terça-feira, 12 de abril de 2016

Os golpistas não dormirão tranquilos

Por Rubens Casara, no blog Viomundo:

Golpe, por definição, é um estratagema, um ardil, uma manobra ilegítima. Assim, por exemplo, a utilização de um cheque (uma ordem de pagamento prevista na legislação brasileira) é legítima, mas utilizar um cheque sem fundos para lesar o patrimônio de uma outra pessoa é um golpe.

Da mesma maneira, a utilização da forma jurídica “impeachment” para derrubar um governante eleito sem que exista um fato concreto que encontre adequação típica entre os “crimes de responsabilidade” é um golpe, por mais que juristas de ocasião (os chamados de “juristas de estimação das corporações midiáticas”), que sempre aparecem em contextos golpistas, busquem justificar aos olhos de uma população desinformada (desinformação, em grande medida, produzida por esses mesmos meios de comunicação) a ruptura com as regras do jogo democrático.

Corrupção e corrupções no Brasil


Por Paulo Kliass, na revista Caros Amigos:

A tentativa golpista em curso e o processo de impeachment estão ancorados na ampla campanha desenvolvida pelos grandes meios de comunicação contra a corrupção. De acordo com a narrativa consensuada de forma quase unânime entre os principais órgãos de imprensa, tudo teria começado em 2003, quando o PT chegou ao governo federal pelo voto da maioria da população. Assim, de acordo com tal visão, repetida à exaustão para todos os cantos, os períodos anteriores da história de nosso país não guardariam nenhum registro a respeito de casos de malversação de recursos públicos.

Chico, Lula e 70 mil contra o golpe

Por André Vieira, no jornal Brasil de Fato:

A Lapa, no Rio de Janeiro, voltou a ficar vermelha. Cerca de 70 mil pessoas ocuparam nesta segunda-feira (11) o histórico bairro carioca para manifestar seu repúdio ao processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Foram realizados dois atos. O primeiro na Fundição Progresso, comandado pelo cantor Chico Buarque. O segundo foi na praça dos Arcos da Lapa, convocado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela Frente Brasil Popular.

Eduardo Cunha corre contra o tempo

Por André Barrocal, na revista CartaCapital:

Réu por corrupção, vulgo “Caranguejo” na lista de doações da empreiteira Odebrecht, dramaturgo (a julgar pelas histórias contadas para se defender das acusações), Eduardo Cunha, o presidente da Câmara, merecia mais um epíteto: Senhor Impeachment.

Suas digitais estão por todo lado na tentativa de depor Dilma Rousseff, plano que recebeu sinal verde de um relatório de DNA cunhista prestes a ser votado pelos deputados. Enquanto trama para apressar o desfecho do processo contra a presidenta, o peemedebista esperava desfrutar de certo sossego em seu infortúnio pessoal. Errou.

A multidão que não sai no jornal

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

A foto aí de cima é a da multidão presente ao ato contra o golpe ontem, no Rio de Janeiro, vista dos Arcos da Lapa. Dentro do post você verá outra, de cima, onde o velho aqueduto carioca vai servir de referência para avaliar o tamanho da aglomeração de pessoas.

Fosse uma manifestação da direita, seriam 200 ou 300 mil pessoas e as fotos estariam na capa dos jornais que se penduram, como cartazes, nas bancas de jornal.

O perigoso muro da intolerância

Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

Trinta detentos da Papuda começam hoje a erigir as grades que vão separar manifestantes contra e a favor do impeachment a partir de sexta-feira, quando terá a início a sessão decisiva no plenário da Câmara, que chegará ao ápice no domingo. Símbolo da intolerância e do colapso das regras de convivência democrática, a cerca apresenta um risco de confronto é altíssimo e preocupante. A divisória planejada não terá resistência alguma diante dos ânimos que estarão bem mais exaltados que o das torcidas organizadas de Corinthians e Palmeiras no recente tumulto.

Panamá Papers, Globo e corrupção tucana

Ilustração: Alfredo Martirena
Por Patrícia Faermann, no Jornal GGN:

A relação entre a Rede Globo e o escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca, criadora de offshores para lavagem de dinheiro, foi exposta por reportagens no início do ano, com a revelação da documentação do triplex da família Marinho, em ilha de Paraty. Afora a coincidência de carregar mesmo sobrenome, o ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) de São Paulo, Robson Marinho, acusado de receber propina em esquema de corrupção da Alstom em governos tucanos, teria usado o suborno para investir em uma ilha em Paraty. A Panamá Papers deve esclarecer até que ponto essas histórias são obras do acaso, ou se complementam.

Os jornalistas em defesa da democracia

Áudio de Temer não vazou por acaso

Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador:

A mim parece evidente que o vazamento do áudio de Temer não foi acidental (clique aqui para saber mais). Aliás, isso pouca importa. O que interessa é saber se a manobra vai ajudar o peemedebista a dar o golpe, ou se vai atrapalhar.

Lembremos que a “carta chorosa” de Temer há alguns meses também foi vazada “por acaso”. Na verdade, era estratégia de comunicação, que depois se revelou desastrada.

O áudio agora vazado terá o mesmo destino? Transformar-se-á em mais um episódio patético a mostrar a pequenez de Temer? Essa é a narrativa em disputa nesse momento.

A democracia e o sistema político no Brasil

O golpe, as biografias e as reputações

Por Aldo Fornazieri, no jornal Brasil de Fato:

Aos poucos, a grande farsa, montada em torno da atual crise política para justificar o golpe e para dar-lhe aparência de legalidade constitucional, vem rompendo suas muralhas de contenção disseminando o seu cheiro fétido junto à opinião pública. Não se sabe se ainda há tempo para evitar o rompimento dessa barragem da Samarco política montada pelos golpistas. Mas a pesquisa do Datafolha do final de semana sinaliza que parte importante da sociedade já pressente o desastre que os dejetos camuflados podem produzir, transformando o Brasil numa imensa Mariana.

A nova jogada de Janot para o golpe

Por Jeferson Miola

Por que o Procurador-Geral da República Rodrigo Janot mudou o parecer inicial e passou a propor ao STF a anulação da posse de Lula na Casa Civil? O que se passou entre 28 de março, data do parecer escrito ao STF favorável à posse; e 7 de abril, quando Janot acolheu o pedido do PSDB e PPS para anular a posse?

Para justificar a mudança de posição, no novo parecer Janot invoca dois fatos que já eram fartamente conhecidos quando ele proferiu o parecer de 28 de março: [i] a delação do Senador Delcídio Amaral, divulgada com recortes pela Globo e imprensa golpista desde 3 de março; e [ii] as interceptações telefônicas ilegais da Presidente Dilma, espetáculo kafkiano levado a público pelo juiz Sérgio Moro em 16 de março.

Os golpistas e a transição de Lampedusa

Por Tarso Genro, no site Sul-21:

Dois fatos importantes, nos últimos trinta dias, marcam a descarada decadência da clandestinidade golpista. Primeiro, desorganizada e espontânea - pautada pelo oligopólio da mídia sem rumo político claro - depois, estrategicamente disseminada para “implodir” o núcleo do Planalto, esta clandestinidade se torna programa de tomada do poder. Estes dois fatos são os seguintes: primeiro fato, o gráfico de doações da Andrade Gutierrez, feitas legalmente aos partidos durante a campanha eleitoral, mostra que PSDB e PMDB somados - partidos que estão na crista do golpismo - somam 39 milhões e as doações ao PT somam menos de 15 milhões. Estes valores podem ser tidos como referência média, para as doações feitas pelas empreiteiras aos partidos eleitoralmente mais fortes; segundo fato, o alinhamento de Marina Silva com os defensores do “impeachment”, fazendo a mesma transição de dependência “carnal” com o PMDB, que todos os partidos fizeram – inclusive o PT – certamente embalada pelas pesquisas, onde ela aparece empatada com Lula. O fundamentalismo evangélico se tornando pragmatismo tradicional, propondo, como no romance de Lampedusa, mudar aparentemente tudo para não mudar concretamente nada.

Dez revelações sobre o áudio de Temer

Por Renato Rovai, em seu blog:

O áudio vazado de Temer é importante não apenas como documento histórico deste momento da vida nacional, mas também porque é revelador da alma e do caráter do vice-presidente. Segue a lista de dez características de Temer que ele revela:

1 – Temer é mentiroso: Essa é primeira coisa que fica clara. O áudio não vazou, foi vazado. Era uma ação de risco, mas tinha objetivos claros. Dizer para o povão que não vai acabar com os programas sociais e para o empresariado que vai lhes entregar a reforma da previdência o fim da CLT. E fazê-lo aparecer com tempo generoso no Jornal Nacional.

Imprensa brasileira esqueceu o que é o fato

Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:

O dia hoje iniciou-se com um episódio engraçado. O jornalista Gleen Greewald, que não tem escondido sua perplexidade com o nível de militância pró-golpe dos repórteres da Globo, menciona um tweet de Jorge Pontual, correspondente da Globo em Nova York, no qual Pontual demonstra a mais crassa ignorância sobre as leis brasileiras.


Ignorância não é crime. Mas partindo de um jornalista influente, correspondente em Nova York da maior rede de TV do Brasil, e num momento tão delicado da vida nacional, é um tropeço imperdoável.

Quer dizer, seria até perdoável, se o autor - em vista da enxurrada de críticas que recebeu - pedisse desculpas por sua ignorância.

O áudio de Temer escancara o golpe

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

O áudio gravado por Michel Temer com seu “primeiro pronunciamento nacional” é uma peça quase tão patética quanto a infame carta de rompimento com Dilma do ano passado.

Sua assessoria alega que foi por acaso que a mensagem vazou. Deveria ter ficado no “stand-by” do celular e ser liberada se a Câmara aprovasse a continuidade do impeachment antes de ir para o Senado.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Cadê o processo contra Paulinho da Força?

Por Altamiro Borges

Na sexta-feira (8), o deputado Paulinho da Força, integrante da tropa de choque do correntista suíço Eduardo Cunha e famoso por seu pragmatismo mercenário, promoveu um "ato dos sindicalistas pelo impeachment de Dilma". O evento foi um fiasco, não repercutindo sequer na mídia golpista. Segundo o insuspeito Estadão, o ato juntou "centenas de pessoas" na sede do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo - um velho reduto de pelegos ligados ao tucanato. Vários dirigentes da Força Sindical, central tratada como feudo pelo deputado da sigla Solidariedade, não compareceram ao evento e já se manifestaram publicamente contra o golpe em curso no país.

Jean Wyllys rebate matéria de O Globo

Da revista Fórum:

O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) afirmou que vai processar o jornal O Globo por conta de uma nota feita em uma das colunas do jornal. O texto sugere que o parlamentar “levou” R$ 22 milhões em emendas “individuais” para universidades do Rio.

“Na linha de frente pró-Dilma, Jean Willys (sic), do PSOL, é dos poucos que já tiveram gordas emendas individuais pagas em 2016. Foram R$ 22 milhões para UFF e UFRJ. O colega de bancada Chico Alencar levou só R$ 405 mil”, diz o texto que está na edição impressa e digital do periódico.

O 'day after' do Brasil será na rua

Por Saul Leblon, no site Carta Maior:

Seja qual for o placar da Câmara no domingo, 17, o day after da votação não inaugurará uma nova hegemonia com força e consentimento para repactuar as linhas mestras da sociedade e do desenvolvimento brasileiros.

Ao contrário.

Provavelmente apertado, o resultado reafirmará a natureza do impasse histórico em que se encontra o país.

Janot, Aécio e a conta em Liechtenstein

Por Conceição Lemes, no blog Viomundo:

Neste momento, certamente, milhares de brasileiros gostariam de perguntar ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot:

1) Por que apesar de o senador Aécio Neves, presidente Nacional do PSDB, ter sido citado por vários delatores na Operação Lava Jato, o senhor até hoje não abriu nenhum inquérito para investigá-lo?

2) Por que tamanha inação da PGR em relação ao seu conterrâneo tucano, considerando o enorme passivo judicial dele, guardado nas gavetas do Ministério Público e do Tribunal de Justiça de Minas Gerais?