Por Ishaan Tharoor, no site Carta Maior:
Pelos últimos 50 anos, as comparações se escrevem sozinhas. O presidente brasileiro Jair Bolsonaro e o ex-presidente Donald Trump foram farinhas do mesmo saco ultranacionalista. Ambos chegaram ao poder em uma onda de raiva anti-establishment. Ambos exultavam em suas reputações de dissidentes bocudos e politicamente incorretos. Ambos exploraram a guerra cultural da direita, enquanto adotavam políticas que ajudaram a impulsionar um punhado de elites ricas e erodir esforços internacionais sobre a mudança climática. Ambos se atrapalharam enquanto a pandemia do coronavírus ceifava centenas de milhares de vidas em seus países.
quinta-feira, 12 de agosto de 2021
Pulso firme, tato delicado
Por João Guilherme Vargas Netto
Retomo esta expressão do Libertador Simon Bolívar para advertir as direções sindicais (principalmente aquelas diretamente relacionadas no dia-a-dia com as bases do movimento) sobre suas dificuldades, preocupações e necessidades.
A conjuntura econômica e social é muito desfavorável e a resistência torna-se uma tarefa complexa que exige unidade, inteligência, empenho e proximidade com os trabalhadores.
Os números da economia que se recupera seguindo a letra K, ou seja, com ganhadores em cima e perdedores embaixo, não mexem na curva do desemprego e do desalento que continuam altos e são o primeiro obstáculo à ação sindical.
Retomo esta expressão do Libertador Simon Bolívar para advertir as direções sindicais (principalmente aquelas diretamente relacionadas no dia-a-dia com as bases do movimento) sobre suas dificuldades, preocupações e necessidades.
A conjuntura econômica e social é muito desfavorável e a resistência torna-se uma tarefa complexa que exige unidade, inteligência, empenho e proximidade com os trabalhadores.
Os números da economia que se recupera seguindo a letra K, ou seja, com ganhadores em cima e perdedores embaixo, não mexem na curva do desemprego e do desalento que continuam altos e são o primeiro obstáculo à ação sindical.
Bolsonaro ainda ameaça a democracia
Editorial do site Vermelho:
O processo de derretimento do governo Jair Bolsonaro ganhou capítulos emblemáticos nos últimos dias, a ponto de culminar, nesta quarta-feira (11), com a notícia de que a CPI da Covid-19 vai sugerir o indiciamento do presidente por “charlatanismo”, “curandeirismo” e “propaganda enganosa”. Embora possa parecer o desfecho natural para um governante eleito no rastro de uma campanha de fake news e desinformação, a decisão da Comissão Parlamentar de Inquérito deve fragilizar ainda mais um governo já em crise crônica.
O processo de derretimento do governo Jair Bolsonaro ganhou capítulos emblemáticos nos últimos dias, a ponto de culminar, nesta quarta-feira (11), com a notícia de que a CPI da Covid-19 vai sugerir o indiciamento do presidente por “charlatanismo”, “curandeirismo” e “propaganda enganosa”. Embora possa parecer o desfecho natural para um governante eleito no rastro de uma campanha de fake news e desinformação, a decisão da Comissão Parlamentar de Inquérito deve fragilizar ainda mais um governo já em crise crônica.
quarta-feira, 11 de agosto de 2021
Bolsonaro dependente de Lira e do Centrão
Por Jeferson Miola, em seu blog:
Para ser aprovada, a proposta de emenda constitucional do voto impresso [PEC-135] precisava de 308 votos de deputados [3/5], mas recebeu apenas 229 votos favoráveis, contrapostos por 218 contrários, 1 abstenção e 65 ausências.
No total, portanto, a PEC foi reprovada por 284 deputados/as, ou seja: 218 contra + 1 abstenção + 65 ausentes.
Para o governo, a derrota não representou exatamente uma surpresa, pois já estava politicamente contabilizada. E, aliás, com este revés previsível, Bolsonaro e os chefes-generais do governo militar ganharam a retórica que queriam para barbarizar a eleição e o clima político do país em 2022 [aqui].
Para ser aprovada, a proposta de emenda constitucional do voto impresso [PEC-135] precisava de 308 votos de deputados [3/5], mas recebeu apenas 229 votos favoráveis, contrapostos por 218 contrários, 1 abstenção e 65 ausências.
No total, portanto, a PEC foi reprovada por 284 deputados/as, ou seja: 218 contra + 1 abstenção + 65 ausentes.
Para o governo, a derrota não representou exatamente uma surpresa, pois já estava politicamente contabilizada. E, aliás, com este revés previsível, Bolsonaro e os chefes-generais do governo militar ganharam a retórica que queriam para barbarizar a eleição e o clima político do país em 2022 [aqui].
Rejeição do voto impresso não cala Bolsonaro
Por Tereza Cruvinel, no site Brasil-247:
Foi uma derrota acachapante, uma resposta eloquente ao desfile dos tanques com intenção intimidatória: na noite dessa terça-feira, a emenda do voto impresso obteve apenas 229 favoráveis
Bem menos que os 308 necessários. Votaram contra 218 deputados e 64 se ausentaram para não melindrar Bolsonaro com um voto contrário.
Ele vai respeitar o resultado, como teria prometido a Arthur Lira? Claro que não.
Era isso mesmo que ele queria, a manutenção do voto eletrônico para poder falar em fraude quando for derrotado, criar confusão e, se puder, dar seu sonhado golpe. Desacreditar o sistema eleitoral é sempre um recurso dos que procuram a ditadura.
O aparato sucateado que desfilou ontem, e o mal estar no alto comando do Exército, informam que não será tão fácil arrastar as Forças Armadas para a aventura, mas o plano segue adiante.
Foi uma derrota acachapante, uma resposta eloquente ao desfile dos tanques com intenção intimidatória: na noite dessa terça-feira, a emenda do voto impresso obteve apenas 229 favoráveis
Bem menos que os 308 necessários. Votaram contra 218 deputados e 64 se ausentaram para não melindrar Bolsonaro com um voto contrário.
Ele vai respeitar o resultado, como teria prometido a Arthur Lira? Claro que não.
Era isso mesmo que ele queria, a manutenção do voto eletrônico para poder falar em fraude quando for derrotado, criar confusão e, se puder, dar seu sonhado golpe. Desacreditar o sistema eleitoral é sempre um recurso dos que procuram a ditadura.
O aparato sucateado que desfilou ontem, e o mal estar no alto comando do Exército, informam que não será tão fácil arrastar as Forças Armadas para a aventura, mas o plano segue adiante.
Bolsonaro perde, mas mostra estar vivo
Por Fernando Brito, em seu blog:
O resultado da votação da Câmara que derrubou a Proposta de Emenda Constitucional é, certamente, uma derrota para Jair Bolsonaro por ter ficado longe de não ter alcançado os 308 votos necessários para a sua aprovação.
Mas a pseudomaioria de 229 votos – 79 a menos que o necessário -, ultrapassando em 11 o número de votos “não” mostra quão grande foi e é a pressão do governo sobre o Legislativo, mais ainda porque 50 deputados deixaram de votar, obviamente, por conta da pressão governamental.
Ao contrário do que diz o presidente da Câmara, a questão não está “encerrada” e ele próprio, ao final da votação disse que há ainda “possibilidade de entendimento entre os poderes”.
Difícil, porque não houve entendimento nem mesmo no núcleo do “Centrão”, o PP, que deu 13 “não” entre os 30 dos 41 deputados do partido que votaram.
Mas a pseudomaioria de 229 votos – 79 a menos que o necessário -, ultrapassando em 11 o número de votos “não” mostra quão grande foi e é a pressão do governo sobre o Legislativo, mais ainda porque 50 deputados deixaram de votar, obviamente, por conta da pressão governamental.
Ao contrário do que diz o presidente da Câmara, a questão não está “encerrada” e ele próprio, ao final da votação disse que há ainda “possibilidade de entendimento entre os poderes”.
Difícil, porque não houve entendimento nem mesmo no núcleo do “Centrão”, o PP, que deu 13 “não” entre os 30 dos 41 deputados do partido que votaram.
A conta simplista do apoio ao voto impresso
Por Moisés Mendes, no Diário do Centro do Mundo:
Todos os 229 deputados que apoiaram a proposta de emenda do voto impresso são defensores da tese bolsonarista ou são próximos ou seguidores incondicionais de Bolsonaro?
Não. Claro que não.
A indução a esse erro, que se dissemina em algumas análises apressadas, só contribui para a confusão a serviço de Bolsonaro.
São conclusões simplistas que tentam fazer também uma conexão entre a votação de ontem e os indícios (que teriam saído dessa votação) de que se reduziu a possibilidade de impeachment de Bolsonaro.
A proposta de voto impresso não era, para a maioria dos que a apoiaram, uma ideia comprometedora.
Ah, dizem, mas era defendida por Bolsonaro. Sim, o grande defensor do voto impresso é Bolsonaro.
Todos os 229 deputados que apoiaram a proposta de emenda do voto impresso são defensores da tese bolsonarista ou são próximos ou seguidores incondicionais de Bolsonaro?
Não. Claro que não.
A indução a esse erro, que se dissemina em algumas análises apressadas, só contribui para a confusão a serviço de Bolsonaro.
São conclusões simplistas que tentam fazer também uma conexão entre a votação de ontem e os indícios (que teriam saído dessa votação) de que se reduziu a possibilidade de impeachment de Bolsonaro.
A proposta de voto impresso não era, para a maioria dos que a apoiaram, uma ideia comprometedora.
Ah, dizem, mas era defendida por Bolsonaro. Sim, o grande defensor do voto impresso é Bolsonaro.
Os tanques e a masculinidade de Bolsonaro
Por Altamiro Borges
O patético desfile de tanques desta terça-feira (10) – que visava intimidar os deputados, mas não conseguiu impedir a derrota do projeto diversionista do voto impresso – serviu para desmoralizar ainda mais Jair Bolsonaro. Ele virou motivo de chacota no Brasil e no exterior. Há comentários para todos os gostos – dos mais sérios aos mais hilários.
Aqui vale registrar a análise do renomado psicanalista Christian Dunker, postada pelo jornalista Leonardo Sakamoto no site UOL. Para ele, o desfile revelou a frágil masculinidade do fascista. "Quando o governante vê o seu poder e, logo, a sua virilidade ameaçada (porque faz essa circulação libidinal de uma coisa com outra), inventa um ritual de exibição pública... A 'bravata' pode ter efeitos reais, mas vai se mostrando ridícula porque todos percebem o que ela significa".
O patético desfile de tanques desta terça-feira (10) – que visava intimidar os deputados, mas não conseguiu impedir a derrota do projeto diversionista do voto impresso – serviu para desmoralizar ainda mais Jair Bolsonaro. Ele virou motivo de chacota no Brasil e no exterior. Há comentários para todos os gostos – dos mais sérios aos mais hilários.
Aqui vale registrar a análise do renomado psicanalista Christian Dunker, postada pelo jornalista Leonardo Sakamoto no site UOL. Para ele, o desfile revelou a frágil masculinidade do fascista. "Quando o governante vê o seu poder e, logo, a sua virilidade ameaçada (porque faz essa circulação libidinal de uma coisa com outra), inventa um ritual de exibição pública... A 'bravata' pode ter efeitos reais, mas vai se mostrando ridícula porque todos percebem o que ela significa".
terça-feira, 10 de agosto de 2021
Indígenas denunciam Bolsonaro no TIP em Haia
Por Altamiro Borges
No Dia Mundial dos Indígenas, lembrado em 9 de agosto, entidades brasileiras apresentaram ao Tribunal Penal Internacional (TIP), em Haia (Holanda), mais uma denúncia contra o "capetão" Jair Bolsonaro por crimes contra a humanidade e genocídio. O documento tem 150 páginas e lista uma série de atrocidades cometidas no Brasil nestes tempos de fascismo e obscurantismo.
A denúncia foi elaborada pela Apib (Articulação de Povos Indígenas do Brasil), que reúne entidades como a Apoinme (Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo), o Conselho do Povo Terena e a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira. Ela expressa a opinião da quase totalidade das comunidades indígenas organizadas no país.
No Dia Mundial dos Indígenas, lembrado em 9 de agosto, entidades brasileiras apresentaram ao Tribunal Penal Internacional (TIP), em Haia (Holanda), mais uma denúncia contra o "capetão" Jair Bolsonaro por crimes contra a humanidade e genocídio. O documento tem 150 páginas e lista uma série de atrocidades cometidas no Brasil nestes tempos de fascismo e obscurantismo.
A denúncia foi elaborada pela Apib (Articulação de Povos Indígenas do Brasil), que reúne entidades como a Apoinme (Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo), o Conselho do Povo Terena e a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira. Ela expressa a opinião da quase totalidade das comunidades indígenas organizadas no país.
A fila do osso de boi e a fila do Porsche
Por Altamiro Borges
O Brasil é mesmo o país dos contrastes. Em um extremo, o da maioria da população, pessoas na fila de um açougue por ossos de boi, 19 milhões de brasileiros com fome crônica, 50 milhões em insegurança alimentar e 15 milhões de desempregados. No outro extremo, o da minoria burguesa egoísta, uma fila de 1.500 ricaços para comprar um carro Porsche a partir de R$ 508 mil.
Segundo relato da Folha, "parte dos showrooms da Stuttgart, revendedora de carros Porsche que responde pela maior parte do mercado da marca no Brasil, foi completamente esvaziado. A fila de espera pelos veículos tem, hoje, 1.500 compradores, e a entrega pode levar de seis a oito meses, dependendo do modelo".
O Brasil é mesmo o país dos contrastes. Em um extremo, o da maioria da população, pessoas na fila de um açougue por ossos de boi, 19 milhões de brasileiros com fome crônica, 50 milhões em insegurança alimentar e 15 milhões de desempregados. No outro extremo, o da minoria burguesa egoísta, uma fila de 1.500 ricaços para comprar um carro Porsche a partir de R$ 508 mil.
Segundo relato da Folha, "parte dos showrooms da Stuttgart, revendedora de carros Porsche que responde pela maior parte do mercado da marca no Brasil, foi completamente esvaziado. A fila de espera pelos veículos tem, hoje, 1.500 compradores, e a entrega pode levar de seis a oito meses, dependendo do modelo".
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