Mês do desgosto para os tucanos

Por Bepe Damasco, em seu blog:

1) Alvíssaras! Finalmente o silêncio sepulcral da grande mídia sobre o propinoduto tucano em São Paulo chegou às manchetes do Jornal Nacional, de O Globo, da Folha e do Estadão. A matilha de colunistas do PIG foi forçada a encarar o assunto. E haja constrangimento. Desde 2008, o conluio entre os barões da mídia e os caciques do PSDB de São Paulo varre para debaixo do tapete as denúncias, enquanto o MP paulista faz jogo de cena. Não contavam, porém, que a gingante multinacional Siemens detonasse o esquema e passasse a colaborar com o Cade, com a Polícia Federal e a Justiça.

2) A inflação, ponta de lança do terrorismo econômico midiático, desacelera fortemente atingindo o índice mais baixo em três anos. Ela foi empurrada para baixo pelo preço dos alimentos, especialmente do grande vilão midiático, o tomate, e pelo congelamento do preço das passagens dos ônibus urbanos, consequência direta das manifestações de junho.

3) A inadimplência das famílias, que sinaliza o grau de dificuldade dos brasileiros para pagar suas contas, caiu em agosto pelo quinto mês consecutivo. Já a produção industrial de julho subiu em 10 das 14 regiões pesquisadas pelo IBGE, indicando um ritmo mais acelerado de crescimento do setor.

4) O governo está vencendo a queda de braço contra a praga do corporativismo elitista de jaleco. O programa Mais Médicos ganhou o apoio dos prefeitos e de parte considerável da sociedade.Isso acontece porque um número crescente de pessoas vai se dando conta do óbvio: independentemente do longo caminho ainda a ser percorrido até que todos tenham acesso à saúde de qualidade, o fato é que vastos setores da população não dispõem nem mesmo de um médico que possa tirar-lhes a pressão, verificar a existência de verminoses, evitar o contágio por doenças infectocontagiosas, etc. Em suma, atenção básica de saúde. Outra boa ideia é o aproveitamento de médicos militares pelo SUS.

5) O Sisutec - programa do MEC que abre 234 mil vagas nas escolas técnicas federais para os estudantes que prestaram o exame do Enem no ano passado - é um golaço. Grande parte da vagas deve ser necessariamente ocupada por alunos egressos do ensino público, o que amplia o caráter social do programa. Além disso, os cursos se concentrarão em áreas efervescentes em termos de oferta de emprego e serão de rápida duração, dois anos em média.

6) Em relação ao grande sustentáculo tucano, a direita midiática, a maré, definitivamente, não está para peixe. Nunca antes neste país tantas pessoas gritaram nas ruas contra o vergonhoso monopólio dos meios de comunicação. " O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo" é palavra de ordem ouvida de Norte a Sul, de Leste a Oeste.Acossada pelo avanço avassalador das redes sociais e fragilizada por uma sonegação de mais de R$ 600 milhões à Receita Federal e pelo escabroso caso do roubo do processo nas dependências da Receita, a Globo nunca esteve tão acuada, enquanto um grande ponto de interrogação quanto ao futuro se ergue no horizonte das poucas famílias que controlam todo o aparato de comunicação no Brasil.

7) O PSDB nada tem a oferecer aos manifestantes de junho. Noves fora os fascistas e obscurantistas de diversos matizes que foram para as ruas, o contingente que mesmo de forma atabalhoada e superficial pediu melhorias na saúde, na educação e nos transportes, por tabela, clamou por mais Estado, mais gasto público. Exatamente na contramão do ideário tucano, fundado na concepção de estado mínimo, no corte do gasto público, nas privatizações e na idolatria do mercado.

8) A liberação de R$ 8 bilhões para a mobilidade urbana no município de São Paulo, por parte da presidenta Dilma, é o tipo de decisão com duplo efeito positivo. Primeiro mostra que o governo federal, entre os governos de todas as esferas, foi o que melhor captou o recado das ruas, priorizando os investimentos em transporte e mobilidade. Depois porque acaba provocando a comparação com a inação tucana diante da via crucis diária dos paulistas nos trens urbanos e no metrô.