quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Zara, marca da escravidão. E daí?

Por Cida Trajano, no sítio da CUT:

A grife espanhola Zara virou marca da escravidão em nosso país, após suas oficinas terceirizadas serem flagradas com o uso e abuso de trabalhadores em condições desumanas, submetidos a práticas coercitivas que remontam aos tempos do chicote e da senzala.



Surpreendida por equipes de fiscalização trabalhista, a multinacional aposta na impunidade, recusando-se até mesmo a assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público do Trabalho (MPT) na última quarta-feira. Aliás, compareceu na reunião após ser duplamente intimada, já que havia faltado a anterior.

Conforme o TAC, a Zara deveria investir R$ 20 milhões em ações de combate ao trabalho degradante, reduzir a absurda subcontratação dentro da cadeia produtiva e se responsabilizar pelas condições de trabalho nas confecções contratadas. Mas, segundo o diretor de “responsabilidade social” do grupo controlador da Zara, Félix Poza, não há nada que a multinacional possa fazer, pois as empresas picaretas que contrata para terceirizar o arrocho e a precarização, são “autônomas” e “apenas” prestam serviço sujo para esta e para outras marcas. Maior confissão de fé na impunidade, impossível, o que estampa que a tal “responsabilidade social” é mais uma das peças de ficção publicitárias no guarda roupa de imoralidades da grife.

Vale lembrar que nos termos propostos pelo Ministério Público do Trabalho ainda estava definido que a Zara estaria proibida de contratar mão de obra de operários estrangeiros em situação irregular e que teria a obrigação do comprimento integral da legislação trabalhista brasileira. Mesmo para o óbvio, a resposta foi negativa, uma vez mais.

O fato é que as equipes de fiscalização encontraram 51 pessoas (46 bolivianos) trabalhando para a Zara em condições análogas à escravidão no mês de junho na cidade de Americana, no interior paulista. Como a situação era a mais degradante possível, vamos resumir o escárnio a uma jornada média de 14 horas por dia, na qual recebiam o equivalente a R$ 0,20 por peça de roupa produzida para a grife. Nem bem havia se passado um mês, mais 14 bolivianos – todos trabalhando para a mesma Zara - foram encontrados em condições semelhantes, no centro da capital paulista.

Não é possível deixar esta multinacional se comportando como se estivesse na casa da mãe Joana. A postura mais do que negligente, de afronta à legislação social e trabalhista do país, bem como o comportamento irresponsável e criminoso em relação ao Estado e aos trabalhadores, merece punição. Exemplar e pra já. Do contrário, continuaremos tendo senhores como Félix Poza que, após sapatearam sobre a própria Constituição, dizem: E daí?

O governo e a Justiça com a palavra.

7 comentários:

Anônimo disse...

É uma vergonha. A falta de valorização de trabalho e o descaso da empresa.

Anônimo disse...

É uma vergonha. A falta de valorização de trabalho e o descaso da empresa.

Solando disse...

O mínimo que se possa fazer, é mandar a Zara de volta à Espanha e bloquear todos os seus bens aqui no Brasil. Quem precisa de espanhóis por aqui, é preciso aumentar as oportunidades das brasileiras no mesmo seguimento.

Nanda disse...

Cadê as socialites daquele vídeo tão impregnadas de conhecimento profundo sobre as agruras do nosso País? Vamos chamá-las! Os frequentadores da marcha contra a corrupção, também deveriam ser convocados.
Ah! elas devem comprar os modelitos da Zara, bem como os da Daslú contrabandeados, quiçá uns DVDs piratinhas também.

Luis R disse...

Gostaria de ver essas lojas fechadas. Mas, talvez, os legisladores concordem com esse tipo de 'flexibilização' do trabalho.

JUBA disse...

E dos super e hipermercados, ninguem fala nada?

Anônimo disse...

A empresa continua a todo vapor em pequenas cidades do interior do Maranhão e Pará onde as pessoas são menos esclarecida e a população acha normal atividades e relacionamento de trabalho degradante a fiscalização é inexistente por motivos óbvios.