Por Pedro Zambarda, no blog Diário do Centro do Mundo:
Por trás das acusações pesadas ao BNDES, que financia do agronegócio, passando pela indústria e até mercados tecnológicos de pequenas empresas como os games – o banco é o maior financiador deste segmento –, existe uma campanha de ataque aos investimentos públicos.
Essa é a tese da economista Laura Carvalho, professora do departamento de Economia da FEA-USP e colunista do jornal Folha de S.Paulo.
Com doutorado na New School for Social Research (NYC), crítica do governo Temer e das políticas recessivas de seu ministro da Fazenda Henrique Meirelles, Laura afirma que o presidente “rouba mas reforma” e isenta os mais ricos do “pacote de maldades” em seus textos.
O DCM entrevistou Laura Carvalho sobre o caos políticos, o real papel do BNDES e a campanha de Michel Temer para se manter no poder, além das eleições indiretas contra as diretas.
Qual é a sua visão sobre as últimas declarações do presidente Temer de que a “recessão acabou”?
Não há nenhum elemento econômico que aponte para o fim da recessão. Isso pode vir a acontecer e não seria surpreendente depois de dois anos de queda vir uma recuperação.
Agora o que surpreendeu é que se esperava algum retorno baixo de crescimento no investimento e no consumo interno de famílias e estes dois índices caíram mais uma vez depois de uma queda de dois anos apontada pelo IBGE.
Isso realmente mostra que a economia está pior do que as previsões dos mais pessimistas. O pequeno crescimento do PIB vem da supersafra de soja e de milho, que já sabemos que não se reproduziu nos últimos meses diferente do que foi aferido na pesquisa.
Teve em curso também a mudança do indicador no IBGE no setor de serviços. A gente não sabe de quanto mas teve uma revisão e uma reponderação dos dados do Banco Central.
Em suma, a situação ainda é realmente preocupante especialmente envolvendo os dados do emprego porque não bastaria sair da recessão para resolver o problema do mercado de trabalho. Precisaria de uma retomada mais substancial mais rápida.
É coisa que ainda não está no horizonte, porque os dados não estão apontando as consequências do recente ambiente político.
Você acha que delações da JBS podem afetar a pequena expansão do agronegócio ou os danos são mais políticos do que econômicos?
Não. Eu acho que não vão afetar a economia. O caos financeiro não tem uma relação direta com o que está acontecendo na economia real. As ações da JBS já voltaram a subir, mas a incerteza e a volatilidade do câmbio, com o sobe e desce do dólar, isso sim pode afetar os nossos investimentos.
Você diz que não há incoerência entre crescimento e distribuição de renda. No entanto, as recentes denúncias colocam em cheque os “campeões nacionais” dos governos Lula e Dilma?
Diria que sim, mas eu não diria que é totalmente verdadeira de que houve uma política totalmente orientada para campeões nacionais. Quando você vai olhar os dados, a coisa não é bem assim.
O BNDES faz um número muito grande de operações para pequenas empresas, para inovação, para desenvolvimento sustentável, entre outras iniciativas.
No entanto eu não acho que o papel do banco é consolidar setores que já estão fortes. Um banco de desenvolvimento é particularmente importante para quem precisa crescer, sobretudo considerando atividades que representam muito risco e custo muito alto. Um exemplo são as próprias atividades inovadoras, energia eólica e energia solar são importantes para estes agentes.
Você acha que essa elite que não lidou bem com a recessão econômica é quem está jogando contra um novo programa econômico vindo de uma eleição direta?
Sim. Eu acredito que há uma campanha que se aproveita de denúncias de corrupção, que tem que ser investigadas para deixar de influir em várias esferas como o financiamento das eleições, para atacar o próprio Estado.
Há uma campanha para atacar a própria existência do BNDES e todos os mecanismos de crescimento inclusivo e sustentável.
São esses grupos que sustentam o governo e as eleições indiretas, certo?
Sim. De modo geral são grupos que se aliaram para colocar Michel Temer na presidência. E eles agora oscilam entre mantê-lo no cargo ou colocar outro Temer, de mesmo modelo econômico, no governo.
A demissão de Maria Silvia Bastos no dia 26 de maio e o início da CPI do BNDES em plena delação premiada da JBS movimentaram o noticiário econômico junto com o político.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, criado em 1952, é apontado como uma das empresas públicas federais que abasteceu o caixa dois de partidos nos escândalos da Lava Jato.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, criado em 1952, é apontado como uma das empresas públicas federais que abasteceu o caixa dois de partidos nos escândalos da Lava Jato.
Por trás das acusações pesadas ao BNDES, que financia do agronegócio, passando pela indústria e até mercados tecnológicos de pequenas empresas como os games – o banco é o maior financiador deste segmento –, existe uma campanha de ataque aos investimentos públicos.
Essa é a tese da economista Laura Carvalho, professora do departamento de Economia da FEA-USP e colunista do jornal Folha de S.Paulo.
Com doutorado na New School for Social Research (NYC), crítica do governo Temer e das políticas recessivas de seu ministro da Fazenda Henrique Meirelles, Laura afirma que o presidente “rouba mas reforma” e isenta os mais ricos do “pacote de maldades” em seus textos.
O DCM entrevistou Laura Carvalho sobre o caos políticos, o real papel do BNDES e a campanha de Michel Temer para se manter no poder, além das eleições indiretas contra as diretas.
Qual é a sua visão sobre as últimas declarações do presidente Temer de que a “recessão acabou”?
Não há nenhum elemento econômico que aponte para o fim da recessão. Isso pode vir a acontecer e não seria surpreendente depois de dois anos de queda vir uma recuperação.
Agora o que surpreendeu é que se esperava algum retorno baixo de crescimento no investimento e no consumo interno de famílias e estes dois índices caíram mais uma vez depois de uma queda de dois anos apontada pelo IBGE.
Isso realmente mostra que a economia está pior do que as previsões dos mais pessimistas. O pequeno crescimento do PIB vem da supersafra de soja e de milho, que já sabemos que não se reproduziu nos últimos meses diferente do que foi aferido na pesquisa.
Teve em curso também a mudança do indicador no IBGE no setor de serviços. A gente não sabe de quanto mas teve uma revisão e uma reponderação dos dados do Banco Central.
Em suma, a situação ainda é realmente preocupante especialmente envolvendo os dados do emprego porque não bastaria sair da recessão para resolver o problema do mercado de trabalho. Precisaria de uma retomada mais substancial mais rápida.
É coisa que ainda não está no horizonte, porque os dados não estão apontando as consequências do recente ambiente político.
Você acha que delações da JBS podem afetar a pequena expansão do agronegócio ou os danos são mais políticos do que econômicos?
Não. Eu acho que não vão afetar a economia. O caos financeiro não tem uma relação direta com o que está acontecendo na economia real. As ações da JBS já voltaram a subir, mas a incerteza e a volatilidade do câmbio, com o sobe e desce do dólar, isso sim pode afetar os nossos investimentos.
Você diz que não há incoerência entre crescimento e distribuição de renda. No entanto, as recentes denúncias colocam em cheque os “campeões nacionais” dos governos Lula e Dilma?
Diria que sim, mas eu não diria que é totalmente verdadeira de que houve uma política totalmente orientada para campeões nacionais. Quando você vai olhar os dados, a coisa não é bem assim.
O BNDES faz um número muito grande de operações para pequenas empresas, para inovação, para desenvolvimento sustentável, entre outras iniciativas.
No entanto eu não acho que o papel do banco é consolidar setores que já estão fortes. Um banco de desenvolvimento é particularmente importante para quem precisa crescer, sobretudo considerando atividades que representam muito risco e custo muito alto. Um exemplo são as próprias atividades inovadoras, energia eólica e energia solar são importantes para estes agentes.
Você acha que essa elite que não lidou bem com a recessão econômica é quem está jogando contra um novo programa econômico vindo de uma eleição direta?
Sim. Eu acredito que há uma campanha que se aproveita de denúncias de corrupção, que tem que ser investigadas para deixar de influir em várias esferas como o financiamento das eleições, para atacar o próprio Estado.
Há uma campanha para atacar a própria existência do BNDES e todos os mecanismos de crescimento inclusivo e sustentável.
São esses grupos que sustentam o governo e as eleições indiretas, certo?
Sim. De modo geral são grupos que se aliaram para colocar Michel Temer na presidência. E eles agora oscilam entre mantê-lo no cargo ou colocar outro Temer, de mesmo modelo econômico, no governo.
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