terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A "briga de foice" entre os tucanos

Por Altamiro Borges

Josias de Souza, um dos colunistas da Folha mais chegados do ninho tucano, publicou uma notinha reveladora na semana passada. "Disputa pelo comando do PSDB virou ‘briga de foice’", afirmava no título. "Partido de amigos 100% feito de inimigos, o PSDB simula unidade em público e guerreia em privado", alfinetava na sequência.

O motivo principal desta "autoflagelação", que não ocupa as manchetes dos jornalões nem os comentários irônicos nas telinhas, seria a disputa pela presidência da legenda. Numa manobra agressiva, que conseguiu a adesão da maioria dos parlamentares eleitos pelo PSDB, Aécio Neves está bancando a recondução de Sérgio Guerra com o nítido objetivo de escantear José Serra.

"Guerra de foice no escuro"

Ainda segundo o bem-enturmado Josias, surpreendido com o golpe matreiro do mineiro, o paulista "abriu contra Guerra, ex-coordenador de sua campanha presidencial, uma guerra de foice no escuro. Sob refletores, Guerra diz que não discute com Serra. Meia verdade. A verdade inteira é que a dupla já nem se fala... A trinca nas relações é do tipo irrestaurável".

Esta guerra explica porque a direção do PSDB ressuscitou a múmia de FHC no seu programa de TV - outro motivo de mágoa do tucano derrotado nas urnas e agora descartado pela legenda. "Além da irritação com o abaixo-assinado pró-Guerra, Serra atribui ao comando partidário sua exclusão do programa televisivo levado ao ar na quinta (3)", descreve o colunista da Folha.

"Um Waterllo anunciado"

A "briga de foice" entre os tucanos e o inferno dos demos - outro capítulo dos traumas vividos pela direita nativa pós-resultado do pleito de 2010 - têm preocupado a mídia demotucana. Vários dos seus "calunistas" parecem rezar pela reunificação da direita; eles fazem apelos quase diários por uma oposição unida e mais dura nas críticas ao governo Dilma Rousseff.

Como alerta Josias de Souza, "a quatro anos de 2014, o PSDB cozinha em banho-maria o mesmo pudim envenenado que o desuniu em três derrotas: 2002, 2006 e 2010. Unificada, a maior legenda da oposição iria à próxima batalha com duvidosas chances de êxito. Atomizada, vai ao front como protagonista de um Waterloo anunciado".

3 comentários:

Anônimo disse...

Briga de foice, engraçado, depois vão dizer que é coisa de comunista.

Anônimo disse...

Brigam os tucanos, mas outras brigas interessantes ocorrem do lado de cá.
E para combater a fetichização da tecnologia que assolou o país no último mês - no rastro dessa celeuma descomunal pelo fato da Ministra Ana de Hollanda ter descredenciado a licença Creative Commons,tida pelos seguidores do Movimento Cultura Livre, braço tupiniquim, como uma suprema maravilha - nada melhor do que ler um inteligente e sagaz artigo do jornalista Pedro Ayres em:
http://pedroayres.blogspot.com/2011/02/cultura-livre-capitalismo-bonzinho-e.html
Ainda não tinha compreendido o que havia por trás do tremendo auê. Agora ficou tudo clarito, clarito!
Os detratores da Ministra são aficcionados do Richard Stallmann e do Lessig e, para eles, dane-se a Ministra.
O Movimento de Cultura Livre é ligado aos Partidos Verdes all around the world!
Então tá tudo explicado! Até a surpreendente votação da Marina Silva.
Aline

Anônimo disse...

O PSDB, pelo último programa na TV e independemente de quem ganhe a briga de foice, vai investir na fórmula errada de se travestir de UDN e criticar o governo sem um plano alternativo e baseando-se apenas em sua "pureza de caráter" contra o "governo mais corrupto da história do universo, ainda por cima bolchevista e que ameaça a liberdade de imprensa".

A mídia e os conservadores, na falta de opção, apegam-se a eles e os forçam ainda mais a manter esse discurso - que "docemente constrangidos" aceitam esse papel.