quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Lula começa o "governo ônibus"

Foto: Ricardo Stuckert
Por Fernando Brito, em seu blog:

À primeira vista, nada há de extraordinário do que um governo que se instala tenha magnetismo capaz de atrair muita gente e, por este ângulo, não surpreende o potencial de adesão que Lula está despertando na fauna política brasileira.

Nem em que um governo que, ungido pelo voto popular, está tão longe de ter maioria parlamentar própria, aceite que é deste magnetismo que pode tirar condições políticas para se o comando do país e sobreviver ao campo minado que, nos últimos anos, passou a ser o exercício da Presidência.

O que há de diferente é que isso é a única defesa possível contra a ação de um núcleo extremista que, ainda que vencido eleitoralmente, está longe de ser desfeito politicamente e que não dará nem mesmo a trégua inicial com que governos contam ao se instituírem.

A posição ambígua das Forças Armadas

Quilombos são atacados após eleição de Lula

Os movimentos sociais e o governo Lula

Lula na COP27 é o novo Brasil no mundo

Patroa 'patriota' sacaneia funcionárias

Orçamento secreto atrapalha transição de Lula

As eleições de meio de mandato nos EUA

A eleição de Lula e o futuro da Amazônia

As eleições nos EUA e o fantasma de Trump

Um modelo de comunicação pública no Brasil

segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Alemanha rechaça saudação nazista em SC

Charge: Fredy Varela
Por Altamiro Borges


O representante da Alemanha no Brasil, embaixador Heiko Thoms, ficou indignado com a saudação nazista feita por fanáticos bolsonaristas em ato golpista em São Miguel do Oeste, no interior de Santa Catarina, no final de semana. Em suas redes sociais, ele postou que “o uso de símbolos nazistas por ‘manifestantes’ claramente de extrema direita é profundamente chocante... Apologia ao nazismo é crime”.

Em outra postagem, o diplomata enfatizou que “não se trata de liberdade de expressão, mas de um ataque à democracia e ao estado de direito no Brasil... Esse gesto desrespeita a memória das vítimas do nazismo e os horrores causados por ele”. A reação do embaixador da Alemanha coincide com a posição de repulsa da Confederação Israelita do Brasil (Conib), a principal representante da comunidade judaica brasileira.

O “patriota do caminhão” e outros fanáticos

Charge: Joaquim
Por Altamiro Borges


Os fanáticos bolsonaristas, com seus bloqueios criminosos de estradas, acampamentos diante de quartéis do Exército e outras arruaças golpistas, já viraram motivo de gozação nas redes sociais e nas rodas de conversa. No sábado (5), por exemplo, a cantora Daniela Mercury abriu a micareta em Salvador usando um boneco do “patriota do caminhão” como decoração do seu trio elétrico. Hilário!

Os foliões caíram na gargalhada com a “homenagem” da Rainha do Axé ao comerciante Junior Peixoto, que grudou no vidro dianteiro de um caminhão, no interior de Pernambuco, para protestar contra a derrota do “mito”. A cena ridícula, que teve início em Caruaru e percorreu alguns quilômetros, virou recordista em memes na internet. Envergonhado, o empresário até abandonou suas redes sociais.

Ex-esposa de Bolsonaro fugiu para a Noruega

O fiasco dos atos bolsonaristas

Charge: ArteVillar
Por Priscila Lobregatte, no site Vermelho:


Os apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) seguem promovendo atos golpistas contra a eleição de Lula (PT), mas o movimento perdeu força e apoio desde a semana passada, quando estradas foram bloqueadas com a complacência da polícia, especialmente a Polícia Rodoviária Federal, gerando atos violentos e transtornos que colocaram em risco a saúde de pessoas e o abastecimento de cidades.

Novos protestos antidemocráticos foram chamados para esta segunda-feira (7), porém, houve registros de poucos focos de interdição nas estradas. Foram verificadas manifestações com obstruções em rodovias de Rondônia, Mato Grosso, Pará e Santa Catarina, mas sem impacto e boa parte já desfeita.

Julgar Bolsonaro é uma obrigação inarredável

Charge: Luc Descheemaeker
Por Jeferson Miola, em seu blog:


No exercício do mandato, Bolsonaro foi denunciado pela prática de inúmeros crimes – não só de responsabilidade, como também crimes comuns. Ele coleciona uma extensa ficha corrida de ilícitos tipificados em vários artigos do Código Penal brasileiro.

Além dos crimes praticados no cargo, Bolsonaro ainda terá de enfrentar a retomada de investigações e processos relativos a outros ilícitos cometidos previamente ao mandato, como lavagem de dinheiro, corrupção ativa, enriquecimento ilícito, peculato [a chamada “rachadinha”], envolvimento com milícias.

Bolsonaro também foi denunciado em tribunais internacionais pelo cometimento de crimes contra a humanidade e de genocídio.

Devido, contudo, a decisões monocráticas dos presidentes da Câmara dos Deputados na atual legislatura, Bolsonaro se safou de responder por todas as graves denúncias; ficou protegido por uma impunidade ilegalmente concedida a ele.

Semana em que começamos a resgatar o Brasil

Por Tereza Cruvinel, no site Brasil-247:


O suspiro de alívio que demos no domingo à noite prolongou-se por toda a primeira semana após a eleição de Lula no domingo à noite, depois da sofrida e rápida apuração dos votos.

Apesar da poderosa máquina bolsonarista, venceram a democracia e o iluminismo, no sentido de oposição às trevas. E em apenas uma semana, muitos foram os sinais de acerto - o nosso ao escolher Lula, e os dele, com os primeiros passos.

Em uma semana tivemos sinais da volta do Brasil ao cenário global, da volta da política nas relações congressuais, da volta da liturgia no exercício do cargo, da volta do cumprimento de promessas em lugar do estelionato eleitoral.

Nos atos de campanha pró-Lula, foi muito cantado o refrão da música de Alceu Valença: "Tu vens, tu vens, eu já escuto os teus sinais". Estão aí os sinais de Lula na primeira semana.

Despontaram no primeiro discurso: "estamos dizendo ao mundo que o Brasil está de volta", disse Lula prometendo governar para todos e com todos para reconstruir e pacificar o país.

Uma fenda na muralha transatlântica

Foto do site Ásia Times
Por Marcelo Zero, no site Viomundo:


A visita relâmpago de Olaf Scholz à China provocou trovoadas na Alemanha e na ordem mundial.

O Acordo de Coalizão, firmado por Scholz para governar, previa um recuo crítico nas relações bilaterais Alemanha/China.

Com efeito, o acordo previa a continuidade da cooperação bilateral, mas apenas “naquilo que fosse possível” e estritamente com base “na proteção dos direitos humanos e no direito internacional”.

Ademais, o texto político acordado demandava também a não implementação do acordo de investimentos entre a União Europeia e a China, propugnado por Merkel, em 2020, e mencionava a necessidade de se reduzir a dependência, em relação a Beijing.

Para arrematar, o texto tecia considerações políticas sobre conflitos territoriais chineses, especialmente com Taiwan, assinalando que tais conflitos tinham de ser resolvidos por “acordos entre as Partes” e com base na lei internacional.

Considere-se que, para Beijing, Taiwan é China. Ponto final.

O problema inicial para o novo governo

Foto: Ricardo Stuckert
Por Gilberto Maringoni, no Diário do Centro do Mundo:


Há um problema inicial para o novo governo: com a manutenção do teto de gastos, nenhuma promessa de campanha pode ser cumprida. A bomba orçamentária legada por Bolsonaro estará pronta para explodir nos primeiros meses do ano que vem.

Em 2020, o teto foi furado – segundo números oficiais – em cerca de R$ 700 bilhões, e o país não parou. Ao contrário, o PIB, graças a isso, não desabou.

Em 2022 os chutes chegam a falar num furo de R$ 400 bi, por obra e graça dos gastos eleitoreiros de Bolsonaro. Nem de longe o Brasil quebrou.

Num momento em que o teto surge como sério limitador dos investimentos, é preciso examinar a argumentação utilizada para romper com essa medida bizarra, que só existe no Brasil.

Os “muy amigos” que cuidam se si

Foto do site de Lula
Por Fernando Brito, em seu blog:

Há muitos muy amigos do presidente eleito dizendo que “é bobagem” negociar uma PEC afrouxando o Orçamento, para que nele caibam o Bolsa Família de 600 reais, os R$ 150 para as crianças, a recomposição da Farmácia Popular, a merenda escolar, etc…

Todos eles sabem, porém, que reformar o Orçamento, com criação (não simples remanejamento) de despesas não é algo que se possa, como querem eles, feito por Medida Provisória, a ser em até 4 meses aprovada pelo novo Congresso.

Sabendo da natureza do parlamento eleito, certamente em nada diferente da do atual (ou talvez para pior, no dizer clássico de Ulysses Guimarães), não é de esperar que, mesmo com maioria simples, seja mais “barato” alcançar sua aprovação do que, com tudo a negociar – inclusive as presidências da Câmara e do Senado – aprovar agora uma PEC.