Por Paul Krugman, no blog Viomundo:
Vamos que você considere [o primeiro-ministro grego] Tsipras um incompetente desprezível. Que você queira o Syriza fora do poder. Que você dê boas vindas à perspectiva de empurrar os irritantes gregos para fora do euro.
Mesmo que tudo isso seja verdade, a lista de exigências do Eurogrupo é loucura. A hashtag do twitter ThisIsACoup [IssoÉUmGolpe] é exata. A lista é mais que dura, é vingança pura, destruição completa da soberania nacional e sem esperança de alívio. É, presumivelmente, uma oferta para que a Grécia não aceite; ainda assim, é uma traição grotesca de tudo o que o projeto europeu supostamente representava.
Há algo que tire a Europa do precipício? Dizem que Mario Draghi [primeiro-ministro da Itália] está tentando reintroduzir alguma sanidade, que [o presidente francês] Hollande finalmente está demonstrando alguma reação à “economia da moralidade” alemã, que ele fracassou em demonstrar no passado. Mas a maior parte do dano já está feito. Quem vai acreditar nas boas intenções da Alemanha depois disso?
De certa forma, a questão econômica se tornou secundária. Ainda assim, sejamos claros: o que aprendemos nas últimas semanas é que ser membro da zona do euro significa que os credores podem destruir sua economia se você sair da linha. Isso não tem nada a ver com os princípios econômicos da austeridade. É tão certo quanto antes que impor austeridade dura sem alívio da dívida é uma política fracassada independentemente de o país aceitar ou não o sofrimento. Isso significa que mesmo uma completa capitulação da Grécia é uma rua sem saída.
A Grécia conseguirá sair do euro? A Alemanha tentará bloquear uma recuperação econômica? (Desculpem, mas essas são as perguntas que agora precisamos responder).
O projeto europeu — que eu sempre elogiei e apoiei — recebeu um golpe terrível, talvez fatal. O que quer que você pense do Syriza ou da Grécia, não foram os gregos que deram este golpe.
PS1 do Viomundo: De Wolfgang Munchau, no Financial Times:
Ao forçar uma derrota humilhante de Alexis Tsipras, os credores da Grécia fizeram mais que provocar mudança de regime na Grécia ou colocar em risco as relações do país com a zona do euro. Eles destruiram a zona do euro como a concebíamos e demoliram a ideia de uma união monetária como um passo em direção à união política democrática. Ao fazer isso, reverteram às disputas de poder nacionalistas da Europa dos séculos 19 e 20. Eles transformaram a zona do euro num sistema tóxico de câmbio fixo e moeda única, governado pelos interesses da Alemanha, mantido pela ameaça de destituição absoluta daqueles que desafiarem a ordem. A melhor coisa que pode ser dita sobre as negociações do fim de semana é a honestidade brutal daqueles que perpetraram a mudança de regime.
PS2 do Viomundo: Pelos termos do acordo, a Grécia não receberá qualquer alívio em sua dívida e, sob monitoramento da troika, será obrigada a tomar medidas ainda mais duras do que aquelas que rejeitou no referendo, inclusive colocando 50 bilhões de euros em bens públicos sob controle dos credores. É uma forma de “punir” coletivamente a população que votou majoritariamente contra a troika, em outras palavras, de punir a democracia. Abre as portas para a ascensão na Grécia da extrema-direita anti-europeia do partido neonazista Golden Dawn.
Vamos que você considere [o primeiro-ministro grego] Tsipras um incompetente desprezível. Que você queira o Syriza fora do poder. Que você dê boas vindas à perspectiva de empurrar os irritantes gregos para fora do euro.
Mesmo que tudo isso seja verdade, a lista de exigências do Eurogrupo é loucura. A hashtag do twitter ThisIsACoup [IssoÉUmGolpe] é exata. A lista é mais que dura, é vingança pura, destruição completa da soberania nacional e sem esperança de alívio. É, presumivelmente, uma oferta para que a Grécia não aceite; ainda assim, é uma traição grotesca de tudo o que o projeto europeu supostamente representava.
Há algo que tire a Europa do precipício? Dizem que Mario Draghi [primeiro-ministro da Itália] está tentando reintroduzir alguma sanidade, que [o presidente francês] Hollande finalmente está demonstrando alguma reação à “economia da moralidade” alemã, que ele fracassou em demonstrar no passado. Mas a maior parte do dano já está feito. Quem vai acreditar nas boas intenções da Alemanha depois disso?
De certa forma, a questão econômica se tornou secundária. Ainda assim, sejamos claros: o que aprendemos nas últimas semanas é que ser membro da zona do euro significa que os credores podem destruir sua economia se você sair da linha. Isso não tem nada a ver com os princípios econômicos da austeridade. É tão certo quanto antes que impor austeridade dura sem alívio da dívida é uma política fracassada independentemente de o país aceitar ou não o sofrimento. Isso significa que mesmo uma completa capitulação da Grécia é uma rua sem saída.
A Grécia conseguirá sair do euro? A Alemanha tentará bloquear uma recuperação econômica? (Desculpem, mas essas são as perguntas que agora precisamos responder).
O projeto europeu — que eu sempre elogiei e apoiei — recebeu um golpe terrível, talvez fatal. O que quer que você pense do Syriza ou da Grécia, não foram os gregos que deram este golpe.
PS1 do Viomundo: De Wolfgang Munchau, no Financial Times:
Ao forçar uma derrota humilhante de Alexis Tsipras, os credores da Grécia fizeram mais que provocar mudança de regime na Grécia ou colocar em risco as relações do país com a zona do euro. Eles destruiram a zona do euro como a concebíamos e demoliram a ideia de uma união monetária como um passo em direção à união política democrática. Ao fazer isso, reverteram às disputas de poder nacionalistas da Europa dos séculos 19 e 20. Eles transformaram a zona do euro num sistema tóxico de câmbio fixo e moeda única, governado pelos interesses da Alemanha, mantido pela ameaça de destituição absoluta daqueles que desafiarem a ordem. A melhor coisa que pode ser dita sobre as negociações do fim de semana é a honestidade brutal daqueles que perpetraram a mudança de regime.
PS2 do Viomundo: Pelos termos do acordo, a Grécia não receberá qualquer alívio em sua dívida e, sob monitoramento da troika, será obrigada a tomar medidas ainda mais duras do que aquelas que rejeitou no referendo, inclusive colocando 50 bilhões de euros em bens públicos sob controle dos credores. É uma forma de “punir” coletivamente a população que votou majoritariamente contra a troika, em outras palavras, de punir a democracia. Abre as portas para a ascensão na Grécia da extrema-direita anti-europeia do partido neonazista Golden Dawn.
* Artigo publicado originalmente no New York Times.
1 comentários:
Não culpem a Alemanha. Culpem a UE. Todos os países que entraram na UE tinham plena ciência e das consequências ao assinar o acordo e termos da UE. Isso é choro de quem não sabe lidar com seus erros. Se deve, pague para não estourar mais a dívida. Que isso sirva de lição!
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