Por Renato Rovai, em seu blog:
Num momento em que está sob ataque intenso de agentes internos e externos, o governo Dilma acumulou uma série histórica de trapalhadas que permitiu que uma agência de risco que foi condenada em fevereiro último a pagar multa de US$ 1,37 bilhão às autoridades americanas por haver enganado investidores sobre a qualidade dos créditos imobiliários “subprimes”, anunciasse ontem que o Brasil está na roça financeira sem que o governo tivesse qualquer capacidade de reação.
A tal Standard & Poors foi promotora desta crise e deveria estar fechada. E não analisando a saúde econômica de países que ajudou a quebrar. Foi a Standard & Poors que mentiu sobre a situação do banco Lehman Brothers e da AIG, cujas falências deram início à crise financeira internacional que não nasceu na Grécia, mas em Wall Street.
Se o amigo leitor não conhece bem esta história, aconselho-o a assistir pelo Netflix ou em video o filme Inside Job (Trabalho Interno) . Dirigido por Charles Ferguson, explica em detalhes como a crise sistêmica foi produzida a partir dos EUA com base numa ação sistêmica de corrupção.
Sim, amigos leitores, a Lava Jato de lá não era coisa de amadores e delatores. Mas de banqueiros, professores universitários, políticos, agências de risco e tudo o mais que se precisava para produzir dinheiro fácil vendendo informações falsas. E a condenação já anunciada dessa agência que agora vem cantar de galo por aqui tem a ver com tudo isso.
A Standard & Poor pode se gabar de tudo, menos de ser séria. E depois do que fez em 2008 pode muito bem estar especulando de novo.
Dito isso, voltemos ao prato principal deste post. O governo Dilma parece um bêbado no final de uma festa de 12 horas. Não sabe para que lado vai, diz uma coisa numa rodinha e desmente na seguinte. Tenta ir no banheiro masculino e é pego vomitando na cozinha. E quando alguém lhe chama atenção, arruma a gravata e sai batendo o pé com cara de bravo e dizendo que está sóbrio.
Por isso Dilma não tem mais tempo para ver se os seus atuais ministros conseguem se entender. Ela precisa fazer a anunciada reforma ministerial e criar novas referências de diálogo com a sociedade e os atores políticos e econômicos.
Precisa de algumas pessoas que falem um pouco mais duro quando necessário. E ao mesmo tempo precisa de gente que tenha ouvidos abertos o tempo todo. Precisa de gente que faça o brasileiro comum acreditar que no final vai dar tudo certo e que ao mesmo tempo faça a elite a ter receio de apostar no pior.
A cena de ontem de Joaquim Levy sentado no estúdio do Jornal da Globo assistindo ao noticiário totalmente desfavorável ao governo e depois dando uma entrevista entre gaguejos foi algo completamente patético.
Se é este tipo de explicação que o governo tem a oferecer à sociedade, danou-se tudo.
Joaquim Levy pode ser tudo, menos a voz e o rosto que o Brasil precisa para sair dessa crise que em boa medida o seu compromisso atávico com o mercado financeiro ajudou a aprofundar.
Levy não acena para o futuro, não dialoga com as necessidades da maioria do país e vê tudo como planilhas.
Mas ao mesmo tempo é fato que neste momento tirá-lo do governo ficou quase impossível. E também por isso a reforma ministerial passa ainda a ser mais urgente.
Porque se não dá pra tirar Levy, Dilma não pode deixá-lo reinar. E na situação atual com um time de ministros mancos (e isso não significa que o governo não tenha bons ministros), ele será tratado como o craque do time.
O que é um suicídio anunciado.
O centro das políticas não pode ser o corte. A imagem do governo não pode ser Levy. Mas com a atual equipe será.
Se a situação era ruim antes da chantagem da Standard & Poor, agora ficou péssima.
Agora Dilma precisa muito mais de Lula do que há um mês atrás.
O caminho natural seria torná-lo ministro e principal articulador político. Seria colocar Lula o tempo todo em ação, mostrando que o governo está ajustando-se e caminhando.
Simbolicamente, Lula ainda tem muita credibilidade com os setores populares e poderia amealhar a confiança necessária desse segmento para a travessia dura que virá.
Se Lula não for para o governo e Dilma cair, Lula se tornará um espectro político.
Se Lula for para o governo e Dilma cair, sua história também ficará maculada.
Mas se Lula entrar e Dilma se recuperar, ele se torna mais do que um mito.
E ela vai estar muito maior lá na frente do que agora.
Os dois ganhariam.
E como quando não se tem muitas alternativas deve-se buscar a que sobra, Lula precisa voltar para o centro político de forma orgânica, como sócio do governo.
A presidenta tem imensas qualidades, mas está fragilizada.
E o povo entenderá essa atitude de Lula muito mais como um sacrifício em nome da Nação do que como qualquer outra coisa.
É hora de pensar no país e no seu povo.
Lula pode não querer. Dilma pode não querer. Mas a hora não é mais para quereres.
A tal Standard & Poors foi promotora desta crise e deveria estar fechada. E não analisando a saúde econômica de países que ajudou a quebrar. Foi a Standard & Poors que mentiu sobre a situação do banco Lehman Brothers e da AIG, cujas falências deram início à crise financeira internacional que não nasceu na Grécia, mas em Wall Street.
Se o amigo leitor não conhece bem esta história, aconselho-o a assistir pelo Netflix ou em video o filme Inside Job (Trabalho Interno) . Dirigido por Charles Ferguson, explica em detalhes como a crise sistêmica foi produzida a partir dos EUA com base numa ação sistêmica de corrupção.
Sim, amigos leitores, a Lava Jato de lá não era coisa de amadores e delatores. Mas de banqueiros, professores universitários, políticos, agências de risco e tudo o mais que se precisava para produzir dinheiro fácil vendendo informações falsas. E a condenação já anunciada dessa agência que agora vem cantar de galo por aqui tem a ver com tudo isso.
A Standard & Poor pode se gabar de tudo, menos de ser séria. E depois do que fez em 2008 pode muito bem estar especulando de novo.
Dito isso, voltemos ao prato principal deste post. O governo Dilma parece um bêbado no final de uma festa de 12 horas. Não sabe para que lado vai, diz uma coisa numa rodinha e desmente na seguinte. Tenta ir no banheiro masculino e é pego vomitando na cozinha. E quando alguém lhe chama atenção, arruma a gravata e sai batendo o pé com cara de bravo e dizendo que está sóbrio.
Por isso Dilma não tem mais tempo para ver se os seus atuais ministros conseguem se entender. Ela precisa fazer a anunciada reforma ministerial e criar novas referências de diálogo com a sociedade e os atores políticos e econômicos.
Precisa de algumas pessoas que falem um pouco mais duro quando necessário. E ao mesmo tempo precisa de gente que tenha ouvidos abertos o tempo todo. Precisa de gente que faça o brasileiro comum acreditar que no final vai dar tudo certo e que ao mesmo tempo faça a elite a ter receio de apostar no pior.
A cena de ontem de Joaquim Levy sentado no estúdio do Jornal da Globo assistindo ao noticiário totalmente desfavorável ao governo e depois dando uma entrevista entre gaguejos foi algo completamente patético.
Se é este tipo de explicação que o governo tem a oferecer à sociedade, danou-se tudo.
Joaquim Levy pode ser tudo, menos a voz e o rosto que o Brasil precisa para sair dessa crise que em boa medida o seu compromisso atávico com o mercado financeiro ajudou a aprofundar.
Levy não acena para o futuro, não dialoga com as necessidades da maioria do país e vê tudo como planilhas.
Mas ao mesmo tempo é fato que neste momento tirá-lo do governo ficou quase impossível. E também por isso a reforma ministerial passa ainda a ser mais urgente.
Porque se não dá pra tirar Levy, Dilma não pode deixá-lo reinar. E na situação atual com um time de ministros mancos (e isso não significa que o governo não tenha bons ministros), ele será tratado como o craque do time.
O que é um suicídio anunciado.
O centro das políticas não pode ser o corte. A imagem do governo não pode ser Levy. Mas com a atual equipe será.
Se a situação era ruim antes da chantagem da Standard & Poor, agora ficou péssima.
Agora Dilma precisa muito mais de Lula do que há um mês atrás.
O caminho natural seria torná-lo ministro e principal articulador político. Seria colocar Lula o tempo todo em ação, mostrando que o governo está ajustando-se e caminhando.
Simbolicamente, Lula ainda tem muita credibilidade com os setores populares e poderia amealhar a confiança necessária desse segmento para a travessia dura que virá.
Se Lula não for para o governo e Dilma cair, Lula se tornará um espectro político.
Se Lula for para o governo e Dilma cair, sua história também ficará maculada.
Mas se Lula entrar e Dilma se recuperar, ele se torna mais do que um mito.
E ela vai estar muito maior lá na frente do que agora.
Os dois ganhariam.
E como quando não se tem muitas alternativas deve-se buscar a que sobra, Lula precisa voltar para o centro político de forma orgânica, como sócio do governo.
A presidenta tem imensas qualidades, mas está fragilizada.
E o povo entenderá essa atitude de Lula muito mais como um sacrifício em nome da Nação do que como qualquer outra coisa.
É hora de pensar no país e no seu povo.
Lula pode não querer. Dilma pode não querer. Mas a hora não é mais para quereres.
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