem diferente de um governo com militares.
O governo e todo processo é comandado pelos generais do Partido Militar – “o senhor é um dos responsáveis por eu estar aqui”, disse o agradecido Bolsonaro ao ex-comandante do Exército, general Villas Bôas.
Mas não se pode eliminar a hipótese de que o enfraquecido Bolsonaro, diante do risco de descarte pelo Partido Militar, busca ostentar sua base social explosiva: policiais militares estaduais e polícias em geral; soldados, praças e setores da oficialidade das Forças Armadas; milícias armadas e fundamentalistas religiosos. O estímulo da matilha bolsonarista à sedição dos policiais militares da Bahia e a escolha do ministro da Justiça são coerentes com a hipótese.
Mesmo esta narrativa acaba sendo benéfica para o Partido dos generais, porque ela reforça o papel que os comandos das Forças Armadas se auto-atribuem como garantidores do sistema, e assim continuam pairando como uma névoa densa acima da democracia, do Estado de Direito e das instituições civis.
Voltando à hipótese de encenação, mencionada acima, é de se perguntar: e se a mexida no ministério foi uma operação diversionista do Partido Militar, qual poderia ser a motivação para isso? A resposta à pergunta pode estar nas manchetes de capa de todos principais jornais do país. De tão uníssonas, até parece que toda imprensa apenas reproduziu o release da comunicação do Exército:
– “Bolsonaro troca 6 ministros, afaga o centrão e surpreende militares”, FSP;
– “Pressionado, Bolsonaro cede ao Centrão e tenta controlar militares”, O Globo;
– “Ministro da Defesa cai por recusar uso político das Forças Armadas”, Estadão;
– “Militares resistem a alinhamento”, Valor Econômico;
– “Bolsonaro cede a Centrão e abre crise com militares”, Correio Braziliense.
Com esta narrativa, repetida de modo automático e alienado em praticamente toda mídia, os generais tentam incutir a falsa ideia de distanciamento/dissociação das Forças Armadas do governo que foi eleito, foi montado e é gerido pelo próprio Partido Militar.
Fazem isso mesmo que um general da ativa, cumprindo missão autorizada pelo Comandante do Exército, seja o responsável objetivo e subjetivo pelo genocídio que ultrapassa 300 mil mortes.
O motivo alegado para a demissão do general Fernando Azevedo e Silva cai como uma luva para a construção da falácia: teria sido a suposta contrariedade do Bolsonaro com entrevista do general Paulo Sérgio expondo a visão científica do Exército em contraposição à posição negacionista do governo no enfrentamento da pandemia.
O superdimensionamento de benefícios ao “centrão” descrito nas manchetes e reportagens também é bastante útil à narrativa dos generais. Afinal, tentam desvincular o “puro” e incorruptível Partido Militar daqueles que um dia Augusto Heleno cantarolou “se gritar pega centrão, não fica um meu irmão”.
Ao contrário do que a mídia propaga, a mexida no ministério fortaleceu a ideia de que os generais “legalistas” [sic] são ainda mais indispensáveis no processo político.
Depois da volta do Lula, o Partido Militar move as peças do tabuleiro para ajustar sua estratégia à nova realidade. O arranjo diversionista do governo é parte deste movimento.
Em paralelo, os generais investem na formação de uma frente anti-Lula juntando a direita tradicional, a mídia hegemônica e as facções da extrema-direita – moro-lavajatista e militar-bolsonarista – para a eleição de 2022.
O general Santos Cruz e Sérgio Moro estão sendo testados como possibilidade de assumirem, desta vez, o papel de Cavalo de Tróia do Partido Militar que já foi desempenhado por Bolsonaro.
Nos últimos dias, este general que coordenou a campanha de Bolsonaro em 2018 participou de diversas transmissões pela internet, entre elas com o MBL. E o juiz-ladrão, que vem recebendo um tratamento de repaginação de imagem na mídia dominante, como no Jornal Nacional de 30/3.
Igualmente raro é o clima geral de normalidade na imprensa e nos meios políticos com os novos titulares acomodados nas vagas abertas, sem maiores celeumas.
É custoso acreditar que haja improviso neste vertiginoso e, aparentemente, metódico processo. O contexto leva a crer que possa ter sido uma operação planejada previamente.
Afinal, só se tinha como certa e inevitável a demissão de um único ministro, o lunático Ernesto Araújo, e não se tinha a menor ideia de que o substituto seria o inerte diplomata Carlos França, que fará de boca fechada o mesmo que o bufão antecessor fazia com histrionismo.
A hipótese de a demissão coletiva ter sido mais uma encenação não deve, portanto, ser descartada, sobretudo porque são os militares que comandam o “teatro das operações”. Eles atuam permanentemente, de modo simultâneo e paralelo, ao mesmo tempo como incendiários e como bombeiros.
A partir de análises e pesquisas próprias e da leitura de estudos de especialistas na questão militar, parto do pressuposto de que Bolsonaro é um fantoche de um governo militar – que é bem diferente de um governo com militares.
O governo e todo processo é comandado pelos generais do Partido Militar – “o senhor é um dos responsáveis por eu estar aqui”, disse o agradecido Bolsonaro ao ex-comandante do Exército, general Villas Bôas.
Mas não se pode eliminar a hipótese de que o enfraquecido Bolsonaro, diante do risco de descarte pelo Partido Militar, busca ostentar sua base social explosiva: policiais militares estaduais e polícias em geral; soldados, praças e setores da oficialidade das Forças Armadas; milícias armadas e fundamentalistas religiosos. O estímulo da matilha bolsonarista à sedição dos policiais militares da Bahia e a escolha do ministro da Justiça são coerentes com a hipótese.
Mesmo esta narrativa acaba sendo benéfica para o Partido dos generais, porque ela reforça o papel que os comandos das Forças Armadas se auto-atribuem como garantidores do sistema, e assim continuam pairando como uma névoa densa acima da democracia, do Estado de Direito e das instituições civis.
Voltando à hipótese de encenação, mencionada acima, é de se perguntar: e se a mexida no ministério foi uma operação diversionista do Partido Militar, qual poderia ser a motivação para isso? A resposta à pergunta pode estar nas manchetes de capa de todos principais jornais do país. De tão uníssonas, até parece que toda imprensa apenas reproduziu o release da comunicação do Exército:
– “Bolsonaro troca 6 ministros, afaga o centrão e surpreende militares”, FSP;
– “Pressionado, Bolsonaro cede ao Centrão e tenta controlar militares”, O Globo;
– “Ministro da Defesa cai por recusar uso político das Forças Armadas”, Estadão;
– “Militares resistem a alinhamento”, Valor Econômico;
– “Bolsonaro cede a Centrão e abre crise com militares”, Correio Braziliense.
Com esta narrativa, repetida de modo automático e alienado em praticamente toda mídia, os generais tentam incutir a falsa ideia de distanciamento/dissociação das Forças Armadas do governo que foi eleito, foi montado e é gerido pelo próprio Partido Militar.
Fazem isso mesmo que um general da ativa, cumprindo missão autorizada pelo Comandante do Exército, seja o responsável objetivo e subjetivo pelo genocídio que ultrapassa 300 mil mortes.
O motivo alegado para a demissão do general Fernando Azevedo e Silva cai como uma luva para a construção da falácia: teria sido a suposta contrariedade do Bolsonaro com entrevista do general Paulo Sérgio expondo a visão científica do Exército em contraposição à posição negacionista do governo no enfrentamento da pandemia.
O superdimensionamento de benefícios ao “centrão” descrito nas manchetes e reportagens também é bastante útil à narrativa dos generais. Afinal, tentam desvincular o “puro” e incorruptível Partido Militar daqueles que um dia Augusto Heleno cantarolou “se gritar pega centrão, não fica um meu irmão”.
Ao contrário do que a mídia propaga, a mexida no ministério fortaleceu a ideia de que os generais “legalistas” [sic] são ainda mais indispensáveis no processo político.
Depois da volta do Lula, o Partido Militar move as peças do tabuleiro para ajustar sua estratégia à nova realidade. O arranjo diversionista do governo é parte deste movimento.
Em paralelo, os generais investem na formação de uma frente anti-Lula juntando a direita tradicional, a mídia hegemônica e as facções da extrema-direita – moro-lavajatista e militar-bolsonarista – para a eleição de 2022.
O general Santos Cruz e Sérgio Moro estão sendo testados como possibilidade de assumirem, desta vez, o papel de Cavalo de Tróia do Partido Militar que já foi desempenhado por Bolsonaro.
Nos últimos dias, este general que coordenou a campanha de Bolsonaro em 2018 participou de diversas transmissões pela internet, entre elas com o MBL. E o juiz-ladrão, que vem recebendo um tratamento de repaginação de imagem na mídia dominante, como no Jornal Nacional de 30/3.
0 comentários:
Postar um comentário