Por Bepe Damasco, em seu blog:
Embora desfrute da cumplicidade de boa parte do cartel da mídia, haja vista a canalhice de suas contas na Suíça serem ignoradas pelas revistas semanais, Eduardo Cunha sabe que sua derrocada está próxima. Tanto que, no seu desvario, não esconde de parlamentares próximos que fará tudo para morrer abraçado à Dilma.
Só que querer não é poder. A couraça de proteção midiática de que dispõe ajuda adiar o desenlace do seu caso, mas não é capaz de apagar os documentos enviados pela justiça suíça ao Ministério Público do Brasil. Tampouco sua arrogância servirá para diminuir o peso das evidências dos vários ilícitos dos quais é acusado.
Mesmo dispondo de prerrogativa de foro por ser parlamentar, sua situação certamente ficará insustentável à frente da Câmara dos Deputados assim que o STF aceitar as denúncias do MP e abrir processo. A partir daí só lhe restará o caminho de renunciar à presidência da Casa e lutar para não perder o mandato.
Se na semana passada Cunha colecionou notícias ruins, tais como a reforma ministerial que o deixou falando sozinho e a confirmação de que contas suas foram bloqueadas pela justiça da Suíça, a que se inicia já traz um fato novo capaz de atrapalhar seus planos.
Numa tacada de mestre, o governo, via Advocacia-Geral da União, fez o que devia ter feito há muito tempo e questionou a legitimidade do relator do processo das "pedaladas fiscais", no TCU, ministro Augusto Nardes. A AGU pediu o afastamento do relator, com base em mais de 2 mil recortes de notícias de jornais, nos quais Nardes rasga a Lei Orgânica da Magistratura antecipando seu voto pela rejeição das contas.
Isso pode adiar o julgamento das contas, já que além do plenário do TCU o governo pode recorrer ao Congresso para afastar o dublê de ministro e militante da oposição. E Cunha planejava justamente pegar carona no clima negativo causado pela rejeição das contas para pôr em tramitação um dos pedidos de impeachment da presidenta Dilma recebidos pela Mesa da Câmara.
No entanto, como o tempo trabalha contra Cunha, pois só aumenta seu desgaste público e entre seus deputados, é provável que, mesmo sob pau e pedra, ele dê início ao rito do impeachment. E que se dane se não há fundamento jurídico. O importante é criar uma cortina de fumaça que possa ofuscar sua condição de paciente político terminal.
Mas suas chances de derrota são grandes. A reforma ministerial feita pela presidenta Dilma foi um passo decisivo para a reunificação da base de apoio ao governo no Congresso. Trocando em miúdos, Dilma hoje tem voto para barrar o golpe. No fundo, Cunha sabe disso, mas, como está no cadafalso, age desesperadamente para adiar a chegada do carrasco.
2 comentários:
Aguardo enquadramento de toda nossa Justiça e criminalização das pessoas que comparecem aos lugares, até a enterros, para agredir o PT!
O banquinho do cadafalso onde Cunha pisa, balança nervosamente para os lados.
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