“Tucaninhos” querem ressuscitar PSDB

Por Altamiro Borges

Apesar das intrigas e disputas de bastidores entre os seguidores de José Serra e Aécio Neves, os tucaninhos decidiram concentrar suas energias na tentativa de “ressuscitar” o PSDB, que está rachado e mal das pernas. Esta parece ter sido a tônica do Congresso Nacional da Juventude da Social Democracia Brasileira, que reúne cerca de 1,5 mil jovens em Goiânia (GO).


A constatação de que a sigla está em crise foi feita pelo próprio Aécio Neves. Em seu discurso, ele “disse que é preciso ‘refundar’ o PSDB, e ‘confrontar’ o legado dos tucanos no governo do ex-presidente FHC com o que se faz no momento. ‘Este congresso tem o sentido de mostrar que o PSDB tem todas as condições de refundar-se e de renovar o seu discurso’, disse”, relata o Estadão.

Militância e fisionomia própria

Confirmando que o senador mineiro conquistou a maioria entre as comissões juvenis do partido, vários tucaninhos repetiram seu discurso. “Estamos nos mobilizando para defender a reestruturação do PSDB, e para fazer um contraponto ao governo que aí está e resgatar o nosso legado que tornou o Brasil um país melhor”, disse Marcelo Richa, presidente nacional do PSDB jovem.

Para ressuscitar o partido, os jovens tucanos decidiram intensificar sua militância e assumir de vez sua fisionomia. “As definições, como direita e esquerda, nunca pesaram tanto no Brasil como agora”, afirmou Wesley Borges, da Juventude do PSDB do Distrito Federal. O plano aprovado pelos congressistas prevê caravanas de visitas ao estado e maior investimento das redes sociais.

Operação-abafa no congresso

Empolgado com o evento, o Estadão festejou: “Os tucaninhos revelaram que por meio da harmonia o partido caminhará unido na disputa pela sucessão municipal, do ano que vem, e na sucessão presidencial, em 2014”. Eles só precisam garantir esta “unidade” entre os caciques do PSDB. É difícil colocar numa mesma sala Aécio, Serra e Alckmin. As penas voam para todos os lados.

As divergências no ninho tucano até que foram abafadas no Congresso da Juventude do PSDB, mas elas existem e são profundas. Num texto mais jornalístico e menos militante do que o Estadão, a repórter Vera Magalhães, da Folha, registrou as divisões que castigam a legenda tucana – que já foi a maior do país e que hoje está definhando.

“Os organizadores do evento procuraram evitar a todo custo que a polarização entre os dois [Aécio e Serra], que marcou os dias que antecederam o encontro, se manifestasse em gritos de guerra ou vaias. A preocupação chegou ao ponto de se pedir que os militantes não gritassem nomes de pré-candidatos. ‘A juventude já decidiu/ quer um tucano presidente do Brasil’, dizia o slogan oficial”.