Por Flávio Aguiar, na Rede Brasil Atual:
Na Austrália, ainda está para ser esclarecido o que de fato aconteceu. Como um homem perto de seus 50 anos, com uma alentada ficha criminal, conseguiu uma arma – e ao que parece porte de arma – para fazer reféns quase 30 pessoas num café de Sidney, levando à catástrofe que se seguiu, com três mortos – uma mulher mãe de três filhos e o gerente de café, além do agressor.
Também ontem, no Paquistão, um ataque do Talibã a uma escola de Peshawar matou 132 crianças e deixou 121 feridas, além de matar nove professores, incluindo a diretora e ferir outros três. Aparentemente, os assaltantes também morreram. A ver.
A desculpa foi "fazer os agressores sentirem o que nós sentimos", referindo-se a ações do exército paquistanês no Afeganistão, na Cashemira e no próprio país. Não é uma justificativa, é uma atrocidade.
Aqui na Alemanha, às segundas-feiras, o movimento PEGIDA vem fazendo manifestações contra abrigos para refugiados estrangeiros. Os mentores do grupo – cuja sigla quer dizer “Patriotische Europäer gegen Islamisierung des Abendlandes” – “Patriotas europeus contra a islamização do Ocidente” – são claramente neonazis.
Congregam o pior que há na Alemanha: ressentimento contra estrangeiros, homofobia, transformação dos “Ausländers” e do Islã em bodes expiatórios da crise econômica permanente. Mais: a hipocrisia, manifesta na ideia de “Patriotismo europeu”. É feio ter “Patriotismo alemão”, herança do nazismo. Então se adota a difusão continental do “patriotismo”...
A preocupação dos analistas e políticos por aqui assinala que pela primeira vez um movimento neonazi (agora dizendo que quer proteger a tradição judaico(!)-cristã da Europa contra a “violenta ideologia” do Islã) está atraindo milhares de pessoas que não são neonazis. Na última manifestação, em Dresden, havia 15 mil pessoas. Ouviam-se invectivas como a de que os refugiados conseguem o que os alemães não têm...
Parece aquilo que se dizia dos judeus nos anos 30 do século passado: eles eram todos ricos, o que era mentira, e os alemães, na maioria, estavam pobres, o que era verdade. Só que desta vez a maioria dos alemães não está pobre, embora a situação esteja pior do que aparece nos comentários algo edulcorados do governo e da maior parte da mídia. E o alvo não são os judeus, mas os refugiados do terceiro mundo e os islâmicos.
Nos Estados Unidos o racismo está em revoada. Nunca desapareceu. Mas está em alta, sobretudo com as decisões de Grandes Júris de não permitir que policiais brancos passem por processo por matarem jovens negros em circunstâncias suspeitas, para dizer o mínimo.
Na América Latina a direita, derrotada nas urnas na maioria das eleições, escabuja (como diria Euclides da Cunha) preconceitos de todos os tipos na mídia e na web. Outro dia vi horrorizado a manifestação de uma pessoa conhecida, diante da ridícula declaração de Bolsonaro sobre Maria do Rosário sequer merecer um estupro...
Estarrecedor, bem como o comportamento leniente (mas nada surpreendente) de parte da nossa tão solerte quanto anacrônica mídia conservadora em relação aos grupos que pedem o impeachment ou o golpe militar.
Se olharmos nosso horóscopo para 2015, veremos nuvens carregadas à frente. Muita coragem, porque o que vem por aí não será fácil.
Também ontem, no Paquistão, um ataque do Talibã a uma escola de Peshawar matou 132 crianças e deixou 121 feridas, além de matar nove professores, incluindo a diretora e ferir outros três. Aparentemente, os assaltantes também morreram. A ver.
A desculpa foi "fazer os agressores sentirem o que nós sentimos", referindo-se a ações do exército paquistanês no Afeganistão, na Cashemira e no próprio país. Não é uma justificativa, é uma atrocidade.
Aqui na Alemanha, às segundas-feiras, o movimento PEGIDA vem fazendo manifestações contra abrigos para refugiados estrangeiros. Os mentores do grupo – cuja sigla quer dizer “Patriotische Europäer gegen Islamisierung des Abendlandes” – “Patriotas europeus contra a islamização do Ocidente” – são claramente neonazis.
Congregam o pior que há na Alemanha: ressentimento contra estrangeiros, homofobia, transformação dos “Ausländers” e do Islã em bodes expiatórios da crise econômica permanente. Mais: a hipocrisia, manifesta na ideia de “Patriotismo europeu”. É feio ter “Patriotismo alemão”, herança do nazismo. Então se adota a difusão continental do “patriotismo”...
A preocupação dos analistas e políticos por aqui assinala que pela primeira vez um movimento neonazi (agora dizendo que quer proteger a tradição judaico(!)-cristã da Europa contra a “violenta ideologia” do Islã) está atraindo milhares de pessoas que não são neonazis. Na última manifestação, em Dresden, havia 15 mil pessoas. Ouviam-se invectivas como a de que os refugiados conseguem o que os alemães não têm...
Parece aquilo que se dizia dos judeus nos anos 30 do século passado: eles eram todos ricos, o que era mentira, e os alemães, na maioria, estavam pobres, o que era verdade. Só que desta vez a maioria dos alemães não está pobre, embora a situação esteja pior do que aparece nos comentários algo edulcorados do governo e da maior parte da mídia. E o alvo não são os judeus, mas os refugiados do terceiro mundo e os islâmicos.
Nos Estados Unidos o racismo está em revoada. Nunca desapareceu. Mas está em alta, sobretudo com as decisões de Grandes Júris de não permitir que policiais brancos passem por processo por matarem jovens negros em circunstâncias suspeitas, para dizer o mínimo.
Na América Latina a direita, derrotada nas urnas na maioria das eleições, escabuja (como diria Euclides da Cunha) preconceitos de todos os tipos na mídia e na web. Outro dia vi horrorizado a manifestação de uma pessoa conhecida, diante da ridícula declaração de Bolsonaro sobre Maria do Rosário sequer merecer um estupro...
Estarrecedor, bem como o comportamento leniente (mas nada surpreendente) de parte da nossa tão solerte quanto anacrônica mídia conservadora em relação aos grupos que pedem o impeachment ou o golpe militar.
Se olharmos nosso horóscopo para 2015, veremos nuvens carregadas à frente. Muita coragem, porque o que vem por aí não será fácil.
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