domingo, 11 de abril de 2021

Zerar as mortes por Covid no Brasil

Por Ubiratan Paula Santos, no blog Viomundo:

São três as prioridades e desafios para o Brasil em 2021

1. Acabar com as mortes por Covid-19

2. Acabar com as mortes por Covid-19

3. Acabar com as mortes por Covid-19

A meta de zerar as mortes por Covid-19 dos brasileiros é a medida que articula e engloba todas as ações que podem melhorar a vida do povo a curto prazo e redirecionar o rumo do País em direção à redução progressiva das desigualdades sociais, econômicas, culturais e políticas, latus sensus.

Zerar as mortes por Covid-19 é a mãe de todas as atividades políticas, pois considera que:

1. São inaceitáveis adoecimento e morte, se podemos evitar.

2. Devido aos erros do governo federal, não temos nem teremos vacinação em massa e rápida de toda a população (idealmente vacinar todos até julho).

Mas deve-se dar apoio total à produção de imunizante pelos laboratórios brasileiros, bem como para a compra de vacinas fabricadas em outros países, para acelerar a vacinação da população em 2021.

3. Devemos manter o isolamento físico ao máximo, até que o número de pessoas infectadas desça ao nível de março de 2020 (menos de 500 casos/dia me todo o país).

Isto implica adoção, como tem sido proposto por vários especialistas, de rigoroso e imediato lockdown nacional por, pelo menos, um mês. Seguido - acréscimo meu - de estratégias de retorno às atividades, alternando 15 dias de trabalho e 15 dias de parada completa.

Não há retomada da atividade econômica sem preservar vidas, sem o controle da pandemia.

4. Para que o lockdown seja possível, as pessoas desempregadas devem receber auxílio emergencial até o controle da pandemia e melhora da atividade econômica que permita a transição do auxílio para o trabalho remunerado. Os sindicatos de trabalhadores e partidos de oposição sugerem R$600,00/pessoa/mês.

5. Medidas de apoio às pequenas e médias empresas são fundamentais para manterem suas atividades, sem demissões e com registro formal dos trabalhadores.

6. Apoio obrigatório (fornecimento de máscaras mais eficazes – modelos PFF2, N95 ou equivalentes) e orientação a todos os trabalhadores nas atividades essenciais e nas demais quando ocorrer o retorno ao trabalho. É para que tenham a máxima segurança tecnicamente conhecida.

7. Fortalecimento do SUS, com o aumento de seus recursos para a atenção à saúde (envolve o atendimento das pessoas e todas as ações necessárias de prevenção), aquisição de insumos e funcionamento ampliado da rede de laboratórios públicos.

O adiamento de consultas e procedimentos devido à pandemia, as sequelas da covid e o esgotamento de profissionais de saúde impõem ampliação e qualificação das atividades do SUS pós-pandemia e não recuo delas.

No Reino Unido, o sistema de saúde estabeleceu o valor de 11,2 bilhões de dólares para lidar com o acúmulo de cuidados causados pela covid-19 e fornecer mais apoio para trabalhadores de saúde esgotados (BMJ de 09/04/2021).

8. Fortalecer todas as instituições universitárias públicas para acelerar as pesquisas sobre identificação de variantes virais, desenvolvimento de vacinas, equipamentos e insumos nacionais para o setor saúde.

9. Dotar toda a rede do SUS com capacidade imediata de testar todos os indivíduos sintomáticos ou que tiverem contatos com pessoas infectadas. Os resultados devem ficar prontos em até 24 horas, para permitir adoção rápida de medidas de isolamento.

Atualmente, os testes (RT-PCR ou teste para identificação de antígeno viral) não são feitos em muitas cidades ou os resultados demoram de 5-10 dias para sair.

10. É inaceitável qualquer tentativa de furar a fila da vacinação, por puro diversionismo e tentativa de cooptação de trabalhadores por empresários com apoio majoritário do Congresso Nacional.

É preciso barrar a aprovação no Senado. E, se aprovado o projeto, inviabilizar sua efetivação. Nada contra que empresários contratem falsa enfermeira e se submetam à aplicação de soro fisiológico, como o ocorrido em Minas Gerais, mas que usem máscaras.

11. Considerar crime o incentivo e a prescrição por médicos dos chamados kits para “prevenção” ou “tratamento precoce”. Além de desinformar a população, dão a falsa sensação de proteção e ainda submetem os usuários aos colaterais desses medicamentos.

Instituições e médicos que preconizam ou autorizam o uso dos “kits covid” devem ser denunciados e processados em cada cidade.

12. Considerar que o atual ministro da Economia e sua política - arrocho fiscal, obediência ao teto de gastos, redução de investimentos em pesquisa, ciência, tecnologia e atividade produtiva; destruição da capacidade de funcionamento do Estado brasileiro e redução de direitos do povo - constituem obstáculos a serem removidos para viabilizar as ações antes citadas.

13. Considerar que as aleivosias do presidente e de seu entorno — no governo, no mundo empresarial, político e familiar - em relação às falsas medidas para controle da pandemia têm como única finalidade manter seus apoiadores distraídos e agrupados, para esconder a falta de políticas adequadas para o controle da pandemia.

Ele precisa manter a coerência pra dizer que faz algo e que mais não faz porque os outros tentam fazer diferente e a pandemia avança. É o Nefasto em permanente ação.

Na luta contra a pandemia, ao lado do esforço já em curso por todos os que reconhecem a necessidade de enfrentar os desafios antes apontados, sugiro aos sindicatos de trabalhadores, entidades e movimentos sociais, conselhos de saúde e partidos políticos que organizem comitês em suas cidades, realizando Caravanas pela Vida e contra a Covid.

Isso implica percorrer diariamente os bairros (com adequadas proteções, claro), divulgando informações, estimulando a solidariedade entre as pessoas e esclarecendo sobre a doença.

Também controlando as ações das unidades de saúde, para apoiar os trabalhadores nas suas necessidades para o bom desempenho, avaliar os atendimentos, verificar a realização os testes diagnósticos e inibir a prescrição dos chamados kits de “tratamento precoce”.

* Ubiratan Paula Santos é médico em São Paulo.

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