sexta-feira, 7 de outubro de 2022

'Veja' tenta passar pano para Bolsonaro

Charge: Moa
Por Kiko Nogueira, no Diário do Centro do Mundo:

A Veja deu uma capa para passar pano para Jair Bolsonaro.

O sujeito que ataca as instituições diariamente há décadas, que ameaça golpe há quatro anos, é vendido como um liberal convertido e arrependido de atacar mulheres, público que o rejeita maciçamente.

Ao longo do papo furado, em que ele repete fake news sem ser rebatido, Bolsonaro volta a atacar Alexandres de Moraes, as urnas eletrônicas e a dar recados para sua base radicalizada.

A Veja morreu e o que está funcionando hoje é um zumbi que depende de verbas publicitárias oficiais para sobreviver por aparelhos. Não tem nem sede.

Isso ajuda a explicar o lixo de matéria. A outra parte é incompetência, mesmo, e covardia. Bolsonaro precisa parecer minimamente civilizado e a revista se presta a esse papel de puxa-saco de um tiranete de extrema-direita.

“Eu errei”, diz ele, referindo-se a um bate-­boca no Congresso em 2014, em que afirmu que só não estupraria a deputada Maria do Rosário por ela ser feia. Ele tem “lágrimas nos olhos” quando recorda que se referiu à filha como uma “fraquejada”.

“Hoje sou um liberal”, declara, emendando que quer vender praticamente tudo. Vai se comportar direitinho nos debates.

Melhor ainda: “Sou cristão e tenho uma confissão a fazer: todos os dias, dobro meus joelhos, rezo um pai-nosso e peço a Deus que o nosso povo não experimente as dores do comunismo.”

No final do lero-lero, ele fica à vontade para ser o desqualificado de sempre, divulgando teorias conspiratórias e fake news. Biden está gagá: “O peso da idade chegou mais cedo para ele”.

As Forças Armadas “têm centenas de pessoas especializadas no assunto e me dizem o seguinte: por melhor que seja o trabalho de todo mundo, pode alguém lá num cantinho burlar isso aí. Ataque hacker existe no mundo inteiro. Se conseguem invadir até os sistemas da Nasa, como posso acreditar que o nosso não pode ser vítima disso, em que pese o TSE acreditar que ele é inexpugnável?”

Que “centenas”?? Que ataque hacker, se o sistema eleitoral não está online??

Ele prossegue: “À frente hoje do TSE está justamente o Alexandre de Moraes e nos espanta a forma como ele e outros ministros dizem, com convicção: ‘Ah, o sistema é à prova de qualquer fraude’. Eles dificultaram e retardaram a participação das Forças Armadas junto ao TSE. Tem o sentimento da opinião pública que houve coisa errada. Tem esse sentimento. Sempre fico preocupado.”

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