sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

Pastora atiça briga por bens da Bola de Neve

Reprodução da internet
Por Altamiro Borges

Desde a morte do “apóstolo” bolsonarista Rinaldo Seixas, mais conhecido como Rina, a Igreja Bola de Neve – que ele fundou e comandava – enfrenta uma violenta disputa interna. A viúva do líder evangélico, a também “pastora” e cantora gospel Denise Seixas, luta para ser a inventariante dos bens do marido, que faleceu em novembro passado em um acidente de moto em Campinas (SP). A briga já chegou à Justiça, com inúmeras idas e vindas e muitas acusações e baixarias.

Segundo postagem de Rogério Gentile no site UOL nesta quinta-feira (19), no lance mais recente, o Judiciário paulista negou o pedido da viúva. “A decisão foi tomada pelo José Chacon Cardoso, da 9ª Vara da Família, que concordou com os argumentos do filho mais velho do casal, Rinaldo Neto, de 19 anos. Por meio dos seus advogados, ele disse que a pastora Denise, sua mãe, não poderia, pela legislação, ser nomeada inventariante pelo fato de estar separada de Rina desde junho, quando a Justiça concedeu medida protetiva após ela alegar ser vítima de violência doméstica”.

A confusão no velório do "apóstolo"

Rinaldo Neto foi nomeado inventariante e terá de, em 60 dias, apresentar a descrição dos bens do apóstolo. Ele ficará encarregado de administrar os bens deixados pelo falecido até que a partilha entre os herdeiros seja concluída. Denise Seixas ainda poderá recorrer da decisão. No velório do “apóstolo”, a pastora jurou que o “marido era o cara que mais amou na vida” e explicou as razões que a levaram a pedir uma medida judicial contra Rina, acusado de “lesão corporal, violência psicológica, injúria e difamação”.

As justificativas, porém, não abrandaram a cobiça da cúpula da denominação neopentecostal, que sempre tentou isolá-la. “Em junho, após a pastora obter a medida protetiva na Justiça, a assessoria do apóstolo negou as acusações de violência: ‘O apóstolo Rinaldo Seixas nega qualquer prática violenta e confia na apuração isenta e técnica de todos os fatos pela Polícia Civil e pelo Ministério Público’”, relembra o site UOL. Conforme realça, a igreja possui forte influência e muita grana.

560 unidades em 34 países

“Fundada nos anos 90, a igreja Bola de Neve tem uma abordagem que foge da tradicional, com linguagem ‘descolada’ e foco no público jovem. Seus cultos possuem uma atmosfera semelhante à de um show de rock, e o púlpito em forma de prancha de surfe tornou-se uma espécie de símbolo de sua identidade. O nome da igreja foi pensado com base na metáfora da bola de neve, que começa pequena, mas cresce conforme rola”, descreve Rogério Gentile.

Já um artigo bajulador da Folha registra que “a Bola de Neve começou em um pequeno auditório emprestado, com capacidade para 130 pessoas, e se tornou a ‘avalanche’ que é hoje: uma rede com 560 unidades espalhadas por 34 países, de acordo com dados da instituição... Com linguagem coloquial e celebrações que incluíam pranchas de surfe como púlpitos e louvores intensos, ela se tornou um refúgio para skatistas, surfistas, roqueiros e metaleiros. Todos eram bem-vindos. Entre os frequentadores célebres está o surfista Gabriel Medina”.

A briga pelo espólio é violenta. O site Metrópoles lembra que “o atual conselho administrativo da igreja conseguiu mandado de reintegração de posse da Bola de Neve, autorizando até arrombamento para tirar Denise da sede da instituição, na zona oeste da capital”. Já “a pastora obteve decisão em outra vara da Justiça paulista reconhecendo que o acordo de divórcio no qual ela havia renunciado ao posto de vice-presidente não tem validade”, cabendo a ela o comando da igreja. Pelo grau de radicalização das partes, essa “guerra santa” deve durar muito tempo com cenas de baixarias!

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