sábado, 21 de setembro de 2019
O autoritarismo de quem fala mais alto
Por Jason de Lima e Silva, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:
Já não há como ficar em cima do muro. O insuportável tem nome e sobrenome. Teve urna também. E a utopia da farda, autoritarismo, o reino de Salomão, nada disso salvou o país de coisa alguma, apenas deixou mais claro as suas contradições.
O que nos ensina muita coisa sobre essa terra tão bela e extensa, que já tem, como dizia Villa-Lobos em 1951, “a forma geográfica de um coração”.
Primeiro, há um esquecimento estratégico de sua história. Negar ter havido ditadura, por exemplo, é repetir a obrigação profissional do protagonista de 1984: incinerar os documentos e toda a verdade que pudesse desmoronar o poder estabelecido.
O que nos ensina muita coisa sobre essa terra tão bela e extensa, que já tem, como dizia Villa-Lobos em 1951, “a forma geográfica de um coração”.
Primeiro, há um esquecimento estratégico de sua história. Negar ter havido ditadura, por exemplo, é repetir a obrigação profissional do protagonista de 1984: incinerar os documentos e toda a verdade que pudesse desmoronar o poder estabelecido.
O dia em que entrevistei Lula na prisão
Foto: Ricardo Stuckert |
Hoje foi um dia bem diferente dos demais do ponto de vista profissional. Eu não passei a noite ansioso, não acordei nervoso, não deu dor de barriga na hora de preparar as perguntas. Nada disso. Mas eu estava meio embaralhado, meio angustiado e até mais triste do que feliz.
Eu acordei umas 6h da manhã para ir à entrevista do presidente Lula. Não é exatamente uma novidade para mim entrevistá-lo. Nunca contei as vezes que o fiz, mas certamente já devem estar perto de 10. Se for contar as pequenas entrevistas, talvez mais de 20 ou 30.
Eu acordei umas 6h da manhã para ir à entrevista do presidente Lula. Não é exatamente uma novidade para mim entrevistá-lo. Nunca contei as vezes que o fiz, mas certamente já devem estar perto de 10. Se for contar as pequenas entrevistas, talvez mais de 20 ou 30.
Bacurau: um manifesto revolucionário
Imagem do Facebook: Bacurau |
Bacurau é uma distopia cinematográfica extremamente realista. Com pequenas exceções, o recado em Bacurau é direto, sem rodeios ou surrealismos exageradamente metafóricos. Por mais que Kleber Mendonça diga que não quer passar mensagem alguma com seu novo filme, em parceria com Juliano Dorneles, as imagens e o roteiro que saltam aos nossos olhos, com fotografia, edição, trilha sonora e atuações impecáveis, não deixam dúvidas: Bacurau é um manifesto de amor pelo Nordeste, pelo Brasil e, sobretudo, pela libertação nacional.
Bolsonaro vai a ONU contradizer o mundo
Por Fernando Brito, em seu blog:
Por todo o mundo, hoje, multidões se mobilizam contra as mudanças climáticas provocadas pela ação humana.
Até na CNN noticia-se que a questão ganhou tanto peso que "trabalhadores e investidores estão forçando as empresas a agir” sobre a questão, como se viu ontem quando fundos de investimento cobram providências do Brasil sobre as queimadas na Amazônia.
Na terça-feira, Jair Bolsonaro vai à ONU, entrar na contramão disso.
Vai aproveitar uma “belíssima” chance de tornar nosso país mais discriminado perante a comunidade internacional.
Por todo o mundo, hoje, multidões se mobilizam contra as mudanças climáticas provocadas pela ação humana.
Até na CNN noticia-se que a questão ganhou tanto peso que "trabalhadores e investidores estão forçando as empresas a agir” sobre a questão, como se viu ontem quando fundos de investimento cobram providências do Brasil sobre as queimadas na Amazônia.
Na terça-feira, Jair Bolsonaro vai à ONU, entrar na contramão disso.
Vai aproveitar uma “belíssima” chance de tornar nosso país mais discriminado perante a comunidade internacional.
Lula não pode ser solto
Por Tarso Genro, no site Sul-21:
“O mais encoberto
tornou-se o mais manifesto,
todos os velhos
paradoxos do devir reaparecerão
numa nova juventude –
transmutação.”
Deleuze
As formas e o discurso da opressão mudam em cada ciclo da História, mas tem na transmutação a sua permanência essencial. O Promotor que pediu a condenação de Antonio Gramsci disse ao Tribunal Fascista que o julgava, algo como: “façam este cérebro parar de pensar por 20 anos!” O acusador de Nelson Mandela, no Tribunal do “apartheid” pediu ao Juiz – branco e fascista – mais ou menos isso:
“matem esse homem!” Os Promotores da República de Curitiba e o Juiz Moro acertaram na surdina, talvez o seguinte: “vamos tirar Lula da corrida, para que seja Presidente qualquer um, menos ele.” Dizem que “Che” falou ao seu carrasco: “aponta bem, vais matar um Homem!” Cada vítima com seu algoz, cada algoz preparando sua infinita pequenez perante a História, ao deparar-se com indivíduos bem maiores do que ele.
“O mais encoberto
tornou-se o mais manifesto,
todos os velhos
paradoxos do devir reaparecerão
numa nova juventude –
transmutação.”
Deleuze
As formas e o discurso da opressão mudam em cada ciclo da História, mas tem na transmutação a sua permanência essencial. O Promotor que pediu a condenação de Antonio Gramsci disse ao Tribunal Fascista que o julgava, algo como: “façam este cérebro parar de pensar por 20 anos!” O acusador de Nelson Mandela, no Tribunal do “apartheid” pediu ao Juiz – branco e fascista – mais ou menos isso:
“matem esse homem!” Os Promotores da República de Curitiba e o Juiz Moro acertaram na surdina, talvez o seguinte: “vamos tirar Lula da corrida, para que seja Presidente qualquer um, menos ele.” Dizem que “Che” falou ao seu carrasco: “aponta bem, vais matar um Homem!” Cada vítima com seu algoz, cada algoz preparando sua infinita pequenez perante a História, ao deparar-se com indivíduos bem maiores do que ele.
Internet: liberdade é controle
Por Rafael Evangelista, no site Outras Palavras:
Duas palavras vêm permeando o debate sobre o futuro – em grande medida, o presente – da democracia frente ao domínio das grandes plataformas: desordem e desinformação. Grandes conglomerados como Google/Alphabet [1] e Facebook já extrapolaram, faz muito tempo, seu papel como simples empresas de tecnologia – ainda que isso nada tenha de simples. Tornaram-se gigantescos grupos de mídia, de informação e comunicação, responsáveis maiores pelo acesso filtrado do globo ao sistema de notícias e de conhecimento, ao contato que temos com a realidade do mundo para além de nossas experiências pessoais.
Duas palavras vêm permeando o debate sobre o futuro – em grande medida, o presente – da democracia frente ao domínio das grandes plataformas: desordem e desinformação. Grandes conglomerados como Google/Alphabet [1] e Facebook já extrapolaram, faz muito tempo, seu papel como simples empresas de tecnologia – ainda que isso nada tenha de simples. Tornaram-se gigantescos grupos de mídia, de informação e comunicação, responsáveis maiores pelo acesso filtrado do globo ao sistema de notícias e de conhecimento, ao contato que temos com a realidade do mundo para além de nossas experiências pessoais.
sexta-feira, 20 de setembro de 2019
A omissão diante da necropolítica de Witzel
Por Bepe Damasco, em seu blog:
Somando-se a outras ações anteriores desta natureza macabra, nesta quarta-feira, 18 de setembro, a polícia aérea de Witzel atacou a tiros a favela do Complexo do Alemão. Na véspera, o alvo foram os moradores do Jacarezinho.
É isso mesmo, então?
O governador genocida do Rio manda sua política atirar na cabeça do povo pobre das favelas e permanece no cargo como se nada estivesse acontecendo?
Até quando pessoas ditas de bem seguirão naturalizando o extermínio dos mais humildes?
Somando-se a outras ações anteriores desta natureza macabra, nesta quarta-feira, 18 de setembro, a polícia aérea de Witzel atacou a tiros a favela do Complexo do Alemão. Na véspera, o alvo foram os moradores do Jacarezinho.
É isso mesmo, então?
O governador genocida do Rio manda sua política atirar na cabeça do povo pobre das favelas e permanece no cargo como se nada estivesse acontecendo?
Até quando pessoas ditas de bem seguirão naturalizando o extermínio dos mais humildes?
O atraso no debate macroeconômico
Por Paulo Nogueira Batista Jr., na revista CartaCapital:
Volto a invocar Aristóteles. A virtude está no meio, dizia ele – preceito que eu, quando mais jovem, considerava um tédio total. E ainda considero. Devo reconhecer, entretanto, que o preceito pode ter alguma utilidade prática.
Considere, leitor, o debate sobre política fiscal e contas públicas, que se tornou novamente muito agudo no Brasil. Os economistas de esquerda ou centro-esquerda, também chamados de “heterodoxos”, têm uma certa tendência a subestimar a importância da restrição fiscal.
Considere, leitor, o debate sobre política fiscal e contas públicas, que se tornou novamente muito agudo no Brasil. Os economistas de esquerda ou centro-esquerda, também chamados de “heterodoxos”, têm uma certa tendência a subestimar a importância da restrição fiscal.
Um Brasil apequenado na ONU
Editorial do site Vermelho:
Um país muito maior do que o seu presidente. Essa é a constatação óbvia do que estará presente no discurso do presidente Jair Bolsonaro na abertura da 74ª Assembleia Geral das Nações Unidas, no dia 24 em Nova York. Por tradição, cabe ao Brasil ser o primeiro a se pronunciar no evento. No período recente, o país se destacou pela contundência e consistência das falas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Um país muito maior do que o seu presidente. Essa é a constatação óbvia do que estará presente no discurso do presidente Jair Bolsonaro na abertura da 74ª Assembleia Geral das Nações Unidas, no dia 24 em Nova York. Por tradição, cabe ao Brasil ser o primeiro a se pronunciar no evento. No período recente, o país se destacou pela contundência e consistência das falas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
quinta-feira, 19 de setembro de 2019
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