Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:
A recente pesquisa Ibope que mostrou perda substancial – ainda que menor do que o esperado – de capital eleitoral de Lula contém elementos que revelam quais são os grupos de eleitores que abandonaram Dilma Rousseff, o ex-presidente e o PT. Juntos, esses grupos representam cerca de um terço do eleitorado total que reelegeu a presidente.
Essa pesquisa foi divulgada no sábado, apesar de ter sido realizada na segunda quinzena de junho, e mostrou que Lula seria derrotado por 48% a 33% dos votos totais em um confronto eleitoral com Aécio Neves, e que empataria tecnicamente se o candidato fosse Geraldo Alckmin (40% para o tucano e 39% para o petista).
A estratificação da pesquisa revela quem é o eleitorado que abandonou não apenas Dilma e o PT, mas, também, o dito “lulismo”.
O cientista político Marcus Melo, da UFPE, fez uma análise muito boa da pesquisa e dividiu em dois grupos os eleitores que abandonaram o PT, que chamou de “core voters” e “swing voters”.
Os “core voters” são os eleitores ideológicos, de esquerda, que, nas eleições presidenciais anteriores, votaram no PT por maior identificação e para evitar que o novo grande partido de centro-direita, o PSDB, chegasse ao poder.
Esses eleitores são de classe média e ligados a sindicatos, movimentos sociais e até a partidos de esquerda. São informados politicamente e altamente escolarizados. Porém, são bem menos numerosos que os do segundo grupo.
Esse eleitorado foi fortemente afetado pelas críticas que o governo Dilma sofreu “pela esquerda” e, desiludido, integra o segmento que anularia o voto ou votaria em branco se houvesse nova eleição presidencial.
Os “swing voters” compõem a grande maioria dos eleitores que, segundo a mídia, teriam jogado o governo Dilma, Lula e o PT no “volume morto”. São associados à prática de “swing” (sentido figurado de troca de parceiros) porque não têm fidelidade ideológica; guiam-se, basicamente, pelo bolso.
Os “swing voters” têm pouquíssima informação política e não têm ideologia definida. Esse grupo responde, fundamentalmente, a mudanças para melhor ou para pior no seu bem-estar e abriga os mais temerosos pelo futuro, sobretudo em questões como desemprego e inflação.
No passado recente, esse grupo não havia deixado majoritariamente Dilma, Lula e o PT porque, apesar do medo do futuro, não havia sentido piora considerável em seu bem-estar. Com as medidas do ajuste fiscal, já sente piora e, assim, enfureceu-se ao julgar que as críticas que o governo Dilma sofria tinham fundamento.
Devido à ampla campanha midiática de associação de Lula a Dilma, os “swing voters” passaram a enxergá-los como uma coisa só.
No caso de uma ruptura democrática neste momento (impeachment) ou das eleições de 2018, os “core voters” acabariam votando no PT (sobretudo se o candidato for Lula) a contragosto, para evitar o “mal maior” associado à volta da centro-direita tucana (ou similar) ao poder, mas seriam insuficientes para barrar o candidato do PSDB.
Dessa forma, apesar de os “core voters” estarem enfurecidos com o governo, com Lula e com o PT – ironicamente, graças à propaganda negativa inclusive de setores do próprio PT contra o ajuste fiscal – eles reduziriam a vantagem de Aécio em um confronto direto com Lula neste momento. E, muito provavelmente, caso o candidato do PT fosse outro.
No caso dos “swing voters”, porém, a situação seria mais complicada se houvesse golpe “branco” e fosse convocada nova eleição presidencial neste momento, pois a economia ainda estaria com problemas e, desse modo, o eleitorado volúvel votaria em qualquer um que prometesse evitar os problemas econômicos que teme e/ou que já começa a sentir.
Só para registro, vale refletir que, em caso de o PSDB (ou similar) assumir o poder e não evitar a crise, mesmo atribuindo o problema à “herança maldita do PT” não evitaria o descrédito e o enfurecimento, agora consigo, dos “swing voters”.
Contudo, se o golpe for evitado e a disputa pela Presidência só vier a ocorrer em 2018, a reversão da situação de Lula e do PT é absolutamente factível, dependendo, apenas, de que o Brasil retome um ritmo consistente de crescimento do emprego e da renda a partir de 2017.
O cientista político supracitado considera que é “improvável” que a economia entre nos eixos em um ano e meio. E, apesar de não ter dito, isso se deve ao fato de que, além dos problemas próprios do desequilíbrio entre receita e despesa, há o componente político, que é hoje o tendão de Aquiles da economia.
Os condutores da Operação Lava Jato prometem manter o estardalhaço até a eleição presidencial de 2018. O Congresso, hoje nas mãos da direita, tratará de ir aprovando toda sorte de maluquices – como extensão de reajustes do mínimo para aposentados – de forma a afastar investimentos.
Por outro lado, o governo Dilma trabalha incansavelmente para mostrar aos investidores que fará a “lição de casa” – ou seja, o ajuste fiscal – e que adotará uma política mais receptiva à iniciativa privada.
A postura governamental de aposta no reequilíbrio das contas públicas e de facilitação da vida dos investidores tem grande possibilidade de funcionar, razão pela qual o grupo de Aécio Neves e Eduardo Cunha não quer esperar 2018 e busca derrubar Dilma já, antes que a economia se recupere.
Seja como for, uma coisa é certa: hoje, o PSDB em peso e setores do PMDB fazem oposição ao Brasil. Dependem, basicamente, de que o país não saia da crise para que possam vencer a eleição presidencial de 2018 ou até fazerem o impeachment vingar para realizarem nova eleição enquanto a economia estiver indo mal.
A recente pesquisa Ibope que mostrou perda substancial – ainda que menor do que o esperado – de capital eleitoral de Lula contém elementos que revelam quais são os grupos de eleitores que abandonaram Dilma Rousseff, o ex-presidente e o PT. Juntos, esses grupos representam cerca de um terço do eleitorado total que reelegeu a presidente.
Essa pesquisa foi divulgada no sábado, apesar de ter sido realizada na segunda quinzena de junho, e mostrou que Lula seria derrotado por 48% a 33% dos votos totais em um confronto eleitoral com Aécio Neves, e que empataria tecnicamente se o candidato fosse Geraldo Alckmin (40% para o tucano e 39% para o petista).
A estratificação da pesquisa revela quem é o eleitorado que abandonou não apenas Dilma e o PT, mas, também, o dito “lulismo”.
O cientista político Marcus Melo, da UFPE, fez uma análise muito boa da pesquisa e dividiu em dois grupos os eleitores que abandonaram o PT, que chamou de “core voters” e “swing voters”.
Os “core voters” são os eleitores ideológicos, de esquerda, que, nas eleições presidenciais anteriores, votaram no PT por maior identificação e para evitar que o novo grande partido de centro-direita, o PSDB, chegasse ao poder.
Esses eleitores são de classe média e ligados a sindicatos, movimentos sociais e até a partidos de esquerda. São informados politicamente e altamente escolarizados. Porém, são bem menos numerosos que os do segundo grupo.
Esse eleitorado foi fortemente afetado pelas críticas que o governo Dilma sofreu “pela esquerda” e, desiludido, integra o segmento que anularia o voto ou votaria em branco se houvesse nova eleição presidencial.
Os “swing voters” compõem a grande maioria dos eleitores que, segundo a mídia, teriam jogado o governo Dilma, Lula e o PT no “volume morto”. São associados à prática de “swing” (sentido figurado de troca de parceiros) porque não têm fidelidade ideológica; guiam-se, basicamente, pelo bolso.
Os “swing voters” têm pouquíssima informação política e não têm ideologia definida. Esse grupo responde, fundamentalmente, a mudanças para melhor ou para pior no seu bem-estar e abriga os mais temerosos pelo futuro, sobretudo em questões como desemprego e inflação.
No passado recente, esse grupo não havia deixado majoritariamente Dilma, Lula e o PT porque, apesar do medo do futuro, não havia sentido piora considerável em seu bem-estar. Com as medidas do ajuste fiscal, já sente piora e, assim, enfureceu-se ao julgar que as críticas que o governo Dilma sofria tinham fundamento.
Devido à ampla campanha midiática de associação de Lula a Dilma, os “swing voters” passaram a enxergá-los como uma coisa só.
No caso de uma ruptura democrática neste momento (impeachment) ou das eleições de 2018, os “core voters” acabariam votando no PT (sobretudo se o candidato for Lula) a contragosto, para evitar o “mal maior” associado à volta da centro-direita tucana (ou similar) ao poder, mas seriam insuficientes para barrar o candidato do PSDB.
Dessa forma, apesar de os “core voters” estarem enfurecidos com o governo, com Lula e com o PT – ironicamente, graças à propaganda negativa inclusive de setores do próprio PT contra o ajuste fiscal – eles reduziriam a vantagem de Aécio em um confronto direto com Lula neste momento. E, muito provavelmente, caso o candidato do PT fosse outro.
No caso dos “swing voters”, porém, a situação seria mais complicada se houvesse golpe “branco” e fosse convocada nova eleição presidencial neste momento, pois a economia ainda estaria com problemas e, desse modo, o eleitorado volúvel votaria em qualquer um que prometesse evitar os problemas econômicos que teme e/ou que já começa a sentir.
Só para registro, vale refletir que, em caso de o PSDB (ou similar) assumir o poder e não evitar a crise, mesmo atribuindo o problema à “herança maldita do PT” não evitaria o descrédito e o enfurecimento, agora consigo, dos “swing voters”.
Contudo, se o golpe for evitado e a disputa pela Presidência só vier a ocorrer em 2018, a reversão da situação de Lula e do PT é absolutamente factível, dependendo, apenas, de que o Brasil retome um ritmo consistente de crescimento do emprego e da renda a partir de 2017.
O cientista político supracitado considera que é “improvável” que a economia entre nos eixos em um ano e meio. E, apesar de não ter dito, isso se deve ao fato de que, além dos problemas próprios do desequilíbrio entre receita e despesa, há o componente político, que é hoje o tendão de Aquiles da economia.
Os condutores da Operação Lava Jato prometem manter o estardalhaço até a eleição presidencial de 2018. O Congresso, hoje nas mãos da direita, tratará de ir aprovando toda sorte de maluquices – como extensão de reajustes do mínimo para aposentados – de forma a afastar investimentos.
Por outro lado, o governo Dilma trabalha incansavelmente para mostrar aos investidores que fará a “lição de casa” – ou seja, o ajuste fiscal – e que adotará uma política mais receptiva à iniciativa privada.
A postura governamental de aposta no reequilíbrio das contas públicas e de facilitação da vida dos investidores tem grande possibilidade de funcionar, razão pela qual o grupo de Aécio Neves e Eduardo Cunha não quer esperar 2018 e busca derrubar Dilma já, antes que a economia se recupere.
Seja como for, uma coisa é certa: hoje, o PSDB em peso e setores do PMDB fazem oposição ao Brasil. Dependem, basicamente, de que o país não saia da crise para que possam vencer a eleição presidencial de 2018 ou até fazerem o impeachment vingar para realizarem nova eleição enquanto a economia estiver indo mal.
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