Por Marco Aurélio Mello, no blog DoLaDoDeLá:
Seria de uma ingenuidade tremenda achar que, porque mudou uma das apresentadoras do telejornal, ele ficaria diferente no conteúdo, no dia seguinte. Para fazer o Jornal Nacional são, por baixo, 150 jornalistas em todo o país envolvidos diretamente com ele.
O Jornal nasce no dia anterior, quando a rede (conjunto de produtores baseados no Rio de Janeiro) reúne as ofertas das praças numa previsão. São matérias produzidas, ou a continuação das matérias factuais (suítes). Claro que muitas delas cairão no dia seguinte, conforme a necessidade de "virar" a pauta. Mas existe uma espinha dorsal, chamada no jargão de pré-espelho do jornal.
Numa reunião por volta de meio-dia, começa a nascer o telejornal daquela noite. Ali serão lançadas as ofertas na grade, por ordem de importância. Cabe ao editor-chefe balancear a participação de todos e a fatia de tempo que cada um terá.
Há que se ter um certo jogo de cintura para acomodar tantas pressões: do patrão que recebeu um prêmio, do diretor de praça que não está participando muito do telejornal e se sente desprestigiado, do governador que pediu espaço, do erro cometido no dia anterior, que carece de reparo, do repórter especial, cuja matéria foi engavetada no dia anterior e fez biquinho. Editorias de internacional, esportes, chamadas de outros programas... E por aí vai.
Mudar um produto com esse grau de organização e complexidade exige - antes de tudo - uma mudança de cultura. Algo que não nasce da noite para o dia. A maioria dos profissionais que estão nestas funções têm, pelo menos, 10 anos de casa. Portanto, já estão com a cabeça "formatada" e, não raro, reproduzem mecanicamente as certezas e recomendações da casa em relação aos temas.
Dou um exemplo. A casa gosta de impostômetro, combate à pirataria, ecologia, economia, política, defesa do consumidor. A casa não gosta de minorias, de Enem, de cotas, de índio, de falar mal de cerveja, de denúncias contra laboratórios médicos, e assim por diante...
Para resumir, Patrícia Poeta será a nova apresentadora do Jornal Nacional e ponto. Nada que vier a acontecer com a qualidade da cobertura jornalística daqui para frente vai depender da sua presença na bancada, ainda que tenha papel de editora-executiva. Pelos menos por enquanto, tudo fica como sempre foi. Até quando? Só Deus sabe...
Seria de uma ingenuidade tremenda achar que, porque mudou uma das apresentadoras do telejornal, ele ficaria diferente no conteúdo, no dia seguinte. Para fazer o Jornal Nacional são, por baixo, 150 jornalistas em todo o país envolvidos diretamente com ele.
O Jornal nasce no dia anterior, quando a rede (conjunto de produtores baseados no Rio de Janeiro) reúne as ofertas das praças numa previsão. São matérias produzidas, ou a continuação das matérias factuais (suítes). Claro que muitas delas cairão no dia seguinte, conforme a necessidade de "virar" a pauta. Mas existe uma espinha dorsal, chamada no jargão de pré-espelho do jornal.
Numa reunião por volta de meio-dia, começa a nascer o telejornal daquela noite. Ali serão lançadas as ofertas na grade, por ordem de importância. Cabe ao editor-chefe balancear a participação de todos e a fatia de tempo que cada um terá.
Há que se ter um certo jogo de cintura para acomodar tantas pressões: do patrão que recebeu um prêmio, do diretor de praça que não está participando muito do telejornal e se sente desprestigiado, do governador que pediu espaço, do erro cometido no dia anterior, que carece de reparo, do repórter especial, cuja matéria foi engavetada no dia anterior e fez biquinho. Editorias de internacional, esportes, chamadas de outros programas... E por aí vai.
Mudar um produto com esse grau de organização e complexidade exige - antes de tudo - uma mudança de cultura. Algo que não nasce da noite para o dia. A maioria dos profissionais que estão nestas funções têm, pelo menos, 10 anos de casa. Portanto, já estão com a cabeça "formatada" e, não raro, reproduzem mecanicamente as certezas e recomendações da casa em relação aos temas.
Dou um exemplo. A casa gosta de impostômetro, combate à pirataria, ecologia, economia, política, defesa do consumidor. A casa não gosta de minorias, de Enem, de cotas, de índio, de falar mal de cerveja, de denúncias contra laboratórios médicos, e assim por diante...
Para resumir, Patrícia Poeta será a nova apresentadora do Jornal Nacional e ponto. Nada que vier a acontecer com a qualidade da cobertura jornalística daqui para frente vai depender da sua presença na bancada, ainda que tenha papel de editora-executiva. Pelos menos por enquanto, tudo fica como sempre foi. Até quando? Só Deus sabe...
1 comentários:
Pra mim mudou a muito tempo. E pra melhor pra mim. Não assisto mais.
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