segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Mentira e manipulação sem intermediários

Por Laurindo Lalo Leal Filho, na Rede Brasil Atual:

Nos anos 1930, um cabo austríaco falava às massas sem intermediários. Usava o rádio e a praça pública. Hoje um capitão reformado brasileiro faz o mesmo usando as redes sociais. Mudam os meios, mas os fins são semelhantes.

O afastamento das chamadas associações intermediárias do jogo democrático, como partidos e sindicatos, é típica de governos autoritários. Projetos e propostas políticas deixam de ser debatidos e refinados através da sociedade organizada para serem impostos à vontade popular através da voz solitária do líder, tendo como sustentação apelos emocionais e demagógicos.

Quem anda no pântano desperta os jacarés

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Todo o noticiário das pequenas imundícies praticadas pelo entorno dos Bolsonaros, a esta altura, não muda mais a natureza das falcatruas, apenas a sua quantidade.

Cada pequeno trambique que aparece, como este do tenente-coronel que assessorou Flávio Bolsonaro por um ano, dos quais seis meses viveu em Portugal, é só mais um salpico de lama num esquema de nepotismo, extorsão e coleta de dinheiro que, a rigor, nem chega a ser novidade em nossa política.

Como nasce o neofascismo no Brasil

Por José Jaime da Silva, no site Carta Maior:

No início existia um Sonho (Americano)

O linguista e filósofo Noam Chomsky define o sonho americano como uma expectativa de mobilidade de classe: você nasce pobre, trabalha muito e fica rico. Apesar de o conceito ser americano podemos falar de um sonho de melhorar de vida no Brasil. Esta visão da sociedade se apoia em hipóteses sobre o funcionamento da sociedade e da economia que são muito irracionais. Primeiro é preciso uma economia que funcione próximo da perfeição: sem crises, sem corrupção, mercados produzindo e vendendo em crescimento, etc. Segundo devem existir mecanismos de mobilidade social que funcionem; e terceiro, oportunidades para todos que querem trabalhar e crescer. Sem me alongar nessas hipóteses que devem ser respeitadas ao pé da letra, podemos dizer que deve existir uma sociedade hierárquica onde quem trabalha pode subir na pirâmide social e ter uma vida melhor.

domingo, 16 de dezembro de 2018

Um Berlusconi é demais. Seis, então...

Por Léa Maria Aarão Reis, no site Carta Maior:

Durante os dez anos em que morou e trabalhou na Europa, o jornalista paulista Pablo Guelli via ''os desmandos dos jornais e TVs do Berlusconi - ou seja, praticamente de todo noticiário vindo da Itália", ele diz. Começou então a pensar em fazer e escrever o roteiro de um documentário, um filme que mostrasse a absurda concentração dessa indústria da informação nas mãos de uma oligarquia restrita como ocorre no Brasil.

Agora, quatro anos depois, Guelli, de 43 anos, chega à finalização do seu documentário sobre esse tema com o título mais do que inquietante: O país dos seis Berlusconis. ''Me pareceu uma analogia pertinente'', ele ressalta durante a entrevista à Carta Maior, por email.

Carta de Lula aos médicos cubanos

Do site Lula:

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou neste fim de semana uma carta aos médicos cubanos que participaram nos últimos anos do programa Mais Médicos no Brasil. No texto de agradecimento, Lula reconhece os laços criados entre os profissionais de saúde e as comunidades mais pobres do país, que antes do programa conviviam com a falta de atenção básica. “Que coisa bonita uma ilha latino-americana que exporta médicos para o mundo. Muito melhor do que países ricos que exportam soldados e derrubam bombas em comunidades pobres. Cuba exporta vida, carinho, saúde”, escreveu Lula. Leia a íntegra da carta:

Consumismo, pesadelo sem fim?

Por William Mebane, no site Outras Palavras:

Os primeiros bens genéricos foram aqueles baseados em um único modelo universal. O modelo preto T, da Ford, é o exemplo clássico. A produção em massa permitiu uma enorme economia de escala e com redução de custos nunca antes realizada. A função básica do transporte rodoviário de pessoas foi satisfeita.Mas empresas temiam que, com produtos genéricos, todas as necessidades seriam logo satisfeitas e pouco restaria para produzir. Um primeiro passo para superar isso foi a introdução de mais escolhas, de acordo com a capacidade de compra. Uma grande diferenciação de produtos foi introduzida por meio das diferenças de preço e qualidade.

Os ataques aos direitos humanos na rede

Por Cristiane Sampaio, no jornal Brasil de Fato:

Em audiência pública realizada nesta quinta-feira (13) na Comissão de Direitos Humanos do Senado, em Brasília (DF), especialistas de diferentes entidades compartilharam preocupações com o contexto de disseminação de informações falsas e ataques aos direitos humanos em redes sociais.

A ONG SaferNet Brasil, por exemplo, recebeu, desde 2005, mais de 2 milhões de denúncias envolvendo crimes de ódio. O avanço da extrema direita no país também se refletiu nas redes: somente no período do segundo turno das eleições presidenciais deste ano a entidade registrou 39 mil denúncias.

O Brasil embrenha-se na selva

Por Mino Carta, na revista CartaCapital:

Não, não vou falar de Lord Keynes. A memória do grande pensador inglês é de exclusiva competência do professor Belluzzo, neste momento indignado nos precórdios com a presença do presidente eleito na festa da vitória do Palmeiras no Brasileirão. Eu, torcedor palestrino nos meus tempos escolares, lamento que a taça tenha sido erguida pelo tonitruante capitão, bem como as suaves carícias recebidas por ele de Luís Felipe Scolari.

A relação de Bolsonaro com o Congresso

Por Antônio Augusto de Queiroz, na revista Teoria e Debate:

O presidente eleito, sob o argumento de que a estrutura partidária está viciada e só age à base do toma lá dá cá, fez campanha prometendo que não negociaria com os partidos a formação de seu governo, mas, tão logo eleito, passou a negociar indicações com as bancadas informais, temáticas ou transversais, que se articulam no Congresso para a defesa de interesses setoriais.

Na formação do primeiro escalão de seu governo, aparentemente foi coerente, na medida em que não consultou os partidos nos casos em que recrutou filiados em alguns deles. Entretanto, há três equívocos nesse raciocínio, que precisam ser explicitados, além de mostrar a mistificação retórica que isso representa.

Eduardo Bolsonaro, o idiota diplomático

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Peça 1 – um tosco na corte de Rio Branco

O titulo do artigo foi tomado emprestado de um clássico do continente, o "Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano".

As sandices ditas por Eduardo Bolsonaro no Twitter seriam apenas isso: sandices de um palpiteiro de rede social, não fosse a circunstância de que se trata do responsável, de fato, pela política externa brasileira, por herança paterna. É um completo sem-noção, inclusive sobre o peso da palavra de quem se tornou o chanceler de fato.

sábado, 15 de dezembro de 2018

Para quem Queiroz repassou R$ 1,2 milhão?

Por Jeferson Miola, em seu blog:     

O assessor Fabrício Queiroz é a pessoa mais habilitada – além, naturalmente, dos próprios Bolsonaro – para esclarecer o escândalo do R$ 1,2 milhão.

A sucursal carioca da Lava Jato deflagrou a operação Furna da Onça, que levou à prisão deputados estaduais implicados com as mesmas práticas criminosas descobertas no gabinete do Flavio Bolsonaro.

A operação coordenada pelo espetaculoso Deltan Dallagnol estranhamente decidiu-se, porém, por não atribuir a Flavio Bolsonaro o mesmo destino dado aos colegas dele [a prisão] e, além disso, demonstra total inapetência em investigar o caso. Decorridos quase 10 dias desde a denúncia, a Lava Jato sequer convocou Queiroz para depor.

Bolsonaro e os truques de Dallagnol

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Malandro é malandro, mané é mané.

Deltan Dallagnol encontrou um jeito de comentar sem comentar as denúncias envolvendo os Bolsonaros e seus assessores.

Hiperativo nas redes sociais, o loquaz procurador deu pouca atenção, para seus padrões, ao escândalo político mais escabroso do momento.

Em uma semana, retuitou duas matérias.

A lei da selva dos golpistas

Editorial do site Vermelho:

A matemática não mente; mente quem faz mau uso dela. O axioma atribuído a Albert Einstein é uma boa referência para se entender as discretas comemorações, pelos economistas oficias, do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referente ao terceiro trimestre de 2018. A cifra foi de pouco mais de R$ 1,7 trilhão, o que corresponde a 0,8% de expansão, suficiente para fazer o “mercado” projetar uma tendência de baixo crescimento da economia no próximo governo.

De vendedora de açaí a personal trainer

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

“Ah, pelo amor de Deus, pergunta para o meu chefe de gabinete. Eu tenho 15 funcionários comigo”, desabafou Jair Bolsonaro, já eleito presidente, quando os repórteres lhe perguntaram sobre o que fazia em seu gabinete de deputado a funcionária Nathalia Melo de Queiroz.

De camiseta, encostado num carro na entrada do seu condomínio na Barra da Tijuca, o capitão parecia visivelmente acuado diante das câmeras e microfones, cercado por um batalhão de jornalistas e seguranças.

AI-5 continua vivo

Por Marcelo Zero

O Brasil, ao contrário de outros países da América do Sul que também passaram por ditaduras militares, nunca conseguiu encerrar realmente o ciclo político do autoritarismo militar.

Para tanto, teria sido necessário que os culpados por crimes hediondos, como o de tortura, sequestro, assassinato, etc. tivessem sido responsabilizados por seus atos, e julgados com o amplo direito à defesa que eles negaram às suas vítimas.

Dessa forma, o país poderia ter “passado a limpo” o seu passado de crimes e crueldades.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Como o "kit gay" ajudou Damares Alves

Por Felipe Neves, no site The Intercept-Brasil:

Damares Alves estava com enxaqueca naquele fim de tarde em 2015. O expediente de uma quarta-feira de junho, às vésperas do recesso parlamentar, havia sido repleto de reuniões, telefonemas, assinaturas de papéis e caminhadas pelos corredores das duas Casas do Congresso Nacional.

Mesmo cansada, a futura ministra dos Direitos Humanos de Jair Bolsonaro aceitou conceder a entrevista que eu havia lhe pedido para o meu documentário Púlpito e Parlamento: Evangélicos Na Política.

Ao final da conversa de cerca de uma hora, perguntada sobre seu futuro, ela me daria um ultimato: “Eu estou cheia de tudo isso, vou parar de trabalhar aqui em dezembro de 2015”. Não parou.

Bolsonaro terá mesmo fim de Collor e Jânio?

Por Renato Rovai, em seu blog:

Jânio Quadros ganhou a eleição com uma vassourinha que seria usada para varrer a bandalheira. Era um moralista sem moral que desafiou o sistema e derrotou os grandes partidos da época.

Fernando Collor saiu de Alagoas para caçar os marajás e combater a corrupção. Seu programa de governo, aliás, era muito parecido com o de Bolsonaro. Privatizações, diminuição do Estado, fim da estabilidade do servidor público, sanha moralista e criminalização dos movimentos sociais e sindical.

O AI-5 realmente está longe?

Por Ícaro Jatobá, no site Jornalistas Livres:

Completados os 50 anos da baixa do Ato Institucional nº 5, se faz necessário uma análise histórica e social dos tempos de outrora com os tempos atuais. “O governo Costa e Silva resolveu baixar um novo ato, o AI-5”, anunciava o Ministro da Justiça Luís Antônio da Gama e Silva em 13 de dezembro de 1968. O ato que prometia a continuidade da “ordem e tranquilidade” decorrentes da “Revolução de 64”, promoveu o fechamento do Congresso Nacional e das Assembleias Legislativas, suspendeu o habeas corpus para crimes políticos e deu poderes punitivos ao regime. Além de todas essas arbitrariedades que feriam a democracia, uma mais grave, a tortura, passava a ser uma política de Estado, não oficialmente institucionalizada por meio da atuação dos órgãos repressivos.

Bolsonaro e o Estado confessional

Por Frei Betto, no site Correio da Cidadania:

Tudo in­dica que te­remos pela frente um Es­tado con­fes­si­onal, dis­posto a negar o prin­cípio 
cons­ti­tu­ci­onal da lai­ci­dade. Algo pa­re­cido ao Des­tino Ma­ni­festo de­fen­dido pelos ul­tra­con­ser­va­dores dos EUA e go­vernos que pre­ferem se ater a Li­vros Sa­grados do que a Cons­ti­tui­ções.

“O Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. Este brado da Bri­gada de Pa­ra­que­distas do Exér­cito foi o mote de cam­panha do fu­turo pre­si­dente. Mas, que deus? O que levou a In­qui­sição a acender 
fo­gueiras a su­postos he­reges? O in­vo­cado pelo car­deal Spellman, de Nova York, ao aben­çoar 
sol­dados que foram perder a guerra no Vi­etnã?

Pequisa Ibope/CNI: Nem tanto

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

É natural o otimismo da população com presidentes que acabam de ser eleitos, mas não é inédita ou acima do padrão a expectativa positiva da população com a posse de Jair Bolsonaro.

Segundo pesquisa CNI-IBOPE, 64% dos entrevistados acreditam que seu governo será ótimo ou bom.

Em novembro de 2002, em relação ao recém eleito Lula, este índice era de 71%. Em 2010, após a eleição de Dilma, 62% achavam que o governo dela seria ótimo ou bom. Bolsonaro, portanto, segue o padrão.