sábado, 10 de agosto de 2013

O PSDB e a mídia complacente

Por Jeferson Miola, no sítio Carta Maior:

Um escândalo monumental, que faria do PT uma terra arrasada, todavia não atormenta a vida dos tucanos. Porque eles contam com a complacência da sua mídia conservadora.

O Ministério Público paulista investiga a suspeita de prática de cartel em obras e manutenção da CPTM [Cia Paulista de Trens Metropolitanos] e do metrô de SP. São 45 inquéritos [uma metáfora com o número eleitoral do PSDB] em andamento desde 2008 para investigar crimes de improbidade administrativa e de lesão ao patrimônio público que ocorriam desde 1998. Perpassam, portanto, todas as gestões tucanas no Estado.

As investigações implicam gigantes transnacionais – a alemã Siemens, a francesa Alstom, a canadense Bombardier, as espanholas Temoinsa e CAF e a japonesa Mitsui.

Conforme indica o MP paulista, o esquema seguiu a cinematografia clássica da corrupção: contava com pelo menos duas empresas off-shores [*] - Gantown Consulting e Leraway Consulting - sediadas no Uruguai em nome dos “consultores” Artur Teixeira e Sérgio Teixeira.

As off-shores tinham contratos assinados com a matriz alemã e a filial brasileira da Siemens para a assessoria nas ofertas e na obtenção de contratos de peças e serviços para a CPTM, recebendo uma comissão entre 3 e 5% sobre o valor das “vendas”.

Segundo levantamento da bancada do PT na Assembléia Legislativa de SP, os contratos de obras e manutenção de trens e metrôs firmados nas gestões do PSDB nas últimas duas décadas podem ultrapassar 30 bilhões de reais - equivalente ao PIB do Senegal.

O MP divulgou indícios da prática de cartel pelas transnacionais, que se coordenavam na distribuição de lotes e na fixação de preços superfaturados nas licitações fraudadas da CPTM. Um esquema organizado de pilhagem do erário; uma articulação para repartir entre si o lucro ilegal num negócio multibilionário.

A publicidade desse escândalo reforça o vínculo do PSDB com práticas nebulosas quando exerce governos. Antes dessas revelações, muito se conhecia sobre outros negócios obscuros de governos tucanos, como as privatizações do patrimônio público [“privataria tucana”] e o chamado “mensalão mineiro”. Fica a impressão no ar de que, para eles, governar é uma oportunidade para fazer negócios multimilionários.

A omissão da mídia durante esses anos todos que o MP investiga o caso é tão escabrosa quanto o próprio escândalo. É uma omissão de proporções monumentais como esse monumental escândalo. Nunca foi dada a repercussão devida sobre os inquéritos, os fatos e as investigações, apesar da relevância das operações envolvidas. Enfim, tudo acobertado.

Esse episódio poderá ser como uma bomba de efeito fragmentário para o PSDB. Ainda não vieram à tona os personagens políticos que intermediavam os negócios com os “consultores” e as empresas cartelizadas. Quando vierem, poderão causar efeitos muito mais graves que os sofridos pelo PT com o chamado “mensalão” – invento tucano desgraçadamente repetido por alguns petistas.

Nota

* Off-shore é, na verdade, uma conta bancária ou empresa aberta em paraísos fiscais com objetivos nada nobres: ou [1] para fugir de tributação no país de origem do seu proprietário, ou [2] para ocultar a origem ilegal do dinheiro depositado, que pode ser originário do narcotráfico, tráfico de armas, corrupção, evasão fiscal, fraude tributária, etc.

3 comentários:

Fabio Martins disse...


Nessa eclosão, erosão, afanação desse amontoado de tipos, que abiscoitaram, acintosamente, contra as aves de verdade, o apelido tucano, entre incontáveis buracos semelhantes, essa cratera oceânica me faz indagar: isto está a cheirar algo que me faz lembrar o dito popular, isto é, "cara de um nariz de outro". Ou porventura existe dissemelhança entre os heróis da Óia, os cachoeiras e os demóstenes da vida? Não há mal que sempre dure. Só espero que, assim como aconteceu ao Templo de Jerusalém, ressalvadas as diferenças, deles também não sobre pedra sobre pedra. E que ventos poderosos varram até a poeira de seus borzeguins,para além do fim do mundo.

Ce Murari disse...

Miro, no IG e em outros link da internet estão postando que o pais nao consegue punir os carteis, estao tentando dizer que foi puro cartel e não corrupção, com doação para o PSDB de compensação pela vantagem na licitação.

Anônimo disse...

blog do ze dieceu
Quem diria! O Instituto Ethos financiado pela Siemens e pela Alstom...
Publicado em 10-Ago-2013
Quem diria! A ONG Transparência emprestando seu nome para o tucanato. Antes condenava previamente sem respeitar a presunção de inocência e as decisões judiciais. Fazia, simultânea e apressadamente o papel de policia, procurador e juiz, alinhada numa parceria com o que há de pior na mídia.